Balança comercial do País é recorde em 2021

Brasília – Após encerrar 2021 com saldo positivo recorde de US$ 61 bilhões, a balança comercial brasileira deve seguir movimento de melhora em 2022 e acumular resultado positivo de US$ 79,4 bilhões, mostrou projeção do Ministério da Economia apresentada ontem.
O secretário de Comércio Exterior do ministério, Lucas Ferraz, disse que as estimativas ainda têm alto grau de incerteza devido aos riscos associados a eventual nova onda de Covid-19, possibilidade que não está contemplada no cenário-base da pasta.
De acordo com os dados da pasta, haverá aumento de 1,4% nas exportações neste ano em relação a 2021, a US$ 284,3 bilhões, enquanto as importações devem cair 6,6%, a US$ 204,9 bilhões. O saldo comercial previsto para o ano, de US$ 79,4 bilhões, representaria uma alta de 30,1% em relação a 2021 se confirmado. A corrente de comércio, por sua vez, teria recuo de 2,1%, indo a US$ 489,2 bilhões.
Segundo Ferraz, os preços das commodities devem ficar em patamar um pouco mais baixo em 2022, mas a safra de grãos será recorde, de 291,1 milhões de toneladas. Para ele, haverá uma recuperação do setor de serviços e do mercado de trabalho. “Após forte recuperação em 2021, a economia global volta gradualmente à normalidade e esperamos taxas de crescimento mais próximas de níveis pré-pandemia”, disse.
Recordes – O saldo comercial de 2021 foi o melhor da série histórica iniciada em 1989, embora tenha vindo abaixo do valor projetado pelo governo. A expectativa mais recente da pasta, divulgada em outubro, indicava superávit comercial de US$ 70,9 bilhões no ano. Ainda assim, o resultado do ano passado foi 21,1% melhor do que o observado em 2020, quando o superávit ficou em US$ 50,393 bilhões.
Em ano marcado por forte recuperação da atividade mundial após arrefecimento da pandemia de Covid-19 e aumento de preços das commodities, as exportações brasileiras também registraram recorde, totalizando US$ 280,4 bilhões, melhor resultado da série histórica e 34% acima de 2020. Nas vendas ao exterior, o dado foi impulsionado por um crescimento médio de 28,3% nos preços e 3,5% nas quantidades comercializadas. As exportações foram impulsionadas por saltos de 62,4% no valor das vendas da indústria extrativa, 26,3% da indústria de transformação e 22,2% da agropecuária.
No recorte por destino, a China representou 32% da participação nas exportações brasileiras, crescimento de 28% nas médias diárias do ano. Com uma alta de 44,9%, as vendas aos Estados Unidos representaram 11,1% do total exportado no ano. Houve ainda crescimento de 50% nas vendas para a América do Sul (12,1% de participação) e de 29,4% para a Europa (17,2% de participação). As importações cresceram 38,2% no ano, a US$ 219,4 bilhões. O dado apresentou alta de 14,2% pela média de preços e de 21,8% nas quantidades. Como resultado, a corrente de comércio –soma das exportações e importações– atingiu US$ 499,8 bilhões, também recorde e 35,8% acima do ano anterior.
O secretário de Comércio Exterior explicou que houve discrepância nas projeções do governo para o dado de 2021 por causa de uma surpresa pelo lado das importações, que encerraram o ano com volume 4,4% acima do esperado. Por isso, segundo ele, houve uma diferença mais expressiva entre a previsão e o dado final para a balança do ano.
Apenas em dezembro as importações somaram US$ 20,4 bilhões, alta de 24,4% sobre o mesmo mês de 2020, enquanto as exportações totalizaram US$ 24,4 bilhões, 26,3% acima do observado na mesma base de comparação.
Assim, o saldo comercial ficou positivo em US$ 3,9 bilhões no mês passado, melhor do que as projeções de mercado. Pesquisa da Reuters com economistas apontava expectativa de saldo negativo de US$ 1,2 bilhão para o período.
Ouça a rádio de Minas