Economia

Belo Horizonte tem salto de 55% na abertura de pequenas empresas de panificação em 2025

Sebrae, Amipão e Fiemg lançam programa voltado para micro e pequenas empresas de panificação da Grande BH
Belo Horizonte tem salto de 55% na abertura de pequenas empresas de panificação em 2025
Foto: Reprodução/Adobe Stock

No primeiro trimestre de 2025, Belo Horizonte registrou a abertura de 355 pequenas empresas de panificação, o que representa um crescimento de 55,7% em comparação ao mesmo período do ano passado. O dado posiciona BH como a terceira cidade com mais negócios ativos do ramo no País, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, somando mais de 4.884 empreendimentos formais no setor.

O aumento expressivo de empresas de panificação, no entanto, não está necessariamente ligado ao surgimento de novas padarias tradicionais nas ruas da cidade. Para o presidente do Sindicato e Associação Mineira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Amipão), Vinícius Dantas, o crescimento pode ser explicado, em parte, por um movimento de formalização de negócios que já existiam de forma informal, especialmente em casas e condomínios.

“Na realidade, sinto que houve uma formalização de negócios em MEIs (Micro empreendedor individual). As confeiteiras fizeram um belo trabalho nessa mudança, criando CNPJs para emitir nota para eventos e empresas. Nós não víamos tantas portas abertas na cidade”, explica Dantas.

Capacitação com foco em gestão, produção e inovação

Para apoiar esse novo perfil de empresas da panificação — muitas vezes informal, familiar e com foco em nichos específicos — e também os negócios tradicionais em fase de transição ou profissionalização, o Sebrae Minas, a Amipão e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) lançaram o programa Prepara Padaria 2025.

A iniciativa oferece capacitações estratégicas, mentorias especializadas e conteúdos voltados para gestão, finanças, liderança e eficiência operacional. O foco são micro e pequenas empresas (MPEs) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões.

Segundo a analista do Sebrae Minas Lorena Melo a ideia é ajudar as empresas da panificação a desenvolverem estratégias para minimizar as dificuldades e os desafios no mercado de panificação.

“Vamos priorizar temas como liderança, retenção de mão de obra, aperfeiçoamento produtivo e lucratividade. A ideia é tratar das principais dores do setor, que ainda carrega uma lógica muito tradicional e analógica em muitos casos”, afirma.

padaria pães confeitaria 2023
Foto: Diário do Comércio/Arquivo/Alessandro Carvalho

Para o presidente da Amipão, o Prepara Padaria 2025 chega em um momento crucial. Segundo ele, muitos negócios do setor ainda enfrentam desafios para se adaptar às mudanças tecnológicas, à sucessão familiar e à profissionalização da gestão.

“Muitos desses empreendimentos ainda atuam de forma analógica e precisam se adaptar às mudanças, seja de mão de obra, sucessão ou, até mesmo, tecnológicas. Por isso é importante contar com o apoio de parceiros para ajudar esses empresários a se manterem competitivos”, reforça Vinícius Dantas.

Programa para pequenas empresas da panificação tem limite de vagas

Esta já é a quinta edição do programa, que está com 40 vagas limitadas e investimento subsidiado. As inscrições devem ser feitas por meio de um formulário on-line. Segundo o presidente da Amipão, os empreendedores também recebem orientações sobre caminhos possíveis para crescimento, que inclui temas como empréstimos, financiamento de equipamentos.

“Por meio dessa parceria, podemos facilitar o trabalho, o investimento e o acesso ao conhecimento para os empresários. É uma oportunidade para obter consultorias e capacitações com pessoas especializadas no setor”, afirma o gerente de projetos do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Thadeu Neves.

A analista do Sebrae Minas Lorena Melo destaca que os negócios da panificação precisam pensar em soluções para se manter competitivo, apostando em inovação, processos mais eficientes e diferenciação de produtos.

“Atualmente, o dono de um negócio da panificação precisa pensar em estratégias eficazes, como a criação de um produto especial, um maquinário mais eficiente ou campanhas para fidelizar os clientes, que podem ser offline ou nas redes sociais. É possível apostar em produtos inovadores e serviços personalizados, sem deixar a tradição de lado e buscar diferenciação para um mercado tão competitivo”, detalha.

Empresa de panificação é exemplo de inovação no centro de BH

Baguete da Bagueteria Francesa, em BH
Foto: Reprodução / @bagueteriafrancesabh

A empreendedora Rita Gonçalves, da Bagueteria Francesa, é um exemplo de como a inovação pode transformar negócios familiares. Na terceira geração da panificação em sua família, ela apostou em fermentação natural, maquinário moderno e estratégias de marketing digital para posicionar seu negócio no centro da capital mineira.

“O meu pai sempre foi visionário. Muito criativo na panificação, participava de diversas feiras e, em uma delas, no exterior, viu um equipamento que acreditava poder realizar o seu sonho de fazer baguetes de fermentação natural no centro de BH. Na época, achamos loucura, porque iria criar a loja ao lado da nossa própria padaria. Mas o negócio, além de pioneiro, foi um sucesso”, conta Rita Gonçalves.

A empresária destaca que a aposta em soluções inovadoras permitiu à empresa desenvolver um modelo de negócio compacto e eficiente, tornando o pão de fermentação natural mais acessível ao público. Ela destaca que a Bagueteria ajudou a segurar as contas na pandemia, com a implementação das vendas por aplicativo.

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