Bares em BH prometem segurar preço da “cervejinha” na Copa

Às vésperas da estreia da seleção brasileira, no Catar, bares e eventos em Belo Horizonte preparam os estoques de cervejas para a alta demanda. A bebida, que sela nacionalmente por décadas um casamento perfeito com o futebol, está cada vez mais cara. Somente nos últimos 12 meses até outubro, o produto para consumo fora do lar registrou elevação de 6,63%, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Mesmo com a inflação do produto no mercado, estabelecimentos em várias regiões de Belo Horizonte afirmam segurar os preços para não repassar o aumento no custo final ao torcedor.
De acordo com o economista Marcelo Miguel Aguiar, da PUC-SP, a inflação da cerveja, por um bom período, sofreu pressão por conta de estágios da pandemia e depois com o aumento dos combustíveis. No entanto, pelo menos nos últimos quatro meses, essa inflação é explicada pelo encarecimento de ingredientes como a cevada e o malte. Ambos os insumos sofrem com a pressão provocada pela guerra na Ucrânia.
Estabelecimentos apostam em boas vendas
O Chopp da Fábrica, com duas unidades na Capital, sendo uma no bairro Santa Efigênia, na zona Leste, e outra na orla da Lagoa da Pampulha, segue transmitindo todos os jogos do mundial. O diretor administrativo do estabelecimento, Jésus Romanelly Fernandes, explica que com a grande procura do público, as expectativas de vendas também são elevadas.
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“Projetamos um aumento de 10% a 15% em vendas comparado a um período comum, mas estamos segurando os custos e negociando o preço para não afetar o nosso consumidor. Não fizemos nenhum aumento até o momento, mas também esperamos que o cenário melhore. Seguimos acompanhando o mercado”, informou Jésus.
Nos últimos dias, o badalado bar Sô Madruga, point do bairro Ouro Preto, região da Pampulha, investiu na compra de televisores, personalização da fachada com pintura da calçada e decoração temática. “Temos boas expectativas para a Copa do Mundo, pois passamos por um período, até então, de dias difíceis com a pandemia. E, por conta desse episódio, esperamos que o povo extravase neste período de jogos”, estima o sócio-diretor da operação, Rômulo Neto.
Segundo o empresário, apesar da inflação da cerveja, que consequentemente tem um certo peso, não foi realizado nenhum repasse de aumento ao público. “Pelo contrário, fizemos investimentos e estamos criando promoções, além de open bar e open food para conquistar nossos clientes. É claro que estamos esperando as expectativas em relação ao novo governo para saber se vamos apertar o pé, acelerar ou baratear os preços. Quando acontecem momentos como esses, precisamos baratear os preços e usar a criatividade”, explica. O local também transmitirá os jogos, mas somente as partidas entre 11h e 16h.
Uma das mais tradicionais churrascarias da Capital, o Xico da Carne apostou em promoções de rodadas duplas de chopes nos dias úteis e investimentos em transmissões das partidas. Para a gerente do espaço, Patrícia Gonçalves de Oliveira, a época propicia um fluxo intenso de público, que muitas vezes gera filas de espera para tentar aquele espaço na festa. “Estamos fazendo o possível para acolher os nossos clientes com uma equipe preparada, e, mesmo que tenhamos o aumento do preço das cervejas, não é a nossa pretensão repassar esse custo. Portanto, nosso valor não aumentou”, conclui.
Sindicato nega repasses ao produto
Procurado pela reportagem, o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Bebidas em Geral de Minas Gerais (SindBebidas-MG), Marco Falcone, afirma que não prevê mudanças no mercado em relação à possíveis repasses de preços pelas cervejarias.
“Na verdade, a gente não repassou para os produtos a inflação. A gente está segurando porque é preciso estabilizar melhor o momento e tudo mais. O que prevemos é um aumento do consumo que vai acontecer na Copa do Mundo. Por enquanto, está tudo normal, porque a Copa começou no domingo, e a gente prevê que no decorrer do mundial inteiro teremos aumento de vendas de 10% no setor”, declara.
Supermercados veem cenário animador
Assim como há crescente consumo de cerveja fora do lar, há também uma alta demanda das famílias que preferem consumir a bebida em domicílio. Em relação à projeção de vendas, a Associação Mineira de Supermercados (Amis) aguarda um cenário com apostas animadoras pelas lojas no Estado.
Como a Copa do Mundo será realizada no verão brasileiro, quando já há elevação do consumo, principalmente de bebidas, a tendência da entidade é de vendas acima do normal. “A competição acontece entre a Black Friday e o Natal, potencializando ainda mais a nossa demanda. Estamos prevendo, segundo a sondagem feita com os supermercadistas associados, vendas superiores a 10%”, avalia o presidente da Amis e também proprietário da rede de supermercados Verdemar, Alexandre Poni.
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