Economia

Biomassa ultrapassa as térmicas a gás na geração de energia no Brasil em 2022

Minas ocupa o terceiro lugar no ranking dos estados que produzem eletricidade com biomassa, aponta a Unica
Biomassa ultrapassa as térmicas a gás na geração de energia no Brasil em 2022
Geração de bioeletricidade no Brasil no ano passado foi o equivalente a 26% da produção de energia elétrica da Usina Itaipu | Crédito: Mayke Toscano/Gcom-MT

A produção de bioeletricidade em geral para a rede elétrica atingiu 25,5 mil GWh em 2022, o que representa 4,3% da geração total produzida no País, segundo levantamento divulgado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). O “Bioeletricidade em Números”, ano-base 2022, mostra que Minas Gerais ocupa a terceira posição na geração, com 11,8% do total nacional.

Além de Minas, mais outros cinco estados respondem por 90,5% do total da geração da bioeletricidade para a rede, sendo o primeiro lugar ocupado por São Paulo (42,6%), seguido pelo Mato Grosso do Sul (12,8%). As demais posições são ocupadas por Paraná (11%), Goiás (10%) e Mato Grosso (2,2%). Todos esses estados ficam na chamada região Centro-Sul sucroenergética.

Enquanto São Paulo teve acréscimo de 1,3% em sua geração total em 2022 em relação a 2021, Minas Gerais, em igual comparação, registrou queda de 4,6%.

Sem considerar a parcela da produção de bioeletricidade para o autoconsumo industrial, essa geração inclui as diversas biomassas, como bagaço e palha de cana, biogás, lixívia, resíduos de madeira, dentre outras, e ocupou a terceira posição na matriz de oferta de energia à rede em 2022, com alta de 0,5% em relação ao ano anterior, resultando numa oferta que superou a das térmicas a gás, cuja produção para a rede foi de 22.826 GWh em 2022.

De acordo com o gerente em Bioeletricidade da Unica, Zilmar Souza, os 25,5 mil GWh ofertados à rede pela bioeletricidade em 2022 foram equivalentes a 26% da produção de energia elétrica pela Usina Itaipu ou 48% da geração pelo Complexo Belo Monte no ano passado.

Para ele, a “biomassa é coirmã da fonte fotovoltaica e eólica”. O especialista explica que a geração pela biomassa é uma produção não intermitente, no máximo sazonal, ainda que haja térmicas a biomassa que já produzam o ano inteiro. O gerente acrescenta que geração para a rede pela fonte biomassa acompanha principalmente o período de colheita da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil. “Dessa forma, acaba coincidindo também com o período seco e crítico no setor elétrico brasileiro, que vai de maio a novembro a cada ano”, observa. Em 2022, 82% da geração de bioeletricidade para a rede foi ofertada justamente entre maio e novembro.

Setor sucroenergético respondeu por mais de 70% da oferta em 2022

No ano passado, a geração pelo setor sucroenergético para a rede elétrica foi de 18,4 mil GWh, capaz de atender 9,3 milhões de unidades consumidoras residenciais, conforme levantamento divulgado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). Apesar da queda de 8,9% na geração em relação a 2021, a oferta de bioeletricidade sucroenergética representou 72% da produção total, seguida pelo licor negro com 20% e pelo biogás com 4%.

Os dados do levantamento mostram que esses 18,4 mil GWh foram equivalentes a 26% da geração de energia elétrica pela Usina Itaipu, 50% da geração pelo Complexo Belo Monte ou 81% de toda a geração termelétrica a gás em 2022.

O gerente em Bioeletricidade da Unica, Zilmar Souza, ressalta que a geração do segmento sucroenergético tem vantagens ambientais, como a redução das emissões de CO2 estimadas em quase 4 milhões de toneladas, marca que somente seria atingida com o cultivo de 27 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos.

Nos últimos 15 anos (2008-2022), a geração acumulada de bioeletricidade sucroenergética para a rede foi de 238.105 GWh. Essa geração seria suficiente para suprir o consumo de energia elétrica do mundo por quatro dias; da União Europeia por 31 dias; de Portugal por mais de quatro anos; da Argentina por dois anos; e do Brasil por quase seis meses e da região Sudeste do País por um ano.

Para Souza, é importante estabelecer uma política setorial estimulante e de longo prazo para a bioeletricidade e o biogás, que deve envolver o esforço conjunto de agentes públicos e privados.

O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, ressalta que o setor é autossuficiente em termos de energia. “A biomassa é importante, cresceu bastante e ainda tem um potencial tremendo que é subaproveitado”, diz.

Ele conta que em Minas, das 36 unidades produtoras do segmento, somente 23 exportam energia. Número que deve subir no próximo ano, chegando a 24. Ele ressalta que para incentivar os investimentos de geração de energia do setor é necessário que o preço pago justifique as inversões, o que não acontece hoje.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas