Black Friday 2025: aumento da intenção de compra em BH deixa consumidores atentos e lojistas confiantes

A Black Friday de 2025 promete ser uma das mais movimentadas em Belo Horizonte e no País. De acordo com uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG), a intenção de compra cresceu neste ano. Segundo o levantamento, 29,22% da população da Capital pretende aproveitar a Black Friday em 2025, um avanço em relação aos 26,03% observados em 2024.

O gerente de pesquisas do Ipead, Eduardo Antunes, explica que o aumento na intenção de compra é uma “tentativa de aproveitar melhor os preços” dos produtos em promoção nesse período.

“O poder aquisitivo da população anda comprometido com crédito mais caro e essa época é boa para tentar adquirir algum produto de interesse com melhores condições, tanto no valor quanto nas condições de financiamento,” afirma Antunes.

A pesquisa do Ipead também aponta uma queda no número de pessoas que não pretendem comprar, passando de 48,40% em 2024 para 35,16% em 2025. Para o economista do Ipead, isso reflete um possível “represamento” de compras do ano passado.

“Em 2024 a situação econômica como um todo estava pior do que agora e isso gerou um represamento que pode ter causado otimismo maior para tentar aproveitar promoções em 2025”, avalia.

Para o Antunes, o consumidor está mais disposto neste ano impulsionado pelas compras de fim de ano e pelas oportunidades da Black Friday. “Não necessariamente ele está otimista com a economia em geral, mas essa época gera uma grande procura por presentes e produtos para as festividades de fim de ano”.

Saiba quais são os produtos mais procurados na Black Friday

A pesquisa do Ipead mostra que, entre as categorias mais procuradas para as compras na Black Friday, roupas e acessórios lideram, seguidas de eletrônicos e eletrodomésticos. Veja a lista dos itens mais citados pelos consumidores:

• Roupas, calçados e acessórios (relógio, joias, bijuterias): 39,06%
• Eletrônicos (TV, videogame, smartphone): 31,25%
• Eletrodomésticos (máquina de lavar, airfryer, geladeira): 29,69%
• Beleza e perfumaria (cremes, maquiagem): 23,44%
• Outros: 18,75%
• Informática (Notebook, computador): 15,63%
• Brinquedos em geral: 10,94%
• Viagens (Pacotes, passagens aéreas, etc): 10,94%
• Móveis (guarda-roupa, cama, sofá, mesa de jantar): 9,38%

Segundo o levantamento, as mulheres têm intenção de compra maior (34,86%) do que os homens (23,64%). Antunes associa essa diferença a comportamentos distintos de consumo.

“As mulheres notadamente buscam condições mais vantajosas para a aquisição de produtos. Pesquisam mais. Homens são mais diretos e compram mais quando encontram o produto”, explica.

Lojistas apostam em descontos e esperam desempenho melhor

Enquanto os consumidores se mostram mais dispostos a comprar, os lojistas também demonstram confiança. Uma pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojas de Belo Horizonte (CDL/BH) aponta que quase 70% dos comerciantes acreditam que a Black Friday de 2025 será melhor do que a de 2024.

Para aproveitar o momento, os empresários estão investindo em:

• Descontos expressivos (87,5%)
• Divulgação reforçada (85,7%)
• Facilidades de pagamento (51,79%)
• Uso de mídias sociais (12,5%)

O presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, destaca a importância da data para impulsionar também as vendas de Natal.

“Os lojistas estão com boas expectativas para a data e quase 70% acreditam que este ano será melhor que o passado. Por isso, eles estão adotando estratégias que atraiam os consumidores e, de preferência, os fidelizem para as vendas de Natal”, diz.

Consumidor mais estratégico, mas ainda suscetível a impulsos

Conforme os dados levantados pela CDL/BH, o consumidor está mais cuidadoso: a maioria acompanha preços há meses e compara condições de pagamento antes de fechar negócio. Mesmo assim, há espaço para decisões por impulso, especialmente quando o desconto chama atenção.

“O consumidor atual é mais estratégico, que combina planejamento e impulsividade na mesma jornada de compra. Ele pesquisa preços, compara opções, mas está pronto para comprar diante de boas oportunidades”, afirma Souza e Silva.

O “auto-presente” também aparece como tendência relevante: itens de desejo pessoal influenciam 19,6% das decisões, com tíquete médio mais alto e menor volume de produtos.

Cautela nas compras on-line e risco de endividamento

Apesar do otimismo, o alerta é para o consumo consciente, sobretudo no ambiente digital. Um estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com o SPC Brasil aponta que 62% dos consumidores admitem fazer compras não planejadas pela internet, o que leva quatro em cada dez (40%) a gastar mais do que deveriam.

Os principais gatilhos do consumo impulsivo online incluem:

• Promoções (54%)
• Frete grátis (45%)
• Lançamentos (25%)
• Descontos com tempo limitado (22%)
• Avaliações positivas (19%)

Um ponto importante levantado pelo Ipead é o avanço do comércio eletrônico sobre o varejo tradicional. Para Antunes, o impacto é direto. “A concorrência com o comércio eletrônico é o grande embate. Os descontos em lojas na web são muito grandes em comparação às lojas físicas, que precisam investir nessa modalidade para concorrer em um mercado tão competitivo”, ressalta.

Orientações para evitar prejuízos pós Black Friday

O gerente de pesquisas do Ipead também deixa um alerta importante para quem pretende aproveitar as ofertas. “Sempre pesquisar anteriormente os produtos que querem adquirir e ter uma noção se realmente o preço do produto que ele está adquirindo está em promoção ou não”.

Ele ressalta o risco de promoções “falsas” e do excesso de compras. “A tentação para adquirir vários produtos em promoção pode causar um rombo difícil de sair futuramente. Nunca devemos esquecer que a virada do ano sempre nos reserva várias obrigações que pesam muito no orçamento (IPTU, IPVA, mensalidade escolar, etc).”

O presidente da CDL/BH reforça a importância de um consumo responsável. “Um consumo responsável protege o orçamento das famílias e contribui para um ambiente de negócios mais saudável, evitando que mais pessoas fiquem inadimplentes e com o acesso restrito ao crédito”, finaliza Souza e Silva.