Economia

Belvedere dobra número de empresas e vive mudança histórica de vocação

Impulsionado por centros comerciais, bairro registrou um aumento de 107% no número de empresas ativas nos últimos cinco anos
Belvedere dobra número de empresas e vive mudança histórica de vocação
Nos últimos cinco anos, número de empresas ativas no Belvedere cresceu 107%, somando 3.929 empreendimentos | Foto: Reprodução Adobe Stock

Historicamente residencial, o Belvedere, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, vive uma das maiores transformações da história, impulsionada pela expansão da atividade comercial. Com uma demanda crescente e um dos maiores poderes aquisitivos da Capital, o bairro registrou um aumento de 107% no número de empresas ativas nos últimos cinco anos, saindo de 1.899, em 2020, para 3.929 em 2025.

O avanço é ancorado na forte presença de holdings de instituições não financeiras, além da expansão dos setores de comércio e serviços, como varejo de moda, beleza, restaurantes e alimentação, muitos concentrados em novos centros comerciais. Os dados foram disponibilizados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Belo Horizonte ao Diário do Comércio.

Ao todo, o Belvedere reúne 248 lojas de vestuário e acessórios, 77 restaurantes, 64 estabelecimentos de estética e 60 negócios de alimentação rápida, como cafeterias, lanchonetes e sorveterias. Uma parcela relevante desse ecossistema já mira o público de alta renda, consolidando o bairro como um dos principais polos de consumo de luxo da Capital.

Exemplo disso é o Botânico Shopping, inaugurado neste ano, com quatro pavimentos de lojas dedicados ao comércio e serviços de maior valor agregado. O empreendimento, integrado à natureza, recebeu mais de R$ 120 milhões em investimentos e conta com operações de marcas como Romerito Gastrobar, Spa Premiere, Lullo Gelateria e Atelier de Arte Thais Mor.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Relações Internacionais, Adriano Faria, comenta que o maior adensamento populacional da região resultou em uma maior demanda por atividades próximas, que facilitem o deslocamento. “O fato de a quantidade de CNPJs ter dobrado na região mostra o interesse do mercado em estar mais próximo do consumidor. Trata-se de um local extremamente promissor”, afirma.

Os resultados, segundo ele, foram potencializados no ano passado, quando Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) aprovou o Projeto de Lei (PL) 857/2024, que flexibiliza regras permitindo uso misto em Áreas de Diretrizes Especiais (ADEs). Além do Belvedere, bairros como São Bento, Pampulha, Santa Tereza e Lagoinha também foram beneficiados.

“Espaços antes exclusivamente residenciais passaram a abrigar empresas, restaurantes e serviços, o que ampliou de forma significativa a oferta de atividades. Essa flexibilização abriu espaço para novos empreendimentos e acelerou a ocupação comercial do Belvedere”, explica Faria.

Lojistas estão otimistas e ampliam presença em centros comerciais

Morador do Belvedere há 10 anos, o presidente do Sindlojas-BH, Salvador Ohana, relembra que o bairro apresentou por muito tempo uma vocação residencial, sem comércio pujante em termos de abertura de lojas e shoppings. Há alguns anos, o centro mais pujante nas proximidades era o Vila da Serra, em Nova Lima (RMBH) e agora temos uma vasta opção para moradores e visitantes.

Com a crescente demanda e abertura de centros comerciais, o dirigente optou por inaugurar na região uma das unidades da marca de moda masculina Klus, o qual é proprietário. A loja foi aberta há pouco mais de dois meses no street mall de luxo, Avenue, também inaugurado recentemente.

A receptividade, segundo ele, é positiva nesses primeiros meses e a expectativa é de incremento nas vendas a partir da facilidade do morador, e moradores do entorno, como Nova Lima. “Estamos apostando no crescimento da região e na conveniência de o consumidor poder adquirir próximo de casa”, pontua.

Outro ponto observado pelo dirigente é a migração de empreendedores de outros bairros, que estão apostando na região justamente pela demanda e maior poder aquisitivo. Setores como moda, decoração, gastronomia e serviços ligados ao dia a dia do consumidor têm chegado com força, ampliando a oferta local.

Flexibilização de normas também beneficia Pampulha

Além do Belvedere, regiões como a Pampulha também são beneficiadas com a flexibilização de normas para o uso dos imóveis. Os esforços, segundo Faria, agora se concentram em equalizar as mudanças para atender às necessidades, tanto de moradores tradicionais que buscam por tranquilidade, quanto novas gerações, que demandam por mais atrativos nas proximidades.

Já em outras regiões, como Centro, Bonfim, Concórdia, Lagoinha, Carlos Prates e Santa Tereza, as necessidades são opostas e devem se concentrar na melhoria da infraestrutura para atrair um maior adensamento populacional, e consequentemente, estimular o comércio. “São regiões que, apesar de já terem uma área comercial, ainda poderiam receber uma população maior, e esse crescimento seria fundamental para sustentarmos uma atividade comercial mais robusta”, finaliza o secretário.

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