Movimentação de cargas no BH Airport cresce 8%

A BH Airport, administradora do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, localizado em Confins (RMBH), enfrenta realidades distintas no braço de movimentação de cargas do Hub Logístico Intermodal. Enquanto o terminal de cargas vem apresentando aumento no volume de itens transportados ano a ano, o Aeroporto Industrial, único do País, ainda não decolou.
O novo modelo de negócio para a área, lançado pela concessionária em 2023, prometeu um “céu de brigadeiro” com duas opções personalizadas e flexíveis para impulsionar a operação: Estoque Avançado e Entreposto Industrial. Mas, passado um ano, o cenário pouco mudou. Isso porque nenhuma nova empresa se instalou no local.
Porém, conforme o gestor de Produtos e Serviços Aeroportuários e Cargo do BH Airport, Geovane Medina, a Clamper, empresa fabricante de itens eletrônicos, já optou por alterar seu formato de atuação, e um negócio no setor automotivo deverá dar início às atividades no espaço, agora chamado de Condomínio Logístico Industrial, nos próximos meses.
“Remodelamos o formato e passamos a oferecer duas opções de negócios, porque no dia a dia do mercado, entendemos as necessidades das empresas e vimos a oportunidade para alavancar esse braço da operação. Agora, estamos trabalhando com os principais stakeholders, incluindo governo, agências e bancos de fomento para atrair mais empresas para o Vetor Norte da RMBH”, explica.
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Por outro lado, a movimentação de cargas no Terminal de Cargas tem consolidado o BH Airport como Hub Logístico Intermodal. Para se ter uma ideia, apenas em 2023 foram 28 mil toneladas de carga movimentadas, volume 8% maior que o registrado em 2022 (26 mil toneladas). Já para este exercício, a meta é crescer entre 8% e 10%. Caso a projeção se confirme, este número poderá saltar para 30,8 mil toneladas ao final de 2024.

“Um dos principais diferenciais que tem permitido esse volume crescer ano a ano diz respeito à característica multimodal. Não atuamos apenas com a carga aérea, que é nossa zona primária, mas também com marítima e rodoviária. Ambas são opções que interessam a clientes de todas as regiões do Brasil, isso nos permite trabalhar com cargas de diferentes localidades e não apenas com as de Minas Gerais”, explica.
Assim, embora Minas não tenha mar, o hub acaba funcionando como um porto, já que cargas marítimas são trazidas para serem desembaraçadas no BH Airport, via escoamento rodoviário. O mesmo acontece com itens desembarcados nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos.
“Nestes casos, temos dois stakeholders importantes: o próprio importador e o agente de carga – que algumas vezes chega a ser mais determinante que o importador. Trabalhamos com tabela de preços diferenciados para ambos, oferecendo uma solução completa ponta a ponta para o cliente. Fazemos a otimização no custo da cadeia logística e ainda oferecemos a garantia da segurança, pois somos o único recinto alfandegado de Minas Gerais com fiscalização disponível 24 horas”, argumenta.
O mesmo procedimento e diferenciais acontecem com os produtos que chegam do exterior diretamente no BH Airport, em Confins. Hoje, o principal aeroporto de Minas Gerais conta com um voo cargueiro com frequência semanal para os Estados Unidos. E, conforme Medina, a administração já trabalha para implementar uma rota via Europa também. Neste caso, hoje é feito nos porões dos voos comerciais da TAP, na modalidade belly.
Números do terminal de cargas do BH Airport
Do total transportado em 2023, 44% foi aéreo direto, 19% aéreo/rodoviário, 28% marítimo/rodoviário e 9% cargueiro. E os setores mais atendidos no ano que passou foram: ciência da vida, mineração, tecnologia e automobilístico.
Além disso, as mercadorias que deixaram o Estado via o BH Airport se destinaram principalmente aos seguintes locais: EUA (Florida), Europa (Lisboa), América do Sul (Argentina, Chile, Bogotá e Curaçao) e América Central (Panamá, que é importante centro de ligação de cargas para América do Sul e América do Norte).

Aeroporto Industrial, em Confins, foi transformado em Condomínio Logístico Industrial
A área que ficou conhecida como Aeroporto Industrial, que começou a ser desenvolvida há quase uma década pelo governo estadual, chegou a ser trabalhada pela concessionária que administra o aeroporto. Porém, sem êxito, o projeto teve seu modelo de negócio reformulado e rebatizado de
Condomínio Logístico Industrial. Conforme a BH Airport, o objetivo continua sendo o mesmo: atrair empresas para o sítio aeroportuário. A diferença é que, agora, são oferecidos dois tipos de serviços: Entreposto Industrial e Estoque Avançado.
Conforme Medina, na prática, a mudança no formato de negociação no antigo Aeroporto Industrial favorece perfis empresariais que movimentam matérias-primas importadas, enquadradas no modelo de Estoque Avançado, que utilizam processos de segurança, tecnologia e operação de uma área industrial sem anuência da Receita Federal do Brasil.
“Aqui, a gestão de estoque passa a ser responsabilidade da própria empresa, que continua contando com a estrutura e serviços do Terminal de Cargas do BH Airport como entreposto aduaneiro comum, com armazenamento de cargas e liberação parcial, de acordo com a necessidade”, detalha.
Já o formato de Entreposto Aduaneiro Industrial segue ativo e atendendo empresas focadas em exportação, mantendo a adequação de processos de um recinto alfandegado e os benefícios de isenção tributária. Neste caso, a gestão de estoque continua sendo operacionalizada pela equipe do BH Airport, e os processos de segurança, tecnologia e operação seguem os padrões da Receita Federal do Brasil.
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