Brasil e Alemanha buscam elevar relações econômicas

A capital mineira recebe o 39º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) – Edição 2023, no Minascentro. O objetivo do evento é fortalecer a relação entre as duas economias e aprofundar as parcerias estratégicas. Entretanto, ainda há alguns impasses que precisam ser resolvidos, entre eles, a finalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
O acordo de livre comércio entre os blocos econômicos começou a ser negociado há 24 anos, o que segundo o presidente da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), Siegfried Russwurm, demonstra que “é preciso mais pragmatismo na política comercial”.
Para ele, a importância do Brasil para a Alemanha deveria se refletir nos números comerciais. “Um grande avanço para uma maior cooperação seria a rápida entrada em vigor do acordo UE-Mercosul”, diz. Ele frisa que é necessária a conclusão do tratado para que os países possam trabalhar juntos e de maneira mais eficiente.
Conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Alemanha é o quarto principal parceiro comercial brasileiro, com 3,1% de participação na corrente de comércio. O Brasil é o principal parceiro alemão na América do Sul. Além disso, há cerca de 1,6 mil empresas alemãs instaladas no território nacional.
No ano passado, o comércio de bens entre Brasil e Alemanha chegou a US$ 19,1 bilhões, maior valor desde 2014. Entre os principais produtos exportados do Brasil para a Alemanha em 2022 estão: café, chá, mate e especiarias (27%), resíduos e desperdícios das indústrias alimentares (16%), minérios (13%) e máquinas mecânicas (10%).
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, Geraldo Alckmin (PSB), que esteve presente ao evento, afirmou que o acordo Mercosul-União Europeia está maduro. “Eu defendo que a gente não reabra toda a discussão, que analise questões pontuais que podem ser implementadas ao longo do tempo”, argumentou.

Juros mais baixos
Durante coletiva de imprensa, Alckmin ressaltou que os juros mais baixos são importantes para deixar o País mais competitivo, já que interferem no custo do capital e incentivam os investimentos. Ele disse que espera que a taxa Selic seja reduzida na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), já que não existe pressão da inflação de demanda.
“Por outro lado, temos a responsabilidade fiscal, que eu acho que ficou clara na questão dos combustíveis, o governo não tributou o diesel e o gás de cozinha. O diesel em razão do transporte, da inflação, e o gás de cozinha, em razão da questão social”, observou. O vice-presidente disse que no próximo mês será apresentada a proposta de ancoragem fiscal.
Alckmin também destacou a importância da reforma tributária para a atração e manutenção de negócios no País. “Precisamos agir nas causas dos problemas e termos uma agenda que melhore a competitividade brasileira”, frisou. Ele disse que o Senado, a Câmara e o governo federal estão empenhados para que a reforma tributária seja emplacada. Segundo ele, a reforma tributária irá simplificar os processos trazendo como consequência o aumento da exportação, a atração e manutenção de investimentos, além de promover mais eficiência econômica.
Acordo bilateral trata de hidrogênio verde
O desenvolvimento de tecnologias para produção de hidrogênio verde vai nortear o acordo bilateral entre Brasil e Alemanha, assinado ontem durante o 39º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), em Belo Horizonte. Até dez projetos envolvendo pequenas e médias empresas (PMEs), startups e organizações de pesquisa e tecnologia nos dois países serão selecionados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Federação Alemã de Associações de Pesquisa Industrial (AIF). O montante total de financiamento, pela missão industrial, será de cerca R$ 21 milhões.
A primeira fase da chamada bilateral será aberta em abril deste ano para empresas brasileiras e da rede de Institutos Senai de Inovação. Os projetos selecionados passarão para a fase seguinte, que deve ser iniciada em julho de 2023, com prazo final em setembro deste ano. As propostas escolhidas terão duração de 12 a 36 meses e deverão começar no início do próximo ano. A missão industrial será coordenada pelo Instituto Senai de Inovação em Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), do Senai de Pernambuco.
O Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que termina hoje, conta com painéis temáticos com os temas Sustentabilidade e Descarbonização Industrial, Transição energética, Transformação Digital e Desafios Geopolíticos. A programação contempla também visitas técnicas ao Centro de Inovação e Tecnologia Senai-MG e ao Centro de Treinamento e Desenvolvimento da Indústria 4.0 da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
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