Economia

Brasil tem alta demanda de novas conexões ao sistema

Brasil tem alta demanda de novas conexões ao sistema
Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

São Paulo – O governo está avançando com os estudos para organizar a fila gigantesca de projetos de geração de energia renovável que querem se conectar ao sistema de transmissão, um problema que se acentuou no último ano com a corrida de empreendedores antes do fim de subsídios às fontes renováveis.

Em encontro virtual na sexta-feira (11), representantes do Ministério de Minas e Energia e de associações do setor elétrico indicaram como possível solução a criação de um novo leilão, no qual empreendedores disputariam preferência na fila de conexão à rede de transmissão.

“Estamos trabalhando numa portaria de diretrizes para realização desse certame, que possibilitará o acesso racional ao sistema de transmissão”, disse Paulo Cesar Domingues, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético da pasta, em webinar.

Nos últimos 12 meses foram emitidos 196,7 gigawatts (GW) em requerimentos de outorga (DROs) para novas usinas de fontes renováveis pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – quantidade que equivale a mais do que o Brasil tem hoje em capacidade instalada operacional, de 184 GW.

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Segundo Domingues, os quase 200 GW superam em cinco vezes a necessidade de acréscimo da geração centralizada considerando a previsão do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031, que será publicado ainda neste mês.

Para Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, o setor elétrico tem uma situação conjuntural e outra estrutural para resolver. Segundo ela, a pilha de pedidos de outorga causada pela “corrida das renováveis” ainda passará pelo filtro da Aneel, o que ajudará a reduzir o volume de projetos no papel.

“É muito importante a gente buscar meios de limpar a base e buscar a racionalidade. Vamos fazer uma limpeza, tem muito papel nessa história (…) Talvez mais para o fim do ano a gente já consiga entender onde estamos”, afirmou Gannoum.

Ela disse ver com bons olhos a criação de um leilão de margem de escoamento, mas destacou que o processo precisa ser bem estruturado para atender as necessidades do setor.

“Só que vender margem sem nenhum critério seria insuficiente, é importante levar em consideração requisitos ambientais do projeto, ou requisitos sistêmicos e elétricos”.

Outra possibilidade seria aperfeiçoar a exigência de garantias de fiel cumprimento dos projetos, apontou Carlos Dornellas, diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica.

“Existem caminhos mais simples (do que leilão), o aporte de garantias financeiras pode ser adaptado e simplificado”, disse ele.

Representantes das consultorias PSR e Thymos Energia que participaram do webinar também apoiaram a criação de novos mecanismos para organizar a fila de pedidos de conexão ao ONS, já que a tendência é que o planejamento futuro da transmissão se torne mais desafiador com a contratação de projetos de geração majoritariamente no mercado livre, com menor previsibilidade para o governo.

Chuvas devem ser mais intensas no Sul

São Paulo – As chuvas em hidrelétricas da região Sul, que vem sofrendo com seca, deverão ser mais intensas em março do que o anteriormente previsto, segundo projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgadas na sexta-feira (11).

Para este mês, o órgão passou a esperar chuvas em 70% da média histórica, ante 51% previstos na semana anterior.

Nesta semana, o governo decidiu manter uma série de medidas para garantir o suprimento de energia elétrica à região Sul, como a maximização do intercâmbio de energia, o acionamento de termelétricas fora da ordem de mérito, priorizando as de menor custo, e a importação de energia de países vizinhos.

Já para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentra os principais reservatórios de hidrelétricas do País, o ONS promoveu revisão para baixo em suas projeções.

As chuvas no subsistema devem atingir 74% da média histórica no mês (contra 75% previstos na semana anterior), enquanto a capacidade dos reservatórios deve alcançar 62,7% (ante 63,3%).

Para Nordeste e Norte, a expectativa do ONS ainda é de chuvas superiores às médias históricas, com respectivos 124% e 114% (ante 130% e 116%).

O órgão manteve ainda a previsão de aumento de 2% na carga de energia elétrica no Brasil em março.  

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