BH tem poucos imóveis econômicos à venda

Do total do estoque de apartamentos novos disponíveis para venda em maio de 2023, em Belo Horizonte e Nova Lima, somente 1,8%, ou 56 unidades, eram do padrão econômico, ou seja, unidades até R$ 248 mil.
O estilo perdeu espaço nas vendas e na oferta das construtoras, mas devem voltar a ganhar atenção com as mudanças do programa Minha Casa, Minha Vida. Os dados sobre o desempenho do mercado imobiliário foram divulgados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
De uma forma geral, as vendas de apartamentos novos em Belo Horizonte e Nova Lima caíram 25,5% se comparados com o mês anterior. O número de unidades vendidas caiu de 412 em abril para 307 em maio. Essa foi a segunda queda consecutiva na comercialização de imóveis e a quarta redução registrada este ano.
Quando analisados o número de lançamentos, a queda foi ainda mais intensa, 52,8%, passando de 282 unidades lançadas em abril, para 133 unidades lançadas em maio. Um resultado que, de acordo com a economista do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, pode ser compreendido em função do alto patamar lançado nos primeiros dois meses do ano, quando foram lançadas 708 unidades imobiliárias em janeiro e 603, em fevereiro.
“Em vista do novo plano diretor que entraria em vigor em fevereiro na cidade, percebemos uma corrida para o aproveitamento do plano diretor antigo, uma vez que o plano atual é mais restritivo”, explicou.
No mês de maio, das 307 unidades vendidas em Belo Horizonte e Nova Lima, 107 unidades, ou 34,9%, estavam no padrão standard, apartamentos vendidos entre R$ 248 mil até R$ 500 mil. E 103 unidades, ou 33,6%, do padrão luxo, com unidades entre R$1,5 milhão a R$ 3 milhões.
Em relação aos lançamentos registrados em maio deste ano, do total de 133 unidades, observou-se que 84 (63,2%) possuíam valores entre R$ 1,5 milhão até R$ 3 milhões. No padrão econômico, nenhuma unidade foi lançada.
Na comparação dos resultados dos lançamentos, por padrão, com o mês de maio de 2022, notou-se uma queda da participação do padrão econômico significativo. Enquanto em 2022, o padrão econômico representou 36,6% das vendas, este ano não houve lançamento no segmento.
Ao comparar as unidades vendidas por padrão e compará-las também com o mesmo mês do ano anterior, os dados também mostram queda da participação do padrão econômico. Em maio de 2022, o padrão econômico representava 25,9% das vendas, neste ano representa 12,1%.
No mesmo período, observa-se o incremento dos padrões alto, luxo e superluxo. Enquanto as vendas do padrão alto, de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão, registrou participação de 4,5%, em 2022, o de luxo, de R$ 1,5 milhão a R$ 3 milhões, 11,2% e o superluxo, acima de R$ 3 milhões, 0,9% no ano passado. Este ano, eles registraram 7,8%, 33,6% e 8,5%, respectivamente em 2023.
Ieda Vasconcelos explica que os imóveis de luxo e alto padrão sentem menos os efeitos da economia. “Os imóveis de maior valor são menos sensíveis a aumento de custos e taxas de juros mais elevadas. Exatamente o oposto dos de padrão econômico”, justifica.
Outro fator que ela apresenta são os custos que encareceram muito nos últimos dois anos. Além deles, a falta de terrenos na capital mineira é outro fator que dificulta o lançamento de imóveis de padrão econômico, já que as áreas disponíveis são mais caras, interferindo no valor do imóvel.
Boas perspectivas
Ela destaca que as mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida podem ajudar o segmento. Entre elas está o subsídio máximo para famílias com renda mensal de até R$ 2.640 (faixa 1) e até R$ 4,4 mil (faixa 2), que passou de R$ 47 mil para até R$ 55 mil. Com a alteração, o teto dos imóveis para as faixas 1 e 2 vai variar de R$ 190 mil até R$ 264 mil, de acordo com a população local.
Além disso, foi ampliado o valor máximo do imóvel que pode ser comprado pelas famílias com renda que varia entre R$ 4,4 mil e R$ 8 mil (faixa 3), que passou de R$ 264 mil para até R$ 350 mil em todos os estados. “O programa abordou demandas que o setor precisava e trouxe melhores condições para atender a fatia que estava sem possibilidades de participar do mercado”, disse.
Acumulado do ano
O resultado acumulado de janeiro a maio de 2023 de lançamentos teve alta de 14,14%, em relação ao mesmo período do ano anterior.
Nos primeiros cinco meses de 2023, as vendas cresceram 13,41%. Se juntadas aos lançamentos e à oferta, de janeiro a maio deste ano, elas registraram o segundo melhor patamar da série histórica para o período, informou Ieda.
Estoques disponíveis
Outro dado que chamou atenção no levantamento foi o número de unidades disponíveis para comercialização em Belo Horizonte e Nova Lima, considerado baixo. Enquanto a cidade de Goiânia (GO), por exemplo, havia mais de 11 mil unidades disponíveis e Curitiba (PR) quase 10 mil, no mês de maio, Belo Horizonte e Nova Lima ofereciam pouco mais de 3 mil unidades (3.166). A economista explicou que está aí mais um motivo da queda nas vendas. “Sem oferta, não há vendas”, ressaltou.
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