Economia

Brasil retoma a produção de insulina com a Biomm, em Nova Lima

Com contrato de R$ 142 milhões, Biomm entrega primeiro lote de insulina ao Ministério da Saúde; produção deve atender 350 mil pacientes do SUS
Brasil retoma a produção de insulina com a Biomm, em Nova Lima
Foto: Divulgação / Biomm

Após 20 anos, o Brasil retoma a produção nacional de insulina humana. A fábrica da Biomm, localizada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), entregou o primeiro lote do medicamento ao Ministério da Saúde nesta sexta-feira (11), com a presença do ministro Alexandre Padilha. A retomada é resultado de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) que une a empresa mineira, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a farmacêutica indiana Wockhardt.

Com a iniciativa, o País deixará de depender totalmente de importações para garantir o abastecimento do medicamento no Sistema Único de Saúde (SUS). O contrato assinado no fim de junho prevê a transferência total da tecnologia de produção da insulina regular e NPH, o que vai permitir uma fabricação 100% nacional. O investimento federal é de R$ 142 milhões, com previsão de entrega de mais de 8 milhões de unidades entre 2025 e 2026.

“Hoje é um dia histórico para a saúde pública brasileira. Estamos vivenciando um momento de celebração com a entrega da insulina humana recombinante ao Ministério da Saúde e ao SUS”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que participou da cerimônia em Nova Lima.

“É o Brics acontecendo na realidade, mudando a vida da população brasileira e gerando emprego, renda e tecnologia aqui em Minas Gerais”, acrescentou.

Na primeira entrega, foram repassadas 207.385 unidades — sendo 67.317 frascos de insulina regular e 140.068 de insulina NPH. A expectativa é que, após a transferência completa da tecnologia, a produção alcance 45 milhões de doses por ano, o que corresponde a 50% da demanda do SUS para essas duas insulinas.

“Cerca de 10% da população brasileira tem diabetes, e parte dessas pessoas precisa usar insulina. Isso garante tranquilidade, segurança e estabilidade tanto para o SUS quanto para os cidadãos que dependem do medicamento”, reforçou Padilha.

Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebe 1º lote de insulina para o SUS da fábrica Biomm, em Nova Lima (MG)
Foto: Divulgação / Biomm

Investimento em Minas e impacto econômico

O contrato firmado com o governo federal também consolida a Biomm como fornecedora estratégica do SUS. “A assinatura do contrato com o Ministério da Saúde representa um avanço estratégico para a Biomm e um passo importante na consolidação do setor de biofármacos no Brasil”, disse o diretor de Acesso ao Mercado, Alianças Estratégicas, Marketing e Vendas da Biomm, Rafael Costa.

Segundo ele, a fábrica instalada em Nova Lima já recebeu investimentos de R$ 800 milhões e deve fortalecer a economia local, tradicionalmente ligada à mineração. “A produção local de insulina deve gerar impactos positivos e duradouros para a economia mineira”, avaliou.

Atualmente, a unidade emprega cerca de 200 profissionais e há expectativa de aumento na geração de empregos com a ampliação da produção. “A operação plena da fábrica está prevista para 2026, com potencial para atrair novos investimentos e gerar mais empregos diretos e indiretos no Estado”, afirmou o executivo.

Capacidade de produção de insulina e modernização da Biomm

A planta industrial da Biomm já está preparada para absorver o novo ciclo produtivo. Considerada uma das mais modernas do setor biofarmacêutico brasileiro, a unidade possui capacidade instalada para produzir até 40 milhões de unidades por ano.

“A empresa segue investindo na modernização da planta. Até o final de 2025, estão previstos mais R$ 12 milhões em melhorias nos processos industriais, com foco em automação e aumento da eficiência operacional, assegurando a sustentabilidade da produção nacional de insulina no longo prazo”, afirmou Costa.

Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebe 1º lote de insulina para o SUS da fábrica Biomm, em Nova Lima (MG)
Foto: Divulgação / Biomm

Nacionalização e segurança para o SUS

A entrega da insulina marca também o início da transferência da tecnologia para a Biomm e para a Funed, o que vai garantir autonomia na produção do medicamento. “Uma iniciativa como essa traz segurança aos pacientes de que, independentemente de qualquer crise — como a que vivemos durante a pandemia —, o País tem soberania na produção desse medicamento tão importante”, destacou Padilha.

A ação integra a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, com foco em reduzir a dependência de medicamentos importados.

Além da produção de insulinas NPH e regular, o governo federal aprovou uma PDP para fabricar a insulina glargina no Brasil. O projeto será conduzido por Bio-Manguinhos (Fiocruz), Biomm e a chinesa Gan & Lee, com previsão de entrega de 20 milhões de frascos para o SUS.

Atualmente, o SUS oferece quatro tipos de insulinas aos pacientes com diabetes, além de medicamentos orais e injetáveis. O tratamento é realizado com acompanhamento multiprofissional na Atenção Primária à Saúde, reforçando o compromisso do sistema com a assistência integral e gratuita à população.

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