Economia

Balança comercial de Minas Gerais tem superávit recorde no 1° quadrimestre

No 1º quadrimestre, as exportações avançaram 8,8% e as importações mantiveram-se estáveis, com elevação de 0,8%
Balança comercial de Minas Gerais tem superávit recorde no 1° quadrimestre
O acumulado de 2024 apresentou elevação de 27,6% nas exportações de minério de ferro | Crédito: Reprodução / AdobeStock

O saldo da balança comercial de Minas Gerais voltou a registrar novo recorde no primeiro quadrimestre, com US$ 8,5 bilhões. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic), no acumulado de janeiro a abril de 2024, as exportações do Estado apresentaram alta de 8,8% e as importações mantiveram-se estáveis, com elevação 0,8% na comparação com o primeiro quadrimestre de 2023. Em igual período do ano passado, o superávit contabilizado foi de US$ 7,4 bilhões.

O desempenho positivo, segundo especialistas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, é fruto do desempenho de dois produtos relevantes da pauta exportadora mineira: minério de ferro e café. E a perspectiva, mantidas as condições atuais do mercado externo, é que o saldo mineiro mantenha resultado positivo. “Hoje, o cenário é favorável”, diz a analista de negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Verônica Winter.

O pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP), Lúcio Barbosa, observa que na comparação com as exportações dos quatro primeiros meses de 2023, o acumulado de 2024 apresentou elevação de 27,6% nas exportações de minério de ferro. A commodity foi responsável por 36% da pauta mineira.

Nas importações do Estado, o ligeiro aumento de 0,8% foi resultado da queda das compras de combustíveis minerais e produtos químicos frente ao aumento das importações de máquinas e equipamentos mecânicos, máquinas e equipamentos elétricos e veículos automóveis.

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O professor de economia do Ibmec Brasília, Renan Silva, explica que o resultado da balança comercial de Minas Gerais é fruto da melhora parcial no preço das commodities e da pressão na taxa de câmbio.  Ele observa que outro fator que tem impacto nas exportações do Estado é o desempenho econômico da China, que é o principal destino das vendas internacionais do Estado.

O país asiático teve aumento de participação no valor total dos embarques, já que saltou de 40,9% em abril de 2023 para 42,6% no mesmo mês deste ano. O mesmo aconteceu com os Estados Unidos, cuja participação foi de 6,5% em abril de 2023 para 8,5% em abril de 2024.

De acordo com dados do órgão oficial de estatísticas da China, a economia do País surpreendeu as expectativas do mercado e registrou um crescimento de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do exercício passado. A expansão superou a projeção do mercado, de cerca de 4,6%. O país asiático tem como meta o crescimento econômico anual de 5% para 2024, resultado próximo do contabilizado em 2023 (5,2%).

No que se refere às importações mineiras, China e Argentina foram as principais origens, com participação de 22,6% e 15,4%, respectivamente, conforme dados disponíveis no Painel Interativo de Comércio Internacional de Minas Gerais, da FJP.

No País, o saldo comercial acumulado nos quatro primeiros meses do ano foi de US$ 27,736 bilhões, 17,7% maior que o observado no mesmo período de 2023. O desempenho foi resultado de exportações de US$ 108,849 bilhões e importações de US$ 81,114 bilhões.

Considerando apenas abril deste ano, o superávit da balança comercial de Minas Gerais atingiu US$ 2 bilhões, com as exportações alcançando US$ 3,3 bilhões e importações de US$ 1,3 bilhão. O Estado se posicionou como o terceiro maior exportador do País, com participação de 10,9% dos embarques, atrás de São Paulo (17,9%) e do Rio de Janeiro (11,5%).

Desempenho abril – Conforme dados da FJP, com exceção das exportações de café e carnes, que cresceram, respectivamente, 58,4% e 41,6% no quarto mês de 2024 em relação ao mesmo mês do ano anterior, os outros três principais produtos exportados registraram queda nesta mesma base de comparação: minério de ferro (-0,7%), soja (-2,9%) e ferro fundido, ferro e aço (-7,4%). Juntos, esses cinco produtos corresponderam a mais de 70% da pauta de exportações do mês, com destaque para a participação do minério de ferro (31,6%).

Nesse mesmo recorte, o aumento das importações foi resultado do crescimento das aquisições de veículos automóveis (52,6%), máquinas e equipamentos mecânicos (15,1%), plásticos e suas obras (61,9%) e instrumentos e aparelhos de óptica (27,3%). Apenas as importações de máquinas e equipamentos elétricos registraram queda (1,1%). Esses cinco produtos alcançaram quase 60% do valor total das importações mineiras em abril deste ano.

Em igual mês, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 9,041 bilhões. O saldo foi 13,7% mais forte do que os US$ 8 bilhões de superávit registrados em abril de 2023.

Perspectiva nacional – Em abril, o governo revisou para baixo a projeção de superávit comercial do Brasil para este ano. A estimativa caiu de US$ 94,4 bilhões para US$ 73,5 bilhões, queda de 25,7% em relação a 2023. A próxima projeção será divulgada em julho.

As previsões estão mais pessimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central (BC), projeta superávit de US$ 79,75 bilhões neste ano.

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