Economia

Bolsa cai 1,29% e dólar sobe a R$ 5,06 com persistência de temores sobre juros nos EUA

No Brasil, a queda do Ibovespa foi puxada principalmente por baixas de Vale e Petrobras
Bolsa cai 1,29% e dólar sobe a R$ 5,06 com persistência de temores sobre juros nos EUA
Foto: Reprodução Adobe Stock

São Paulo – A Bolsa brasileira registrou forte queda e o dólar subiu nesta segunda-feira (2), ainda sob temores do mercado sobre juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. Os rendimentos dos títulos americanos tiveram alta significativa, o que impulsionou a divisa e pressionou ativos de risco globalmente.

No Brasil, a queda do Ibovespa foi puxada principalmente por baixas de Vale e Petrobras, num dia sem referência para o minério de ferro, devido a um feriado na China, e de declínio forte do petróleo no exterior.

Foram as “small caps”, no entanto, que lideram as quedas do dia. As companhias menores e mais ligadas à economia doméstica da Bolsa brasileira foram especialmente penalizadas com a alta dos juros futuros no país, que acompanharam os títulos americanos, e registraram os maiores tombos da sessão.

Nesse cenário, o Ibovespa caiu 1,29%, aos 115.056 pontos, enquanto o dólar subiu 0,78%, terminando o dia cotado a R$ 5,066.

No Brasil, o boletim Focus, do Banco Central, mostrou que as projeções de inflação no país permaneceram praticamente inalteradas. Enquanto a estimativa para este ano foi mantida em 4,86%, a previsão para o fim de 2023 aumentou 0,01 ponto percentual desde a última semana, para 3,87%.

Pressionado pelo exterior e sem indicadores relevantes no mercado local, o Ibovespa registrou forte queda pressionado principalmente por Vale e Petrobras, as maiores empresas da Bolsa brasileira, que recuaram 0,87% e 1,50%, respectivamente. Todos os papéis mais negociados da sessão terminaram o dia em baixa.

As maiores quedas, no entanto, foram das “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia local, em dia de alta dos juros futuros no Brasil. Vamos, MRV e Azul recuaram 8,31%, 6,19% e 5,80%, respectivamente, e lideraram os tombos do dia. O índice que reúne essas companhias caiu 1,85%.

O movimento de alta das curvas de juros futuros, em especial das mais longas, seguia os títulos americanos. Os contratos com vencimento em 2025 saíam de 10,83% para 11,01%, enquanto os para 2027 subiam de 10,80% para 11,03%.

Além das perspectivas de taxas mais altas por mais tempo nos EUA, sinalizações recentes do Copom (Comitê de Política Monetária) de que o ritmo de cortes da Selic (taxa básica de juros) deve permanecer em 0,50 ponto percentual por reunião frustraram expectativas de uma aceleração no ciclo de redução de juros no país.

“A Bolsa brasileira está respondendo ao mercado de juros lá fora, com todas as empresas mais ligadas à economia doméstica caindo. O mercado está preocupado com a ideia de que o BC não vai conseguir baixar os juros com mais força, já que a curva americana está subindo mais rápido. O real também está perdendo espaço com o dólar ganhando força nos mercados”, afirma João Piccioni, analista da Empiricus Research.

Nesta segunda, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, subiu 0,78%.
Investidores locais repercutiram, ainda, a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho brasileiro.

Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o Brasil abriu 220.844 vagas formais em agosto, superando a expectativa em pesquisa da Reuters de criação líquida de 178 mil empregos.

“Os dados refletem a recuperação gradual da economia, e a expectativa é de continuidade dessa melhora, em especial com a expectativa de redução da taxa de juros”, afirma Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest. (Por Marcelo Azevedo)

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