Economia

Black Friday gera expectativas diferentes entre os setores da indústria em Minas

Segmento calçadista, por exemplo, diz que lojista está mais conservador, já joalherias celebram resultados das encomendas, que ficaram acima do esperado
Black Friday gera expectativas diferentes entre os setores da indústria em Minas
Black Friday já se tornou data importante para varejo brasileiro no último trimestre de todos os anos | Foto: Reprodução Site CDL-BH

A chegada da Black Friday tem gerado expectativas distintas entre os setores da indústria de Minas Gerais neste ano. Se por um lado, a indústria calçadista revê as expectativas de produção para baixo, devido a uma postura mais cautelosa dos lojistas em relação às vendas, o segmento de joias obteve resultados acima do esperado, com crescimento de até 10%.

O vice-presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Bruno Duarte, explica que o polo obteve um crescimento de 3% no ano passado em relação ao ano anterior, mas que, neste ano, a tendência é que o incremento seja menor.

Primeiro, a já conhecida dificuldade que acomete não somente o setor calçadista, mas diversos segmentos da economia mineira – a falta de mão de obra qualificada. A lacuna na força de trabalho por si só, pontua, limita a capacidade produtiva do polo de Nova Serrana.

Segundo e ainda mais importante, é um planejamento de vendas mais conservador dos lojistas, receosos de que este ano a Black Friday não vai atrair o mesmo volume de vendas de calçados de outrora. Ele considera que o momento seja reflexo do alto endividamento das famílias, que, por consequência, inibe o consumo.

“O setor vem sofrendo com a queda no varejo, na ponta final de todo o processo do calçado. Isso afetou muito, principalmente em setembro, os recebimentos por parte dos lojistas. Eles estão mais receosos, não receberam o que podiam”, explica Duarte.

Mesmo com encomendas mais fragmentadas para o polo de Nova Serrana, o vice-presidente do Sindinova não acredita que o polo calçadista registre nos balanços das fábricas uma queda que faça inverter o crescimento de 3% obtido no ano passado em relação ao ano anterior. Ainda assim, a revisão de resultados foi totalmente diversa do esperado no início do ano.

“Chegamos até relativamente bem, todo polo, até o mês de agosto, com as dificuldades normais que todo ano tem. O que a gente sentiu e está sentindo um pouco mais dificuldade agora é no último trimestre, que nem começou, ‘começou’ em setembro”, lamenta.

Apesar dos pesares da Black Friday, o representante do polo calçadista de Nova Serrana não entrega os pontos para o pessimismo e acredita numa possibilidade de reversão logo no início do próximo ano. “Não foi a primeira vez que nós passamos por isso, não vai ser a última e se os lojistas acertarem em ser conservadores, em janeiro vamos ter os estoques das lojas mais baixos e vamos ter uma possibilidade de um primeiro trimestre de 2026 muito bom”, disse.

Mesmo com cotações recordes, Black Friday ainda é oportunidade para joias de ouro

Já para o segmento joalheiro a Black Friday deste ano foi inversamente proporcional. A vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias no Estado de Minas Gerais (Sindijoias-MG), Graciele Reis, celebra um resultado expressivo na produção.

“A gente está vendo de forma positiva, porque houve um acréscimo com essa demanda, na expectativa de que realmente a Black Friday vá acontecer para o nosso consumidor final”, afirma. “Vou aproximar para algo na faixa de 10% do ano passado para agora. E temos uma expectativa muito grande ainda que muita revendedora, lojista, vai acabar de abastecer agora com o Minas Trend, na semana que vem”, completa.

O resultado das encomendas para a Black Friday, ressalta, ficou acima do esperado pelo segmento. E o movimento deve-se muito à cotação do ouro, matéria-prima essencial para a indústria joalheira, já que o metal precioso tem batido cotações recordes nos últimos anos.

“Estamos com uma cotação muito alta. Acaba que, nosso segmento, o consumidor final não vai deixar de comprar aquele adorno, aquela peça sentimental, fundamental para o look da festa de final de ano. Ele vai acabar substituindo dentro da nossa categoria o colar que vai querer, que pode adquirir”, explica a vice-presidente do Sindijoias.

Ainda que a cotação do ouro nas alturas impulsione a venda de bijuterias e folheados, Graciele Reis pontua que as promoções encontradas na Black Friday também criam oportunidades para o setor encontrar novos clientes para itens do metal precioso. “Para o segmento do ouro é uma excelente oportunidade para vencer essa outra essa objeção econômica que passa pelo mercado nacional e internacional”, argumenta.

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