Economia

BC reduz Selic em 0,25 ponto, a 10,50%, com divergência de diretores indicados por Lula

Indicados pelo presidente Lula (PT), Ailton de Aquino Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual
Atualizado em 8 de maio de 2024 • 22:36
BC reduz Selic em 0,25 ponto, a 10,50%, com divergência de diretores indicados por Lula
Crédito: Reuters/Adriano Machado

Brasília – O Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira reduzir o ritmo de afrouxamento monetário ao fazer uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, a 10,50% ao ano, e abandonou sua indicação sobre corte futuro nos juros básicos, afirmando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela.

“O Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,50% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, informou o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado.

De acordo com o comunicado, a decisão foi dividida, com o presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes votando pelo corte de 0,25 ponto. Indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)Banco Central volta a reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto, a 10,75%, Ailton de Aquino Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual.

Apesar da divergência, o comunicado informou que o Comitê, unanimemente, “avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela”.

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A separação entre posição mais flexível dos membros da diretoria do BC nomeados por Lula e a visão mais dura dos componentes indicados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que defenderam a redução do ritmo de corte, pode ampliar incertezas sobre os próximos passos da política monetária, à medida em que novas indicações levem o governo a contar com a maioria de nomeados na diretoria do BC.

Atualmente, a cúpula da autarquia é composta por quatro diretores indicados por Lula, enquanto cinco estão no posto desde a gestão de Bolsonaro. Os próximos mandatos a vencer, em dezembro deste ano, são de Campos Neto, Carolina Barros e Otávio Damaso.

No comunicado, o BC informou que o corte de 0,25 ponto é compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta ao longo do horizonte relevante.

Dados recentes de inflação vieram abaixo do esperado, mas as expectativas do mercado para o comportamento dos preços seguem acima da meta de 3% estabelecida para este e os próximos dois anos.

Nesta quarta, BC piorou suas próprias projeções para o comportamento dos preços em relação à reunião anterior. A autoridade monetária informou que, em seu cenário de referência, a estimativa para a inflação foi de 3,5% para 3,8% em 2024 e de 3,2% para 3,3% em 2025.

“A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, disse o comunicado.

Após o governo flexibilizar metas para as contas públicas, o BC afirmou ainda que “acompanhou com atenção” os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, afirmou.

Repercussão em Minas Gerais

O setor de comércio e serviços da Capital, representado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), celebrou a redução da Selic, que passou de 10,75% para 10,50%. “Toda redução, mesmo que tímida, é positiva para o comércio. Afinal, a queda da taxa de juros afeta a confiança, aumenta o crédito disponível e, consequentemente, o consumo e os investimentos. Sabemos que este corte mais tímido é reflexo de uma política monetária contracionista, pois ainda há uma preocupação com a inflação no País”, afirmou, em nota, o presidente Marcelo de Souza e Silva.

O dirigente destacou que a taxa Selic exerce um impacto significativo em diversos aspectos da economia, influenciando o consumo, o crédito e os investimentos de forma direta e indireta. “Todos esses fatores foram impactados positivamente com as contínuas reduções que tivemos nos últimos meses. Vivemos um aquecimento da economia e do comércio, por isso, precisamos que o Copom siga estimulando o consumo, sem comprometer o processo desinflacionário”, finalizou.

O setor industrial, porém, tem ressalvas. A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) avaliou positivamente a redução da taxa básica de juros, contudo enfatizou a necessidade do prosseguimento e até mesmo da aceleração do ciclo de cortes. De acordo com o boletim Focus, a estimativa de inflação para 2024 é de 3,72%, significativamente abaixo dos 4,62% observados em 2023. Além disso, prevê-se um crescimento econômico mais lento em 2024 em relação a 2023.

Apesar das recentes reduções na Selic, a política monetária continua restritiva, segundo a entidade, “desencorajando maiores investimentos e comprometendo a capacidade produtiva do País”. E finalizou a nota: “Portanto, a Fiemg ressalta a importância de uma taxa de juros mais baixa e estável para favorecer o desenvolvimento econômico sustentável e a criação de empregos”.

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