Área econômica é o principal desafio do próximo presidente

A tarefa de fazer com que a economia brasileira se recupere e volte a crescer em um contexto de rombo nas contas públicas, elevado nível de desemprego e consequente endividamento das famílias é o grande desafio que o novo presidente da República deve estar preparado para enfrentar no mandato que começa em janeiro de 2019. Especialistas avaliam que a melhora do ambiente de negócios e a recuperação da confiança dos agentes econômicos são essenciais para a retomada da economia no País.
Para a professora de Economia do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Silvânia de Araújo, o principal obstáculo é o resgate da confiança dos agentes econômicos para conseguir gerar um cenário econômico que estimule, principalmente, os investimentos e recuperar os padrões de emprego.
“É preciso criar uma rota em busca do desenvolvimento econômico e essa retomada só se fará por meio da confiança, que está muito prejudicada nesse momento. Temos que criar um cenário positivo para que possamos, efetivamente, voltar a gerar empregos, além de promover um sistema tributário mais justo”, explicou.
Com as contas públicas no vermelho desde 2014 e mais de R$ 124 bilhões de déficit público segundo os dados mais atuais da Secretaria do Tesouro Nacional, o baixo crescimento do PIB mostra que a economia do País não tem conseguido se recuperar.
Na avaliação do economista da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais (FCDL-MG), Vinicius Carlos da Silva, algumas medidas tardias foram tomadas na tentativa de reverter esse quadro. Porém, ainda não foi possível retomar o crescimento econômico no Brasil que, para ele, também passa por ações que buscam a redução do desemprego que somou, até o trimestre encerrado em junho deste ano, 12,4%.
“O futuro presidente precisa encontrar uma forma de atuação que traga um crescimento mais rigoroso para o País. É preciso fortalecer todos os setores da cadeia produtiva para trazer os desempregados de volta para o mercado de trabalho e colocar a economia para trabalhar”, afirmou.
A readequação dos gastos públicos, a melhoria do ambiente de negócios e mudanças no aspecto tributário são os principais desafios para o próximo presidente da república na análise do doutor em economia e professor da graduação do Ibmec, Paulo Pacheco.
Segundo ele, as contas públicas são fundamentalmente um problema previdenciário e as privatizações podem ser utilizadas para reduzir a dívida e o pagamento de juros, além de dar um choque de eficiência no mercado.
“O Estado precisa gastar menos e gastar melhor além de trazer mais mercado e realizar um processo de abertura maior da economia brasileira, o que ajudaria a captar não só investimentos como também melhorar a eficiência da economia como um todo”, ressaltou.
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Tributação – O fortalecimento da economia do Brasil passa ainda por uma reorganização da questão tributária na visão do economista da FCDL-MG, Vinicius Carlos da Silva, que defende a redução da tributação com o intuito de favorecer o ritmo dos negócios, e um Estado menos intervencionista para melhorar atuação do empresariado.
“Se a máquina governamental tem uma estrutura inchada para a capacidade do País, há necessidade de atuação no setor público. Atualmente há alta tributação e os produtos não se tornam competitivos. É preciso, portanto, uma isonomia das questões de trabalho e negócios no Brasil”, destacou.
O professor Paulo Pacheco evidenciou a necessidade de repensar o atual modelo tributário para fortalecer os estados e municípios e reduzir o volume total de tributos e de regras tributárias. Segundo Pacheco, uma revisão do arcabouço legislativo pode aumentar a eficiência do Estado e ajudar a melhorar o ambiente de negócios com a redução de custos para se fazer negócio.
“Esse processo de desregulação precisa estar direcionado para melhorar o ambiente de negócios no Brasil, reduzindo a quantidade de regulações que existem como, por exemplo, o prazo para se abrir uma empresa. Essas ações teriam, ao longo do tempo, um impacto positivo na geração de emprego”, concluiu.
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