Brasil é 57º entre 67 países em ranking global de competitividade digital

O “Custo Brasil” e a falta de agendas estruturantes, tanto nas empresas como no governo, são alguns dos motivos que impedem que o País avance no Ranking Mundial de Competitividade Digital. O Brasil manteve a mesma posição do ano passado, 57º lugar, entre 67 países analisados.
A análise é feita pelo International Institute for Management Development (IMD), em parceria com o Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC).
“Se eu fosse estatístico e fizesse uma análise agregada, pegasse todos os fatores e compilasse, a grosso modo, diria que não mudou praticamente nada. O País está na mesma colocação porque tem uma série de agendas estruturantes que o País precisa desenvolver”, analisa o professor e diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da FDC, Hugo Tadeu, que também é líder da pesquisa no Brasil.

Ele observa que o custo de capital continua sendo um problema no País, agravado neste ano pelo aumento dos juros, que impacta nos investimentos. Neste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, passando para 11,25% ao ano.
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O especialista diz que o cenário atual contribui para que o Brasil seja um país que compra tecnologia, no lugar de buscar o seu desenvolvimento dentro do território nacional. Ele acrescenta que as nações que ocupam as primeiras posições no Anuário de Competitividade Digital estão investindo de maneira consistente e estratégica em talentos, inovação tecnológica e formação acadêmica.
O levantamento aponta a forte presença das economias asiáticas nas melhores posições do ranking, enquanto a Europa e a América do Norte recuaram um pouco. “E alguns países da América Latina continuam ocupando posições inferiores”, diz.
O Brasil apresentou alguns destaques positivos, como o total de gastos públicos em educação (7º), produtividade em pesquisas de P&D (7º) e políticas de Inteligência Artificial aprovadas por lei (9°). “O problema não é orçamento para a educação, falta alinhamento com a demanda das empresas”, observa.
Em relação ao investimento em telecomunicações, o estudo mostrou que o País ficou com a 14ª colocação, com R$ 35 bilhões de investimento em 2023, o que está relacionado com as metas de 5G. O uso de smartphone ocupou a 14° posição.
Por outro lado, a prática de transferência de conhecimento (66°), financiamento para desenvolvimento tecnológico (64°), disponibilidade de capital de risco (64°), incentivo para desenvolvimento e aplicação tecnológica 63º) e legislação para pesquisa científica e inovação (63º) estão entre os piores resultados brasileiros.
Primeiras posições
Singapura voltou a liderar o ranking, após uma pequena queda a partir de 2021, seguida por Suíça (2º), Dinamarca (3º), Estados Unidos (4º) e Suécia (5º). As últimas posições foram ocupadas por Peru (63º), Mongólia (64º), Gana (65º), Nigéria (66º) e Venezuela (67º).
Na Europa, apenas a Bulgária (40º) ficou entre os piores colocados, enquanto, os Países Baixos tiveram uma queda significativa, indo de 2° para 8° lugar, e Dinamarca (3ª) e Suíça (2ª) tiveram melhoras.
No continente asiático, Singapura obteve a liderança. Entre os dez melhores classificados estão inclusos Coreia do Sul (6º), Hong Kong (7º) e Taiwan (9º). A China (4°) conseguiu voltar para os cinco melhores colocados, tendo subido 16 posições. Ademais, entre os países de pior colocação estão inclusas as economias asiáticas, como Filipinas (61º) e Mongólia (64º).
Metodologia
O Ranking Mundial de Competitividade Digital está na oitava edição e sua análise leva em consideração a capacidade e a prontidão das economias mundiais para incorporar novas tecnologias digitais que podem impactar a produtividade econômica, o crescimento dos países e das organizações.
Em 2024, foram 67 países analisados, incluindo Porto Rico, Gana e Nigéria como novas economia em estudo. A avaliação da competitividade digital tem como base três fatores: conhecimento, tecnologia e prontidão para o futuro. Cada fator possui três subfatores que são mensurados a partir de indicadores específicos.
Ao todo são 59 indicadores que estão distribuídos entre os subfatores e mensurados a partir da coleta de dados estatísticos em fontes nacionais e internacionais e de uma survey de pesquisa de opinião com executivos e especialistas.
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