Economia

BH 128 anos: como a Capital se tornou um dos principais ecossistemas de startups da América do Sul

Capital mineira se destaca entre os maiores hubs de tecnologia da América do Sul, mas especialistas apontam desafios como integração entre players, qualificação e maior aproximação entre atores
BH 128 anos: como a Capital se tornou um dos principais ecossistemas de startups da América do Sul
Foto: Reprodução Adobe Stock

Planejada e modernista, famosa pela gastronomia, pelos botecos e pelo Clube da Esquina, Belo Horizonte também encontra seu lugar na inovação. Nesta sexta-feira (12), o município celebra 128 anos com o reconhecimento de ser um dos melhores ecossistemas de startups da América do Sul e uma das três cidades brasileiras com mais empresas desse tipo.

Berço do primeiro* centro de engenharia do Google em terra sul-americana, instalado em 2005 no bairro Santa Efigênia, na região Leste de BH, e da primeira comunidade nacional de startups, criada cinco anos mais tarde no bairro São Pedro, na região Centro-Sul da Capital — batizada de San Pedro Valley em referência bem-humorada ao Vale do Silício, na Califórnia — além de grandes sucessos nacionais como Sympla e Hotmart, BH comemora aniversário com olhos atentos ao que vem por aí.

* O segundo centro do tipo no País só surgiu no ano passado, em São Paulo.

Neste 12 de dezembro, o Diário do Comércio traz as análises de quem impulsiona o ecossistema local para entender a importância de BH no cenário nacional e o que ainda precisa avançar para que o ambiente de inovação continue evoluindo.

BH ‘voou’ porque players conversavam, diz empresário

Thalles Brandão, Tiago Ferreira e Gisele do Carmo, sócios da MeEventos. | Foto: Divulgação/ MeEventos

Belo-horizontino, o empresário Tiago Ferreira fundou, com dois sócios, a startup MeEventos há 11 anos. A empresa, que faz a gestão de eventos — do gerenciamento de equipes e freelancers ao controle financeiro —, saltou de uma base de clientes restrita ao “boca a boca” para uma das principais plataformas do tipo no Brasil, atendendo cerca de 15 mil eventos por mês e 8,5 mil usuários ativos. Em 2024, o faturamento foi de R$ 4 milhões, além da consolidação de uma sede na Capital.

Para Ferreira, um dos aspectos que explicam o crescimento da MeEventos é justamente o fato de ela ter surgido em BH. Segundo ele, além de não ter sido uma barreira para atender clientes em todo o Brasil, ser de BH ajudou na expansão da empresa por uma característica bem mineira: a conversa e a troca, essenciais em um cenário em que empresas jovens precisam de apoio para se fortalecer.

“Aqui sempre existiu aquela pegada do San Pedro Valley (considerada a primeira comunidade de startups no Brasil, fundada no bairro São Pedro, na região Centro-Sul de BH), de as startups se reunirem e conversarem para trocar dores e fazer negócios. Essa conversa é importante porque, muitas vezes, as startups não têm investimentos ou, quando têm, não sabem exatamente como crescer de forma sustentável. Assim, uma dor que uma enfrenta é a mesma que outra vai enfrentar”, explica.

O que precisa avançar em 2026?

Site da MeEventos. | Imagem: captura de tela/ MeEventos

De acordo com o empresário, essa troca de informação e conhecimento entre fundadores de startups ocorria, uma década atrás, em cafés, eventos e palestras — encontros muito presentes e, geralmente, fomentados por grandes players —, mas acabou diminuindo. Retomar esse movimento é um desafio para 2026.

“Isso se perdeu depois da pandemia porque os eventos pararam. Esses eventos eram fomentados principalmente pelas grandes startups, como Sympla, Hotmart e Méliuz, que cresceram na mesma época. Então, acho que passou a época dessas startups e é preciso que uma nova geração assuma esses postos de fomento que a geração antiga fez”, diz.

Mas o CEO da MeEventos tem percebido uma reaproximação das startups em BH, incluindo alguns encontros realizados pela própria empresa.

