Economia

Minas Gerais abre 11,1 mil postos de trabalho em julho, pior resultado de 2024

Em um recorte estadual, Minas Gerais teve o quinto maior saldo de julho; veja todos os dados do Caged
Atualizado em 28 de agosto de 2024 • 19:34
Minas Gerais abre 11,1 mil postos de trabalho em julho, pior resultado de 2024
Foto: Pedro Ventura/Agência Brasil

Minas Gerais abriu 11,1 mil vagas de trabalho formais no sétimo mês deste ano. O saldo, embora positivo, foi o menor resultado de 2024 e o menor para meses de julho em toda a série histórica do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciado em 2020.

De acordo com os dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgados nesta quarta-feira (28), quatro dos cinco grandes setores da economia encerraram o mês com superávits no Estado.

Foram eles:

  • serviços (7,2 mil),
  • indústria (2,7 mil),
  • comércio (2 mil)
  • e construção (1,4 mil).

Todos eles, entretanto, apresentaram quedas em relação aos números de junho.

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Na direção oposta, a agropecuária apresentou saldo negativo. O setor registrou o fechamento de 2,2 mil vagas de empregos com carteira assinada no período, “freando” o desempenho do Estado. 

O economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), João Pio, afirma que a performance foi influenciada pelo fim da colheita do café. O economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Carlos da Silva, diz que houve uma concentração de safras maiores no primeiro semestre, impactando agora na perda de empregos. 

Silva ressalta que o fato do saldo total do Estado ter diminuído em relação a meses anteriores já era aguardado em razão de dois fatores. O primeiro tem a ver com a sazonalidade da agropecuária, enquanto o segundo está associado a um cenário de pleno emprego – Minas Gerais alcançou nos dois últimos trimestres as menores taxas de desemprego de sua história. 

“Na prática, isso significa que não temos mais muita gente para contratar. Então, é difícil que esse saldo de empregos, ainda que positivo, seja crescente. Era esperado que tivéssemos uma redução, porque estamos em pleno emprego. Basta dar uma passeada pela rua que você vê placas de ‘contrata-se’. É um pouco reflexo disso, não é que o mercado está desaquecendo”, ponderou.

Em um recorte estadual, Minas Gerais teve o quinto maior saldo de vagas de trabalho de julho, atrás de:

  • São Paulo (61,8 mil),
  • Rio de Janeiro (10,6 mil),
  • Paraná (14,2 mil)
  • e Santa Catarina (12,2 mil).

Com exceção do Espírito Santo (-1 mil), as demais unidades da Federação tiveram resultados positivos. Nacionalmente, foram criadas 188 mil vagas, o maior número para o mês desde julho de 2022. 

Saldo acumulado no ano e perspectivas para os próximos meses no Estado

Ainda conforme o Caged, nos primeiros sete meses de 2024, o Estado criou 173,3 mil empregos com carteira assinada, o maior volume para esse intervalo desde 2021 (239,7 mil) – o montante também superou o resultado de todo o ano de 2023 (138,2 mil). Entre as unidades da Federação, Minas Gerais foi o segundo que mais gerou vagas, atrás de São Paulo (441,1 mil).

Neste caso, os cinco setores apresentaram saldos positivos. A ordem ficou assim: serviços (79,7 mil), indústria (29,5 mil), agropecuária (28 mil), construção (25,8 mil) e comércio (10,3 mil). 

Para o economista-chefe do BDMG, ainda há espaço para superávits nos próximos meses devido à composição das vagas. Silva analisa que tanto a indústria quanto o setor de serviços em geral, o que inclui comércio, transportes, entre outros segmentos, têm margem para empregar mais.

O economista-chefe da Fiemg destaca que o mercado de trabalho de Minas Gerais em 2024 está bastante aquecido e o quadro deverá se manter no restante do ano sob influência do aumento do poder de compra da população. Pio ressalta que a taxa de juros em patamar restritivo é um limitador, contudo, vai apenas reduzir o ritmo de geração de empregos no Estado.

“Se a taxa de juros eventualmente aumentar no mês que vem, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), seria mais uma pedra no ritmo de aceleração. Mas quando olhamos o poder de compra das famílias, isso deve continuar estimulando o mercado de trabalho”, avaliou. 

No Brasil, saldo de vagas é o maior desde 2022

O Brasil abriu exatas 188.021 vagas formais de trabalho em julho, segundo o Caged. O resultado do mês passado foi fruto de 2.187.633 admissões e 1.999.612 desligamentos e veio apenas um pouco abaixo de expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters de criação líquida de 190 mil vagas.

O saldo de julho foi o maior para o mês desde julho de 2022, que teve abertura de 218.902 vagas. No mesmo mês, em 2023 foram criados 142.702 postos de trabalho, segundo dados sem os ajustes com informações prestadas pelas empresas fora do prazo.

Os cinco grupamentos de atividades econômicas registraram saldos positivos de vagas em julho. O setor de serviços liderou a abertura de vagas, com 79.167 postos, seguido pela indústria, com 49.471. Em último lugar, depois de comércio e construção, ficou o setor de agropecuária com 6.688 vagas.

Questionado sobre o resultado no Rio Grande do Sul, que teve saldo positivo de 6.690 vagas após registrar saldo negativo nos dois meses anteriores, em função das enchentes, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que os dados refletem o investimento do governo federal no estado e os resultados econômicos do país no geral.

“Eu achava, na verdade, que isso ia acontecer mais na passagem deste ano para o ano que vem. É uma surpresa muito positiva deste processo”, disse em coletiva após a divulgação.

“E isso acontece pelos investimentos no Rio Grande do Sul, mas acontece também pelos resultados da economia como um todo. O RS não está isolado do mundo.”

A subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, apontou o crescimento de contratações no setor de construção civil como principal fator para a recuperação do trabalho no estado.

Em 2024, o país registrou abertura de 1.492.214 vagas no acumulado até julho em dados com ajuste, o maior nível desde o mesmo período em 2022, que registrou abertura de 1.613.834 vagas. O ministério prevê a criação de 2 milhões de vagas no ano fechado. (Com informações da Reuters)

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