Economia

Brasil perde R$ 2,5 bilhões em investimentos devido às importações de aço

Além dos investimentos, as importações de aço impactaram na perda de 5.100 empregos no Brasil e na paralisação de equipamentos e usinas
Atualizado em 16 de dezembro de 2025 • 16:23
Brasil perde R$ 2,5 bilhões em investimentos devido às importações de aço
Foto: Reprodução / Adobe Stock

Por reflexo das importações de aço, o setor siderúrgico cancelou, neste ano, R$ 2,5 bilhões em investimentos no Brasil. Além disso, demitiu 5.100 colaboradores e paralisou quatro altos-fornos, uma aciaria e cinco usinas semi-integradas (mini mills).

As informações foram apresentadas pelo Instituto Aço Brasil nesta terça-feira (16), em coletiva de imprensa. A entidade não detalhou quais empresas cancelaram aportes, demitiram funcionários e paralisaram equipamentos e fábricas.

Entre janeiro e novembro, o País importou 5,4 milhões de toneladas de laminados. O volume cresceu 20,2% em relação ao mesmo período de 2024. A China, acusada pelas siderúrgicas de práticas predatórias, como reduzir os preços dos produtos abaixo do custo de produção, respondeu por 64% das compras do mercado brasileiro.

Em razão do avanço dos desembarques, o ebitda das produtoras de aço do Brasil, caiu 51,7% no terceiro trimestre, para R$ 2,8 bilhões, na comparação com os últimos três meses do ano passado. Ao mesmo tempo, a margem ebitda diminuiu de 14,4% para 7,7%.

Conforme o presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, André B. Gerdau Johannpeter, para que as siderúrgicas sejam sustentáveis no médio e longo prazo, precisam registrar uma margem ebitda próxima de 15%, o que não tem acontecido. “A situação vem se deteriorando trimestre a trimestre, e o quarto trimestre deve seguir essa tendência”, pontuou.

Assim como o financeiro, o desempenho operacional da siderurgia brasileira está aquém do ideal, visto que o setor deveria operar utilizando cerca de 80% a 85% da capacidade instalada, mas não é o caso atualmente, de acordo com o presidente-executivo do instituto, Marco Polo de Mello Lopes. “Estamos operando com 68%”, ressaltou.

País tem facilitadores de desembarques

O mecanismo de cota-tarifa, adotado pelo governo federal para defesa comercial do setor, ajudou a reduzir as importações. No entanto, não foi suficiente para resolver o problema.

Os dados do Aço Brasil mostram que os desembarques das 16 Nomenclatura Comum do Mercosul (NCMs) para produtos de aço contempladas pela medida cresceram 8,3% no acumulado de janeiro até novembro, sobre igual intervalo do exercício anterior, para 2,4 milhões de toneladas. Com o sistema, esses itens estão sujeitos a aplicação de uma alíquota de 25% se o volume comprado exceder um limite predefinido.

Além de o mercado chinês seguir exportando aço subsidiado, o Brasil possui facilitadores de importações que explicam o motivo pelo qual as importações continuaram subindo apesar do mecanismo. O País tem acordos de comércio com outros países ou regiões, regimes aduaneiros especiais e incentivos fiscais que baixam Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aliviando significativamente a tarifa efetiva de importação.

Segundo o instituto, 73% do aço importado, entre janeiro e novembro, entraram por três estados brasileiros onde os desembarques são facilitados. São eles: Amazonas, pela Zona Franca de Manaus (ZFM), Santa Catarina e Ceará, ambos com incentivos de ICMS.

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