Economia

BYD negocia parceria ou compra da produtora de lítio Sigma

Montadora de veículos elétricos seria uma das empresas que estão negociando a compra de complexo em Minas
BYD negocia parceria ou compra da produtora de lítio Sigma
Complexo Grota do Cirilo da Sigma, no Vale do Jequitinhonha, é avaliado em US$ 2,9 bilhões | Crédito: Mara Bianchetti

Uma das maiores fabricantes globais de veículos elétricos está negociando um possível acordo de fornecimento de materiais, formação de uma joint venture ou aquisição da maior produtora de lítio no País. À imprensa britânica, o presidente da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, disse que ocorreram discussões sobre diferentes vertentes entre a empresa chinesa e a Sigma Lithium.

O dirigente não revelou mais pontos das negociações, mas chegou a afirmar aos jornalistas que se encontrou com a CEO da Sigma, Ana Cabral-Gardner, em São Paulo, no mês passado. Embora a produtora de lítio prefira não se manifestar sobre o assunto, a BYD confirmou, em nota, que houve, de fato, uma reunião entre a direção da companhia e a presidente-executiva no período, “mas um acordo de confidencialidade entre as partes não permite a divulgação de detalhes”.

Avaliada em cerca de US$ 2,9 bilhões, a Sigma é proprietária do complexo industrial Grota do Cirilo, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Na planta, a empresa extrai e beneficia lítio de alta pureza e vende-o juntamente com rejeitos ultrafinos, obtidos de processos sustentáveis. A matéria-prima é essencial na fabricação de baterias para automóveis elétricos, o que pode explicar o forte interesse da BYD na companhia, já que a montadora garantia insumos para seus veículos.

Na corrida global dos carros elétricos, a BYD, inclusive, liderou as vendas no último trimestre do ano passado, impulsionada, principalmente, por sua ampla gama de modelos mais baratos na China. A fabricante chinesa vendeu 526,4 mil veículos no período, enquanto a segunda colocada, a americana Tesla, do bilionário empresário Elon Musk, comercializou 484,5 mil unidades. 

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Outro grande salto foi dado pela montadora em 2023 com o anúncio de construção de três unidades no Brasil: uma para produção de chassis de ônibus e caminhões elétricos, outra para veículos de passeio elétricos e híbridos e uma última para o processamento de lítio e ferro-fosfato para baterias. A empresa assumiu o complexo industrial que era da Ford, em Camaçari, na Bahia, e pretende aproveitar parte da antiga estrutura. O investimento total previsto é de R$ 3 bilhões.

Crédito: Adobe Stock

Acordo de venda da Sigma pode sair até fevereiro

A Sigma “guarda a sete chaves” os nomes dos interessados em comprá-la, dizendo, até o momento, apenas que recebeu várias propostas, que incluem o interesse de líderes mundiais da indústria nos setores de energia, automobilístico, baterias e refino de lítio. Informações extraoficiais, porém, dão conta de que, além da BYD, outros dois players estariam na disputa.

Conforme os rumores, a chinesa CATL, maior fabricante de baterias do mundo, com 29% de participação de mercado no ano passado, segundo dados da CleanTechnica, seria um deles. O outro, seria a alemã Volkswagen, montadora de veículos e com negócios no segmento de baterias.

Também circula, extraoficialmente, a informação de que os acionistas da produtora de lítio estariam trabalhando no acerto de venda, com a expectativa de concluí-lo até meados de fevereiro, pondo fim a revisão estratégica da companhia, iniciada em setembro último. No mês passado, a empresa emitiu um comunicado dizendo que iniciou as negociações contratuais e detalhadas com os finalistas do processo e que as tratativas, em fase final, continuariam em 2024. 

Nesta última ocasião, a Sigma ainda anunciou que, para atingir a flexibilidade estrutural ideal e manter a competitividade do processo até sua conclusão, estava iniciando a listagem primária da Sigma Brasil, subsidiária brasileira da companhia canadense, na Bolsa de Valores de Singapura e na Nasdaq, em Nova York. A dupla listagem, segundo a produtora de lítio, seria contemplada com o objetivo de fechar a transação estratégica, maximizando o valor para o acionista.

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