Economia

Bares e restaurantes enfrentam dificuldades para pagar salários

Bares e restaurantes enfrentam dificuldades para pagar salários
Conforme dados da Abrasel-MG, 30 mil pessoas perderam os empregos em bares e restaurantes de Minas | Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

Gabriela Sales

Aproximadamente 58% dos empresários do setor de bares e restaurantes de Minas Gerais alegam ter problemas para pagar integralmente os salários de abril vencidos no quinto dia útil de maio. A pesquisa foi realizada pela Associação de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG).

Entre os principais motivos, de acordo com a pesquisa, estão as restrições no funcionamento das empresas, impostas pelas prefeituras e governo do Estado para tentar conter o avanço da Covid-19. Segundo a Abrasel-MG, os empresários alegam que houve queda no faturamento, o que impede os proprietários de arcarem com os compromissos financeiros.

O presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel, afirma que 56% dos bares e restaurantes são obrigados, por exemplo, a fechar às 19h para cumprir as regras sanitárias atuais, em vigor na grande maioria dos 853 municípios de Minas. “A liberação do funcionamento até às 19h é irrisória, principalmente para um segmento que precisa funcionar à noite. O horário noturno é responsável por 70% das nossas receitas. Com isso, estamos faturando menos de 40% em relação ao que arrecadamos antes da pandemia”, revela.

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Apesar do indicador alto, o setor teve uma melhora se comparada ao mês de março, quando todos os empresários tiveram que fechar as portas e as folhas de pagamentos ficaram comprometidas. “Não tivemos de onde tirar recurso. Cerca de 90% dos empresários não tinham como pagar. Nossos funcionários dependem do salário para colocar comida na mesa, e isso é desesperador”, desabafa.

Conforme dados da Abrasel-MG, 30 mil pessoas perderam os empregos no setor de bares e restaurantes em Minas Gerais. “Após esse período de abre e fecha, mesmo com restrições, o setor começa a empregar, mas ainda de maneira lenta. Acreditamos que quando voltarmos a total normalidade, as contratações aqueçam novamente”, disse Matheus.

Segundo Matheus Daniel, a saúde financeira das empresas de alimentação pode ser aliviada através das linhas de crédito. “O alto endividamento e a luta para nos mantermos respirando tornam gigantesca a necessidade de crédito emergencial barato e rápido. Prova disso é que três a cada quatro empresários ouvidos na pesquisa recorreriam ao Pronampe neste momento, se ele fosse reaberto. É preciso destravá-lo, e a burocracia do governo federal é grande demais”, reforçou.

Em nota ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que “A reunião de hoje (ontem) foi para tratar especificamente sobre o setor de eventos. Na quarta-feira (2), um grupo de pessoas representando o setor irá se reunir com o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 para debater critérios de abertura da atividade. É importante destacar que a Prefeitura sempre esteve aberta ao diálogo e esse será mais um encontro para ouvir o setor e discutir alternativas”.

A Abrasel-MG disse que apresentou uma proposta para a PBH. Atualmente o setor pode funcionar de 11h às 19h. A categoria pede que o horário seja fracionado, sendo de 11h às 15h para restaurantes e 18h às 22h para bares. A prefeitura ficou de estudar a proposta, mas não deu prazo para a resposta.

MP 1.045 – Para amenizar a situação dos empresários de vários segmentos de todo o País, o governo federal publicou a Medida Provisória 1.045, em que prevê alguns auxílios para os empregados durante a pandemia.

Entre os benefícios está a suspensão temporária do contrato de trabalho e pagamento de Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. “Esses pagamentos de parte do salário pelo governo federal ajuda muito porque minimizam os custos da empresa que sofreu muito tempo fechada, mas não é tudo, ajuda”, reforça o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel.  

Para outros, a melhor alternativa é a suspensão no contrato de trabalho até que as empresas comecem a obter um faturamento que “segure pelo menos a folha de pagamento dos funcionários, para assim chamá-los de volta. Essa opção é o que a grande maioria está fazendo”, completa Matheus. 

Confiança de serviços é a maior na pandemia

São Paulo – A confiança do setor de serviços do Brasil voltou a mostrar avanço em maio, atingindo o maior patamar desde o início da pandemia em meio a uma melhor percepção sobre o momento atual, de acordo com os dados divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) saltou 6,4 pontos em maio, para leitura de 88,1, máxima desde fevereiro de 2020, quando tocou 94,4 pontos.

“A confiança do setor de serviços melhora pelo segundo mês consecutivo, recuperando não apenas as perdas de 2021, mas retornando ao maior patamar desde o início da pandemia”, disse Rodolpho Tobler, economista da FGV Ibre, em nota.

“O resultado favorável no mês se destaca por uma avaliação mais positiva sobre os indicadores que medem a situação no momento, indicando aumento no volume de demanda por serviços após período de restrições mais rígidas entre março e abril”, explicou.

O Índice de Situação Atual (ISA-S), indicador da percepção sobre o momento presente do setor de serviços, avançou 9,2 pontos, para 84,0 pontos, maior patamar desde março de 2020.

Já o Índice de Expectativas (IE-S), que reflete as perspectivas para os próximos meses, subiu 3,7 pontos, a 92,4, seu melhor resultado desde outubro de 2020.

O setor de serviços foi um dos mais afetados pela pandemia de Covid-19, uma vez que várias cidades importantes do Brasil determinaram o fechamento de estabelecimentos e estimularam os consumidores a ficarem em casa de forma a frear a contaminação pelo coronavírus.

Mas, segundo Tobler, agora a expectativa é de que a expansão do programa de vacinação para o atendimento de uma parcela maior da população “contribua para a continuidade da recuperação no setor”. (Reuters)

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