“Toda sexta-feira reunimos algum CEO ou grupos de fundadores de outras startups para um café da manhã, para trocar ideias e conversar. O próprio Órbi, do qual também participamos, tem atraído mais startups. Estamos percebendo que esse movimento de fomento está voltando e que existem muitas startups em Belo Horizonte que ainda não conhecemos, mas que precisamos unir cada vez mais”, encerra.

Em BH, custo de mão de obra é mais ‘adequado’, diz investidor

Após décadas em multinacional, nas áreas de Tecnologia de Informação e Gestão Financeira, o investidor Newton Afonso de Lima se aposentou e tornou-se executivo e membro de dois Grupos de Investimento-Anjo. Neste mês, inaugurou, com dois sócios, a Arvoh, fintech de consultoria financeira para pequenos e médios empreendedores, e escolheu Belo Horizonte para sediar o negócio devido, segundo ele, a diversas qualidades do cenário de startups da Capital.

De maneira simplificada, como explica o empresário, a startup parte do Open Finance, do Banco Central, para ter acesso ao histórico do cliente e, assim, oferecer taxas mais justas, crédito adequado e serviços personalizados para o pequeno e médio empreendedor.

“Nós temos aqui um conhecimento interno, com pessoal experiente, CFO (diretor financeiro), e também com o uso de tecnologia. Vamos chegar e criar pra você um relatório que vai mostrar os principais pontos e potenciais problemas que você tem. Do ponto de vista da governança, vamos orientar a agir de forma diferente, negociando a melhor condição, por exemplo, antecipando os seus recebíveis”, relata.

A Serra do Curral, em BH. | Foto: reprodução/ Pixabay

Ele lembra que esse tipo de orientação qualificada é muito importante para pequenos e médios empreendedores, que têm alta taxa de fechamento no Brasil. A pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo 2022, divulgada em dezembro de 2024 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que seis a cada 10 empresas não conseguem sobreviver após cinco anos de operação.

A empresa foi aberta já com uma cartela composta por 20 clientes e pretende focar também no interior. “Eu brinco que a gente quer tirar o pessoal da Faria Lima e levar para o interior para sujar a botina de barro. Queremos criar um modelo diferente e estar muito presentes nas cidades interioranas, que são mais carentes de conhecimento e de acesso de forma geral”, afirma.

Por que BH?

Segundo Lima, que morou 10 anos no exterior atuando na Tecnologia da Informação, todas as vezes que precisou de recursos, buscou na capital mineira. Para ele, os profissionais de BH são “extremamente competentes, comprometidos com as entregas, dedicados e dispostos”, além de oferecerem um custo “adequado”.

“Nosso custo, comparado ao de outros grandes centros como São Paulo e Rio, é bem menor para profissionais do mesmo nível. Nós, mineiros, somos mais comprometidos com as responsabilidades do que em outros grandes centros, na minha visão. Esse é o diferencial que faz com que as startups que nascem aqui, centradas nessa mão de obra, tenham um potencial muito maior de dar certo e alcançar mais sucesso”, completa.

Edifício Niemeyer, de uso residencial, na Praça da Liberdade. | Foto: reprodução/ Pixabay

O que precisa avançar em 2026?

Para Lima, o que falta são mais treinamentos e qualificações que busquem estimular nas pessoas o interesse em empreender.

“Quero só reforçar esse ponto das universidades e do ambiente do ecossistema de tecnologia, de forma geral: é preciso fomentar nos estudantes o conceito de empreendedorismo e de autonomia, estimulando que sejam mais criativos. Acho que isso é realmente importante e pode mudar tanto a imagem quanto o volume de startups nascendo na região”, conclui.

Ecossistema em BH tem jeito próprio de ‘trocar’, diz diretora do Órbi

A diretora do Instituto de Ciência e Tecnologia Órbi, Francis Aquino, avalia que Belo Horizonte tem muitos pontos positivos que fortalecem sua presença de destaque no cenário de inovação brasileiro. Segundo ela, o ecossistema belo-horizontino é marcado pela experimentação e vive, desde o pós-pandemia, um momento de ressignificar seu próprio modelo de negócio.

