Economia

Batata inglesa e reajuste da energia puxam inflação na RMBH, que fica acima da média nacional

Leite longa vida também contribui para a variação em BH
Batata inglesa e reajuste da energia puxam inflação na RMBH, que fica acima da média nacional
Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) apresentou alta de 0,68% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a média nacional foi de 0,39%. O índice para a RMBH é o maior resultado entre as 11 áreas pesquisadas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (26). Em maio, a alta na capital mineira havia sido de 0,60%.

A RMBH, apesar de registrar a maior alta, não foi a única. Todas as áreas de abrangência da pesquisa tiveram alta em junho. De acordo com informações do IBGE, a variação registrada em Belo Horizonte foi por conta das altas da batata inglesa (24,31%), do leite longa vida (10,68%), da energia elétrica residencial (4,11%) e da gasolina (1,77%).

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito registraram alta no mês de junho na RMBH. O grupo Habitação foi o que apresentou a maior variação, com alta de 1,48%, seguido de Alimentação e Bebidas, com alta de 1,14%. Também houve alta nos grupos de Saúde e Cuidados Pessoais (0,61%), Despesas Pessoais (0,45%) e Comunicação (0,58%).

Os grupos Vestuário (0,33%), Transporte (0,18%) e Educação (0,03%), apresentaram alta menos significativas em junho, e apenas o grupo Artigos de Residência teve queda de 0,06%.

“Os protagonistas do crescimento mais acelerado aqui na RMBH foram realmente Habitação, Alimentação e Bebidas, lembrando que este último é o grupo de maior peso no orçamento familiar na composição do IPCA-15. O reajuste de 6,76% da energia elétrica residencial a partir de 28 de maio explica a alta do grupo Habitação, que também é um grupo importante no orçamento das famílias ”, explica o economista do Grupo Suno, Guilherme Almeida.

Observando os subgrupos, Almeida destaca a alta da alimentação no domicílio (1,36%) como maior responsável pela alta do grupo de maior peso no orçamento (Alimentação e Bebidas). “É basicamente aquela compra que a gente faz em supermercados e sacolões. Essa variação está ligada à cesta de consumo das famílias, e este mês temos a batata inglesa com alta de 24% e o leite longa vida com alta de quase 11%”, afirmou.

O economista se atenta também ao grupo de Transporte que, apesar de ter variado só 0,18% em Belo Horizonte, teve um aumento relevante com o item gasolina (1,77%). “Isso está diretamente ligado aos reajustes que estamos observando nos postos de combustíveis”, diz.

“Belo Horizonte está cara”, diz especialista

Outra variação importante observada nos dados do IBGE do mês de junho é o fato de que a inflação da RMBH, medida pelo IPCA-15, no acumulado em 12 meses, alcançou índices acima dos 5%, com destaque para o expressivo no aumento dos preços do grupo de Alimentos e Bebidas (5,88%), que é o de maior peso na composição do índice.

O índice, inclusive, registrou a maior variação das 11 áreas pesquisadas, com alta de 5,11%, ante 4,06% da média nacional. Na leitura feita pelo economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Silva, “Belo Horizonte está cara. Está tudo caro”, afirmou.

“Se olharmos para o acumulado dos últimos 12 meses, temos apenas duas categorias que estão abaixo da média nacional. Só estamos com inflação mais baixa em Saúde e Cuidados Pessoais e empatados em Educação. O restante dos setores, todos estão mais caros por aqui”, completa.

Serviços também impulsionam alta da inflação

Silva atribui esse destaque da RMBH a fatores conjunturais, que dizem respeito ao cenário nacional, e estruturais, que dizem respeito ao ambiente local. Na análise dele, o setor de Serviços tem puxado a inflação no Brasil para cima, assim como Alimentos e Bebidas, refletindo alta em todo País.

“Os serviços demoram mais a observar desinflação e estão caros de um modo geral”, observou. O economista-chefe do BDMG também ressalta os fatores associados à calamidade do Rio Grande do Sul. “Como são grandes exportadores de grãos e alimentos para o restante do Brasil, isso acabou impactando os preços em todo o País”, observa.

Avaliando o cenário local, Silva questiona: “se o combustível é um preço regulado, por que sobe mais na capital mineira do que no restante do País? É uma questão monopolista? Temos poucos vendedores? Precisamos discutir”, salienta.

Ele lembra, ainda, que a capital mineira foi a primeira a fechar o setor de Comércio e Serviços, e uma das últimas a reabrir durante a pandemia. “É natural, agora ao longo dos últimos meses, observarmos um reajuste dos preços para a recomposição das perdas já que a atividade econômica está aquecida”, conclui.

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