Economia

‘Bets’ aceleram em Minas e aportes em empresas ultrapassam R$ 360 milhões

Apesar de promissor, desafios, como a ausência de regulamentação local impacta avanços no tíquete médio de capitalização das empresas
‘Bets’ aceleram em Minas e aportes em empresas ultrapassam R$ 360 milhões
Com média de R$ 1,78 milhão aportados por CNPJ, Minas ocupa a quarta posição entre os estados que mais recebem investimentos do setor de apostas on-line | Foto: Rafael Henrique / Adobe Stock

O setor de apostas on-line, também conhecido como ‘bets’, segue despontando em Minas Gerais, que já ocupa a segunda posição nacional em quantidade absoluta de empresas, com 202 formalizações. Ao todo, os aportes locais somam R$ 360,7 milhões – o equivalente a 2,98% do capital nacional, demonstrando que há espaço elevar o tíquete médio de capitalização.

Com média de R$ 1,78 milhão aportado por CNPJ, o Estado ocupa a quarta posição entre as 27 unidades da Federação. Apesar de modesto, o volume de negócios é encarado como promissor e busca se aproximar dos principais mercados nacionais como São Paulo e Distrito Federal, que possuem capital por empresa de R$ 16,1 milhões e R$ 19,1 milhões respectivamente. Os dados fazem parte da nova edição do estudo “CNPJs do Brasil” e foram elaborados pela BigDataCorp.

De acordo com o CEO da BigDataCorp, Thoran Rodrigues, os dados indicam um potencial de crescimento da ‘bets’ em Minas Gerais. Entretanto, obstáculos como a regulamentação local, como a existência ou não de licenças para operação no nível estadual, a exemplo do Rio de Janeiro e em outros estados, podem estar impedindo o crescimento dos negócios.

Thoran Rodrigues
Thoran Rodrigues destaca o potencial de crescimento do setor em Minas Gerais | Foto: Divulgação BigDataCorp

“Embora relevante, a expectativa é de que o percentual estivesse mais próximo do percentual de quantidade de empresas, e que fosse mais alto devido ao tamanho da população de Minas Gerais”, explica.

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Segundo o executivo, estados como São Paulo e Distrito Federal se destacam devido a uma concentração natural do capital nas regiões, que os colocam como protagonistas, não só na economia, mas no setor financeiro do País. “No caso do DF, existe uma característica de proximidade com o poder regulatório que atrai mais as empresas, e nesse caso, não são elementos que Minas Gerais pode replicar com facilidade”, acrescenta.

Apesar disso, o cenário é promissor no Estado, que avança na formalização de negócios ao passo em que se moderniza para diversificar a economia. “Minas Gerais possui um setor de tecnologia e empreendedorismo vibrante, que pode ser incentivado a olhar para esse mercado das bets”, destaca Rodrigues.

Apostas on-line devem receber 20 vezes mais investimentos que Inteligência Artificial

Nacionalmente, o capital investido por ‘bets’ no Brasil ultrapassou R$ 12 bilhões em 2024 – um crescimento de 153% em apenas dois anos. Neste ano, o levantamento da datatech estima para mais de 1.200 novas empresas abertas no segmento, o que representaria um avanço de 61,52% sobre o ano anterior.

Para o futuro, a expectativa é as ‘bets’ aumentem ainda mais a penetração no mercado, tanto em Minas Gerais quanto em outros estados. Além do futebol, o segmento espera ampliar a capilaridade em outras modalidades, abrangendo novos esportes e atraindo um maior público para avançar nas apostas.

Além disso, a categoria vislumbra a oportunidade de expansão para segmentos relacionados, como o entretenimento e outros tipos de jogos on-line. “Não é à toa que estimamos um nível de investimento significativamente maior (cerca de 20 vezes) em empresas deste setor do que, por exemplo, em Inteligência Artificial (IA)”, conclui o executivo.

CPI das ‘bets’ levanta discussões sobre riscos jurídicos na promoção de apostas

Os avanços no mercado, impulsionado pela popularidade de influenciadores digitais, levanta questões sobre a legitimidade de alguns negócios, especificamente quando se trata da promoção de plataformas de apostas on-line ilegais. A atuação reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão e a responsabilidade jurídica no ambiente digital.

O mestre em Ciências Jurídico-Criminais, professor de Direito e Processo Penal da Faculdade Milton Campos, Thiago Gandra, reforça que influenciadores que compartilham plataformas não regulamentadas, podem responder, tanto na esfera civil – por eventuais danos aos seguidores – quanto na criminal, caso fique comprovado que agiu com dolo ou participou de esquema fraudulento.

“É importante lembrar que o alcance de um influenciador impõe uma responsabilidade proporcional. O que é dito ou promovido por eles tem peso real na decisão de milhares de pessoas”, destaca.

A partir das investigações vigentes, a tendência é de avanços na responsabilização de figuras públicas digitais, quanto ao conteúdo promovido nas plataformas digitais, e por isso, aumenta-se a necessidade de orientação jurídica antes de firmar parcerias comerciais, principalmente em setores de legalidade duvidosa. “A internet não é uma terra sem lei. A atuação ética e legal deve ser premissa básica para qualquer profissional da comunicação digital”, conclui Gandra.

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