Economia

Bandeira amarela na tarifa de energia vai impactar setor produtivo

Fiemg estima que custo de energia acumulado nos últimos meses será acima de 10% e desafia desempenho de setores econômicos
Atualizado em 3 de julho de 2024 • 15:30
Bandeira amarela na tarifa de energia vai impactar setor produtivo
Foto: Reprodução Adobe Stock

A adoção da bandeira tarifária amarela anunciada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai onerar ainda mais o setor produtivo em Minas Gerais, que já foi impactado por reajuste médio de 8,63% na conta de luz no final de maio. Indústria e comércio compreendem a necessidade da mudança, mas avaliam esse que é mais um custo em um cenário de elevação geral das despesas operacionais.

Com um impacto previsto de 2,6% na tarifa, segundo estimativa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o custo de energia acumulado nos últimos meses será acima de 10% e desafia o desempenho dos setores econômicos. No final de maio, a Aneel definiu Reajuste Tarifário Anual (RTA) de 8,63% para consumidores de alta tensão na conta de luz da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

“A bandeira amarela é necessária porque é sinalização do setor das condições hidrológicas e aumento do consumo estimado para o próximo mês, mas realmente vai ser um impacto muito expressivo nas contas”, afirma o consultor da Gerência de Energia da Fiemg, Sérgio Pataca.

Ele afirma que o setor industrial sentirá o impacto no custo produtivo e pode repassar a alta nos preços dos produtos, o que pode gerar pressão inflacionária. “O impacto em si é baixo, temporário, mas sendo contínuo, é um pouco mais problemático”, declara Pataca. “O setor industrial, em curto prazo, não se preocupa muito, mas tem que acompanhar o regime hidrológico, porque da bandeira amarela para a mais alta é um pulo”, completa.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


A diretora-presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Marisete Pereira, explica que a perspectiva de Energia Natural Afluente (ENA), a produção de energia de um sistema hidrelétrico pela vazão natural do reservatório, está inferior este ano em relação a 2023. “Previsões do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam que afluências da região Norte serão mais afetadas – usinas do rio Madeira e Belo Monte. Isso faz com que o nível de armazenamento do Sudeste termina afetado”, disse.

As previsões são atualizadas pelo acompanhamento constante do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Marisete Pereira ressalta que as próximas avaliações do cenário hidrológico serão entre agosto e setembro e ainda é cedo para falar em situação mais grave.

Mudança no acionamento da bandeira amarela é maturidade do setor

O professor do curso de engenharia elétrica da UNA, Pablo Roberto Julião, explica que uma mudança recente na legislação faz com que a Aneel acione bandeiras tarifárias pela previsão de redução das chuvas, em vez da redução de fato dos reservatórios das hidrelétricas. “Do ponto de vista de gestão energética, demonstra maturidade do setor, mas obviamente do ponto de vista do consumidor, não é nada animador”, comenta.

A previsão da agência é de chuvas cerca de 50% menores que o normal no segundo semestre e temperaturas acima da média no inverno, o que levará ao acionamento de aparelhos para amenizar o ambiente e aumentará o consumo.

Julião afirma que as duas previsões são indicadores de atenção e aconselha o setor produtivo a buscar alternativas ao fornecimento de energia, como a solar. “É importante ficar antenado e buscar alternativas, principalmente o empresário, para ter previsibilidade orçamentária, saber quanto vai gastar e não sofrer tanto com essas variações”, pontua.

O superintendente da Associação de Lojistas de Shopping Center do Estado de Minas Gerais (Aloshopping/MG), Marcelo Silveira, destacou que a bandeira amarela vem no momento que o comércio é desafiado com altas dos custos de locação e concorrência do e-commerce. “Todos os empresários quase estão lutando para gerar reduções de custos, tentar manter os negócios. Qualquer aumento é prejudicial para o setor e pesa negativamente, apesar de não ser aparentemente significativo”, declara.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas