Cabo Verde encontra terras-raras no Sul de Minas

A Cabo Verde Mineração identificou, de forma inédita, elementos de terras-raras (ETRs) associado ao minério de ferro na borda do complexo vulcânico de Poços de Caldas. Até então, só haviam sido mapeados materiais do tipo dentro da caldeira vulcânica.
Em outubro de 2023, após observar anúncios de descobertas de terras-raras no interior da caldeira, a empresa resolveu investigar a área da mina Catumbi, onde extrai minério de ferro, para verificar a existência de outros minerais. A operação fica localizada na borda do complexo vulcânico, entre Cabo Verde e Muzambinho, no Sul de Minas Gerais.
Os primeiros resultados da investigação foram positivos e a Cabo Verde, que tinha somente um direito minerário na região, solicitou novas licenças para a Agência Nacional de Mineração (ANM). Assim, com mais de 56 áreas sob concessão de pesquisa, que incluem também as cidades de Botelhos (Sul do Estado) e Caconde (São Paulo), totalizando aproximadamente 88 mil hectares, a mineradora conseguiu intensificar as análises.
A partir da coleta de 100 amostras superficiais, a empresa descobriu uma concentração significativa de elementos de terras-raras na borda da caldeira vulcânica de Poços de Caldas. A companhia constatou concentrações de até 3.942 partes por milhão (PPM) de óxidos totais de terras-raras (TREO), sugerindo um alto potencial para futuras explorações.
Na amostragem, a mineradora também identificou um elevado potencial de recuperação de óxidos magnéticos de terras-raras (MREO), essencial para tecnologias como veículos elétricos e turbinas eólicas. E notou um grande potencial econômico do projeto, depois de verificar uma alta eficiência nos testes de recuperação inicial, utilizando lixiviação iônica.
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Descoberta eleva o patamar da empresa, da região e do Brasil
Para o diretor-executivo da Cabo Verde Mineração, Túlio Rivadávia Amaral, a descoberta de terras-raras na caldeira vulcânica eleva o patamar da companhia, da região e do País no que se refere a atender a demanda global por minerais críticos para a transição energética.
“Essa descoberta posiciona não só a empresa, mas a região e o Brasil como uma grande fonte de reserva desses minerais críticos, e aumenta muito a chance de uma colocação do próprio País como um grande player global no cenário de transição energética”, afirma.
Segundo ele, agora, a empresa vai avançar no detalhamento dos depósitos identificados para identificar o quantitativo esperado da reserva e buscará parceiros estratégicos, sobretudo internacionais, para aumentar as pesquisas e pensar em rota de processos para o beneficiamento dos materiais. Conforme Amaral, a mineradora estará aberta para negociações, sejam elas de venda do projeto ou de parcerias de pesquisa, por exemplo.
Mineradora vai investir cerca de R$ 70 milhões em nova planta de beneficiamento
De acordo com o diretor-executivo, a Cabo Verde Mineração paralisou a produção de minério de ferro magnetita, com teor de 66% a 67% de ferro in natura, na mina Catumbi para estudar e entender melhor as reservas e ajustar a rota de processos.
No local, a empresa tem licença para produzir aproximadamente 300 mil toneladas por ano e se as pesquisas mostrarem um quantitativo maior de minério, a ideia é solicitar uma expansão. A primeira etapa de investigações termina em março de 2025, segundo ele.
Amaral ainda revela que, até o final do ano que vem, uma nova planta de beneficiamento – a princípio apenas de minério de ferro – será instalada pela companhia, com aportes de cerca de R$ 70 milhões. A expectativa é de gerar um concentrado com 68% de teor.
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