Economia

Bares e restaurantes iniciam último trimestre com queda nas vendas

Em um cenário de crescente inflação, setor passa por desafios e busca soluções manter competitividade
Bares e restaurantes iniciam último trimestre com queda nas vendas
Restaurantes estão otimistas com a chegada das festas de fim de ano, o que deve impulsionar a receita em novembro e dezembro | Crédito: Thiago Fernandes / Krüg bier

Alta no preço de insumos, na tarifa de energia e endividamento da população: os bares e restaurantes encerram 2024 cercados de desafios. Em outubro, o setor apresentou uma nova retração no Estado, com queda de 1% após declínio de 3,4% registrado em setembro, conforme aponta o Índice Abrasel-Stone.

O aumento nos custos operacionais leva os empreendedores a necessidades de se reinventar para equilibrar as contas, minimizando os repasses de despesas para os clientes para evitar uma redução acentuada na demanda. Os maiores vilões até o momento, segundo dados do Índice de preços ao consumidor (IPCA), são as carnes, que registraram alta de 5,81% em outubro, além da inflação acumulada no setor de alimentação fora do lar, que neste ano está em 4,13% no País.

Para o líder de Conteúdo e Inteligência da Abrasel, José Eduardo Camargo, embora os negócios tenham optado por não repassar custos aos clientes, a queda no setor em Minas pode estar ligada a pequenos ajustes de preços em locais que utilizam insumos que receberam altas expressivas. “Mesmo absorvendo esses aumentos, os bares e restaurantes ainda têm sentido uma leve queda no movimento”, completa.

Apesar desse cenário, a expectativa, segundo a entidade, é que o setor se recupere nos meses de novembro e dezembro. Dentre os fatores que geram otimismo, estão os resultados positivos em 2023 – quando o segmento apresentou alta de 2,1% e 1,9% respectivamente nos últimos meses do ano – impulsionado pelo pagamento do 13º salário e por importantes datas comemorativas.

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As festividades, como o Natal, Réveillon e confraternizações empresariais, levam otimismo para alguns setores, especialmente restaurantes. Segundo o proprietário da churrascaria Raja Steakhouse, Breno Duarte, final de ano já é esperado um aquecimento tradicional para o negócio, com melhores resultados em dezembro onde é registrado o dobro de demanda e faturamento ao comparar com outros meses do ano.

Apesar das boas perspectivas, o empreendedor avalia que a inflação segue impactando diferentes setores, especialmente no segmento de bares e restaurantes. Outra dificuldade, segundo ele, é a ausência de mão de obra qualificada, que estaria optando por serviços por aplicativos sob demanda, como Uber e iFood.

A empresa, que recentemente passou por uma reformulação de marca, espera encerrar o ano com avanços de 10 a 15% em relação ao ano passado. “Hoje realizamos em média 7 mil rodízios por mês, em dezembro projetamos que este número aumente para 13 mil”, acrescenta Duarte.

Nos bares, cenário só deve melhorar em fevereiro

O otimismo dos restaurantes com relação ao final de ano se difere do cenário observado pelos donos de bares em Minas Gerais. A sensação é que os desafios econômicos, aliado ao período de chuvas e o hiato de fim de ano poderá prejudicar ainda mais o segmento, que aguarda o verão e o carnaval para uma retomada consistente.

Para o sócio-administrador de unidades das marcas Porks, Quermesse e Bebedouro Bar e Fogo, Diogo Manfredini, o momento é desafiador e exige das empresas planejamento para sustentar as atividades. “Se a empresa não estiver atenta e fizer um bom planejamento aliado às reservas de eventos, a tendência não será positiva. Teremos praticamente quatro meses com uma ressaca enorme que deverá se recuperar após o Carnaval”, analisa.

Além dos entraves socioeconômicos, outro desafio citado por Manfredini é o relacionamento do setor com a prefeitura de Belo Horizonte, que segundo ele, carece de projetos concretos a médio e longo prazo para melhorar esse mercado. “Belo Horizonte se vende como a capital dos bares, mas não tem uma comunicação efetiva com a categoria”, destaca.

Para contornar esse cenário, o empreendedor acredita que a melhor solução é se reinventar para conseguir gerar resultados. “É um momento que exige cautela, porém, temos que começar o ano otimistas, trabalhando para uma busca constante por aperfeiçoamentos que evitem o repasse de custos aos clientes”, finaliza.

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