Bandeira amarela na conta de energia puxa alta do IPCA-15 na RMBH

Impactado principalmente pela bandeira amarela na energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) apresentou avanço de 0,25% em julho frente ao mês anterior. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação registrada na região ficou abaixo da média nacional (0,30%).
Porém, quando comparada com o acumulado do ano e nos últimos 12 meses, a inflação da RMBH está acima da média nacional e é a maior entre as áreas analisadas. Economistas avaliam que um movimento diferente na região e como o índice nacional deve impactar a taxa de juros, a Selic.
Dentre os nove grupos de produtos e serviços analisados, seis apresentaram alta, com destaque para Habitação, com variação positiva de 1,13% no período. Em seguida, vieram Transportes (1,09%); Despesas Pessoais (0,46%); Saúde e Cuidados Pessoais (0,29%); Educação (0,19%) e Comunicação (0,18%).
Outros três grupos registraram deflação na RMBH, entre eles, o de Alimentação e Bebidas (-0,89%), tradicionalmente um grupo que impulsiona o IPCA-15 para cima, e os de Vestuário (-0,43%) e Artigos de residência (-0,31%).
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A inflação do grupo Habitação foi influenciada pelo aumento de 3,40% na energia elétrica residencial e gerou um impacto de 0,15 ponto percentual (p.p.) no índice. Este foi o maior impacto individual do levantamento.
No mês de julho, o governo federal acionou a bandeira amarela na conta de energia pela primeira vez desde abril de 2022, devido à previsão de chuvas abaixo da média para os próximos meses. Além disso, o custo da energia já havia aumentado anteriormente pelo Reajuste Tarifário Anual (RTA) – de 6,7% – aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e válido a partir do dia 28 de maio.
Em Transportes, os preços da passagem aérea subiram 21,3%, em média, e impactou o indicador geral em 0,08 p.p.. Os aumentos no custo do ônibus interestadual (8,99%), seguro voluntário de veículo (7,64%) e da gasolina (1,50%) também contribuíram para a elevação dos preços do grupo.
Ao considerar apenas o grupo de Alimentação e Bebidas, os principais destaques foram as quedas do mamão (-27,57%), cenoura (-26%), tomate (-24,86%) e melancia (-23,32%). Do lado das altas, o destaque foi para o aumento de 0,81% no preço do lanche.
Acima da média nacional
O IBGE também indicou que a RMBH apresentou variação positiva de 4,05% no acumulado do ano, a maior variação do IPCA-15 entre todas as áreas pesquisadas. Os destaques foram as elevações nos grupos de Educação (6,56%); Alimentação e Bebidas (4,95%) e Habitação (4,88%). Nenhum grupo apresentou deflação no período. O resultado está bem acima da média do País, de 2,82% em 2024.
O IPCA-15 da região metropolitana também subiu 5,27% nos últimos 12 meses. Assim como no acumulado do ano, foi a maior variação entre as áreas analisadas. O resultado do Estado novamente ficou acima da média nacional de 4,45% no período.
Custos habitacionais pesam
Para o economista Gabriel Ivo, diferente das maiores regiões metropolitanas do País, há um crescimento da população nos municípios da RMBH, que impulsiona os custos habitacionais e contribui para o IPCA-15 da região ser o maior entre as áreas da pesquisa. “Começa a ter uma construção civil mais pujante, muita casa sendo derrubada e construtoras criando edifícios em BH e, na RMBH, muitos condomínios, que vêm atraindo pessoas. Então, esse custo vai aumentando”, disse.
Com a maior demanda nas cidades ao redor de Belo Horizonte, o mercado imobiliário opta por empreendimentos de alto padrão na própria Capital, o que aumenta os preços em geral. “As pessoas começam a procurar as regiões mais próximas, optam por qualidade de vida, só que, também, para atrair pessoas para BH, as construtoras fazem outro jogo: construir prédio mais luxuoso”, aponta Ivo. “Só que tem custo, não é barato. E aí, o preço da habitação sobe, os aluguéis também. Está tudo mais caro”, analisa.
Já a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitoria, avalia que o IPCA-15 atual ainda não demande uma subida da taxa de juros (Selic) pelo Banco Central, mas que a Selic deve se manter em patamar alto por mais tempo.
“O risco no cenário atual voltou a ser uma eventual elevação nos juros, caso o governo mantenha o patamar de expansão fiscal, que vem impactando tanto a taxa de câmbio, devido à percepção de maior risco pelos investidores, como estimulando a demanda em um ambiente de crescimento do PIB próximo do potencial”, declarou.
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