Brasil busca novos negócios com a China

Neste domingo (26), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embarcará rumo à China para uma série de encontros com líderes do governo do gigante asiático e liderenças empresariais. Ao seu lado, embarca uma grande comitiva com ministros, parlamentares, governadores, além de 240 empresários dos mais diversos setores da economia. O objetivo é novamente estreitar as relações políticas com o país e ampliar o leque de oportunidades de novos negócios.
De acordo com o Itamaraty, na pauta das discussões serão tratados temas como comércio, investimentos, reindustrialização, transição energética, mudança climática e paz e segurança mundial. Conforme o Ministério das Relações Exteriores (MRE), em seu retorno da visita à China, Lula deve trazer na bagagem pelo menos 20 acordos comerciais.
A expectativa do presidente é ainda diversificar a exportação das mercadorias brasileiras. Atualmente, os embarques estão concentrados em commodities, como o minério de ferro, exportado em larga escala por Minas Gerais. Para o diretor da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra), Arno Gleisner, essa diversificação pode beneficiar a ida de novos produtos mineiros para o mercado chinês, sem prejuízo para os itens já negociados.
Gleisner espera que novas portas se abram e que barreiras sejam removidas, permitindo assim, um aumento nas exportações da mineração e do agronegócio do Estado. Segundo ele, adicionalmente, um maior conhecimento do mercado pode também direcionar investimentos das empresas mineiras na busca de maior competitividade, bem como orientar as autoridades federais e estaduais na necessidade de redução de custos logísticos, tributários e trabalhistas.
“Na Cisbra, vemos que Minas é um dos estados brasileiros com produção mais diversificada, com qualidade internacional e produtos que são coincidentes com as necessidades chinesas. Embora a China busque a maior autossuficiência possível, mesmo no longo prazo vão ocorrer oportunidades que justificam o esforço das empresas para uma robusta participação neste mercado”, ressalta.
Sem benefícios diretos ao Estado
O presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, pressupõe que os compromissos de Lula na China não trarão benefícios diretos aos produtos brasileiros, tampouco mineiros. Ele acredita que vão ser fechados acordos relacionados ao meio ambiente, embora os chineses não falem abertamente sobre isso. Presume ainda que o presidente deve discutir, a princípio, a importação de fertilizantes.
Castro explica que a agricultura do Brasil é dependente da vinda do insumo, uma vez que o País não tem uma produção autossuficiente e ficou prejudicado com a guerra entre Rússia e Ucrânia, principais fornecedores do produto. Segundo ele, é necessário que o governo busque fornecedores alternativos e a China pode ser a solução, pois já exporta a mercadoria. Logo, pode surgir algum acordo para que os chineses aumentem o volume de embarques.
O presidente-executivo também lembra que a China vive uma tensão política frente aos Estados Unidos, país que também exporta commodities para os chineses. E que a viagem de Lula pode impactar uma possível escolha de fornecedor por parte do gigante asiático.
“Neste momento, os Estados Unidos e a China estão em lados opostos e assim como o Brasil, os Estados Unidos são um dos principais fornecedores da China, exportando soja, milho, carne, entre outros. Politicamente, essa viagem do Lula pode fazer com que, em um dado momento, os chineses tenham que optar por comprar dos Estados Unidos ou do Brasil, e optem pelo Brasil”, salienta.
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