Site do Instituto de Ciência e Tecnologia Órbi. | Imagem: captura de tela/ Órbi

“Qual é a nossa entrega de valor? Por que estar em BH? O que faz um hub parecer menos Faria Lima e mais pão de queijo, café e broa de fubá? O Órbi acaba de completar oito anos e começamos 2025 com essa pergunta, buscando resgatar nossa identidade: o que temos que as pessoas mais valorizam, que é o nosso jeito de trocar. Temos um público muito qualificado e crítico, dada a nossa qualidade de formação no município, de forma geral”, diz.

Criado em 2017, o Órbi é um hub de inovação e tecnologia instalado na Instituição Científica Tecnológica (ICT), com o propósito de conectar empresas, academia, governo e comunidades para desenvolver soluções de impacto real e sustentável. Neste mês, em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), o Órbi lançou o Sinduscon Lab, iniciativa voltada à qualificação e modernização dos processos na construção civil.

O que precisa avançar em 2026?

Segundo Francis Aquino, a Capital conta com um ecossistema rico e diverso, mas que precisa dialogar mais e comunicar melhor. “A gente tem fomentado esse movimento de conversa, para não ser ‘egossistema’, mas aqui somos fortes em qualidade. E estamos aprendendo a comunicar melhor a riqueza que sempre tivemos. O mineiro de Belo Horizonte é um padrão de qualidade — isso é um fato —, mas também somos humildes. A gente fala pequenininho e pensa grandão”, avaliou.

A diretora do Órbi, Francis Aquino. | Foto: Camila Rocha/ reprodução/ Instagram @afrancisaquino

Outra questão que precisa avançar, de acordo com a especialista, é a disponibilidade orçamentária no município e no Estado. Embora ela reconheça que entes públicos realizem investimentos com resultados muito positivos — como a vacina da dengue desenvolvida no CT-Vacinas, centro de pesquisas em biotecnologia criado em 2016 por meio de parceria entre a UFMG, a Fiocruz-Minas e o BH-TEC —, ainda é possível ampliar a captação.

“É mais dinheiro, mais investimento para bons projetos. Editais e captação de recursos. Tem projeto bom e está faltando dinheiro. Precisamos de mais recursos especificamente para tecnologia e inovação. E aí entra a necessidade de uma força do estado e do município para fomentar, em formatos que permitam a participação das startups já em funcionamento, para que ampliem seu desenvolvimento”, avalia.

Para avançar mais, BH deve melhorar relação entre academia e setor produtivo, diz subsecretário

Minas Gerais soma 1.300 startups, sendo que 42% delas (547) estão na Capital, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG). A quantidade desses jovens negócios, gerados ou recepcionados na cidade — o que torna BH o terceiro município com o maior número de startups no Brasil — é explicada, segundo o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Sede-MG, Lucas Mendes, por diversos fatores.

O subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Sede-MG, Lucas Mendes. | Foto: Reprodução/ LinkedIn/ Lucas Mendes de Faria Rosa Soares

Um dos principais fatores são os investimentos estaduais no setor: em 2024, por meio da pasta e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), foram executados mais de R$ 530 milhões nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), sendo mais de R$ 92 milhões apenas em inovação em todo o território mineiro. Neste ano, mais de R$ 500 milhões já haviam sido aplicados em CT&I até outubro, em iniciativas como o Compete Minas, que disponibiliza entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões por ano, desde 2022, para projetos de inovação e desenvolvimento tecnológico.

Outro fator é a presença de instituições de Venture Capital (VC), para financiamento de risco, e de Venture Builder (VB), que fornecem apoio intelectual e operacional às startups. O subsecretário também cita os fóruns de inovação, como o Minas Summit, que ajudam a aumentar a atratividade, trazendo empresas de fora para o Estado. Por fim, Mendes destaca a importância da academia e da produção de conhecimento.

“Temos o Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), que é um dos mais reconhecidos no País e que tem ganhado uma série de prêmios; uma das melhores universidades do País e, em alguns cursos, a melhor da América Latina, que é a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); temos uma PUC Minas muito forte, ou seja, instituições privadas produzindo não só conhecimento como mão de obra. A gente tem o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) muito pujante, inclusive desenvolvendo projetos de startups”, elenca.

