Bets estão no topo das preocupações do setor de supermercados, diz presidente da Amis

As “bets” e a falta de mão de mão de obra têm tirado o sono dos donos dos supermercados de Minas Gerais. O setor está preocupado com as casas de apostas em razão de a população estar direcionando recursos de consumo para os palpites, e com a escassez de trabalhadores devido ao cenário de pleno emprego e à dificuldade de reter funcionários nas lojas.
Os desafios da área foram destacados pelo presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Alexandre Poni, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (22) durante a abertura da Superminas Food Show 2024, no Expominas, em Belo Horizonte.
Poni disse que o setor de supermercados está assustado com as bets e com o alto número de pessoas que está gastando dinheiro com apostas, incluindo beneficiárias do Bolsa Família.
Uma análise técnica do Banco Central (BC) divulgada em setembro indicou que, ao longo dos primeiros oito meses deste ano, os brasileiros transferiram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês para companhias de jogos de azar e apostas.
O estudo também estimou que, apenas em agosto, cinco milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões às empresas de aposta utilizando o Pix, sendo 70% chefes de família, ou seja, quem de fato recebe o benefício.
“As pessoas podem vir até a deixar de comer (por causa das apostas). Esse é o nosso receio. Será que elas vão deixar de comer ou deixar de comer melhor para jogar?”, questionou.
“Acreditamos que o governo vá, com as notícias (que estão sendo veiculadas) e com o rastreamento que estão fazendo, tomar medidas para evitar esse problema, porque afeta o consumo, sim”, afirmou. Segundo ele, as bets estão no topo das preocupações do setor.
Falta de mão de obra
Sobre a mão de obra escassa, mais uma grande preocupação dos supermercados mineiros, Poni ressaltou que a área tem criado diversas vagas de trabalho, porém, não encontra funcionários para preenchê-las; e que, ao mesmo tempo, também compete com vários outros setores, o que impõe dificuldades em reter nas lojas os colaboradores contratados.
Para enfrentar esse desafio, é preciso se reinventar, de acordo com o presidente da Associação. Isso passa por criar, por exemplo, políticas de retenção e incentivos para os colaboradores do setor. Segundo ele, cada rede supermercadista tem buscado soluções para atrair talentos – um dos movimentos são os programas de contratação de pessoas da terceira idade.
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Conforme o presidente-executivo da Amis, Antônio Claret Nametala, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) está dialogando com o governo, buscando uma alternativa para que os beneficiários dos programas de transferência de renda possam ter a carteira assinada sem perder os benefícios, algo que poderia trazer mão de obra para o setor.
Além disso, segundo ele, a Abras tem discutido um convênio com o Exército Brasileiro, no qual se coloca à disposição para contratar os trabalhadores assim que concluírem o tempo de permanência. Ele relembra que as pessoas que estão a serviço das Forças Armadas não trabalham em outro local e, normalmente, procuram emprego quando são dispensadas.
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