Sede do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) fica na Pampulha. | Foto: divulgação/ BH-TEC

Com sede no bairro Engenho Nogueira, na Pampulha, o BH-TEC presta serviços em gestão, networking e acesso a financiamento, além de abrigar empresas dedicadas à pesquisa, produção de novas tecnologias e centros públicos e privados de Pesquisa & Desenvolvimento. O parque tem como sócios-fundadores a UFMG, o governo de Minas, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e o Sebrae-MG.

“O que fazemos é gerar oportunidades. Mas o que gera, de fato, o valor são os atores que participam desses programas: as startups, os pesquisadores, os ambientes promotores de inovação. Belo Horizonte se destaca exatamente porque possui um ecossistema pujante e sustentável, e porque essas organizações existem e existirão independentemente dos nossos recursos, pois geram valor e formam um ecossistema maduro. As empresas se relacionam, geram e negociam suas oportunidades, e o Estado quer potencializá-las”, diz.

Para o ano que vem, a expectativa do governo é de um orçamento da Fapemig entre R$ 600 e R$ 620 milhões. Entre os investimentos previstos estão:

  • Quinta rodada do Compete Minas no primeiro trimestre, com aporte entre R$ 50 e R$ 100 milhões;
  • Lançamento de uma chamada para startups, no mesmo período, ainda sem nomenclatura definida, com valor entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões;
  • Nova edição do HubMG GOV — desafios públicos para que startups apresentem soluções —, com aporte de R$ 20 milhões;
  • Nova edição do Eventech Minas, chamada para eventos de inovação, com cerca de R$ 3 milhões.

O que precisa avançar em 2026?

A sede da Fapemig, no Horto, na região Leste de BH. | Foto: divulgação/ Fapemig

Conforme o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Sede-MG, Lucas Mendes, Belo Horizonte enfrenta, assim como outras cidades, alguns dificultadores que impedem um avanço ainda maior no cenário de inovação e startups. O primeiro deles é a captação de recursos junto às instituições federais. Segundo ele, a pasta tem se mobilizado para apoiar as instituições mineiras, de modo que, mais organizadas, consigam estruturar melhor seus projetos e, assim, melhorar a taxa de captação junto às agências federais de fomento.

“Hoje o Estado investe, em média, mais via Fapemig do que pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por exemplo”, diz, citando duas iniciativas de apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Outro desafio, segundo Lucas Mendes, envolve conectar melhor os atores do ecossistema de inovação — mostrando ao setor produtivo os benefícios e potencialidades da academia e, à academia, como interagir mais com o setor produtivo, de forma a “desburocratizar essas relações”. Segundo ele, há estados que têm se destacado no cenário de inovação, como São Paulo, Rio de Janeiro e alguns da região Sul, onde essa interação ocorre com mais naturalidade.

A Igreja São Francisco de Assis. | Foto: reprodução/ Pixabay

“Então, é mostrar essa potência que nós temos. Somos o estado com o maior número de instituições públicas de ensino superior. Temos unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que garantem projetos industriais a baixíssimo custo para as empresas. Temos incubadoras capazes de garantir o sucesso e o início de startups e de empresas de base tecnológica. Temos parques tecnológicos onde essas empresas conseguem se instalar a baixo custo. Então, acho que precisamos apresentar mais o nosso ecossistema para esses atores. Às vezes, acabamos sendo mais conhecidos por quem vem de fora do que internamente”, encerra.

Prefeitura quer levar startups para o Centro, diz secretário municipal

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Relações Internacionais de Belo Horizonte, Adriano Faria, lembra que a Capital tem uma forte tradição de comércio e de serviços bancários, com grandes instituições financeiras que nasceram décadas atrás na cidade e hoje têm atuação nacional. Essa expertise também se reflete nas startups, especialmente nas fintechs: “Financeiras e empresas de crédito são um mercado bem robusto e têm ligação com o início da cidade, com os primeiros empreendedores que investiram aqui”.

Outra potência que envolve tecnologia e startups é o segmento da saúde: “São as ciências da vida, que compreendem não só hospitais e clínicas, mas também medicamentos e a indústria farmacêutica. BH serve de acesso à saúde para boa parte do Estado. Ao contrário de outros locais do País, BH tem um sistema robusto de saúde pensado para atender não só as cidades da região metropolitana, mas também todo o estado, principalmente à medida que a complexidade do atendimento aumenta”.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Relações Internacionais de Belo Horizonte, Adriano Faria. | Foto: Reprodução/ PBH

Ele também cita a economia criativa como um terceiro forte segmento ligado à tecnologia e às startups. “Incluímos aqui a inovação, a tecnologia, bares e restaurantes, a vida noturna. É o setor que mais cresce e que tem ganhado relevância na última década, inclusive com estabelecimentos que surgem em locais que não eram tradicionais, como no entorno da Praça da Estação, na Praça Raul Soares e aproveitando o movimento do Mercado Novo. Então, esses são os setores que destaco como os mais robustos e promissores”, afirma.

Adriano Faria lembra ainda que, na época da chegada do Google em BH, pouco estímulo era promovido pela Prefeitura para apoiar o ambiente, que se desenvolvia principalmente por movimentos de mercado. Nos últimos anos, porém, a cidade tem amadurecido e passado a adotar políticas mais estruturadas para fortalecer o cenário de inovação. Ele cita o Programa de Incentivo à Instalação e Ampliação de Empresa (Proemp), criado em 2019 para fomentar a instalação e expansão de empreendimentos e novas unidades de base tecnológica.

“As startups vêm para o município e são beneficiadas com a alíquota mínima de Imposto sobre Serviços (ISS), que é de 2%. Isso vale tanto para atrair startups quanto para reter aquelas que estão em fase de expansão”, afirma. Outros incentivos incluem o BHLab, política de inovação aberta instituída em 2023 e voltada a induzir processos inovadores na administração pública, e o PBH Inova, edital de inovação também direcionado ao setor público.

O que precisa avançar em 2026?

Centro de BH. | Foto: Diário do Comércio / Leonardo Morais

Para o próximo ano, a Prefeitura estuda, segundo Faria, aprimorar o funcionamento do Proemp, com incentivos fiscais mais robustos e acessíveis. No entanto, para o secretário municipal, o principal desafio para o fortalecimento do cenário de inovação na Capital passa por consolidar um senso de comunidade mais forte.

“Quanto maior fica o setor, mais difícil é se organizar, ainda mais quando se trata de um segmento tão específico como o de tecnologia. Outras cidades que tiveram um início mais estruturado nesse universo da inovação conseguiram se organizar melhor. Então, o nosso desafio é realmente nos fortalecer enquanto comunidade. A expectativa é de uma retomada dessa organização, como já ocorreu na época do San Pedro Valley. E temos tido sinalizações de que estamos voltando a esse rumo”, declarou.

Por fim, Faria explica que a PBH enviou um projeto à Câmara Municipal para estimular o desenvolvimento do hipercentro e de seus bairros vizinhos, com o objetivo de ampliar o segmento da economia criativa, atraindo mais startups para a região.

Trata-se do Projeto de Lei 574/2025, que institui a Operação Urbana Simplificada (OUS) Regeneração dos Bairros do Centro, abrangendo Centro, Barro Preto e Colégio Batista e, parcialmente, os bairros Carlos Prates, Bonfim, Lagoinha, Concórdia, Floresta, Santa Efigênia e Boa Viagem. A proposição, que começou a tramitar em 2 de dezembro, estabelece, entre outros pontos, critérios para concessão de isenções tributárias a empreendedores e prevê:

  • Melhoria do sistema de circulação e da mobilidade urbana de BH e da Região Metropolitana, reduzindo a necessidade de deslocamentos pendulares;
  • Incentivo à oferta de moradias na área central e à implantação de empreendimentos de interesse social, aproximando habitação e emprego;
  • Recuperação de equipamentos, espaços públicos e áreas verdes por meio da atração de investimentos e estímulo ao uso pela população;
  • Proteção do patrimônio cultural, com incentivo ao restauro e preservação de imóveis.

A medida, que recebeu aval da Comissão de Legislação e Justiça em primeiro turno, segue agora para análise de outras comissões antes de ser votada em Plenário.

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