Cadeia da exportação está aflita com tarifa dos Estados Unidos; entenda

Não são apenas as indústrias brasileiras que vendem para os Estados Unidos que estão aflitas com os possíveis impactos da tarifa de 50% imposta sobre o Brasil. Os despachantes aduaneiros e as trading companies também temem os efeitos negativos do “tarifaço” nos segmentos, cujas atividades compõem a cadeia da exportação.
Os despachantes aduaneiros são os profissionais ou empresas habilitados a atuar como representantes legais do exportador/importador junto à Receita Federal e demais órgãos anuentes. Já as trading companies são as empresas especializadas na intermediação de operações de exportação e importação, podendo atuar em nome próprio ou de terceiros.
O presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros dos Estados de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal (Sindaemg), Marcelo Belisário, diz que a taxa de 10%, em vigor desde abril, não chegou a afetar a categoria, porque as vendas do País aos EUA seguiram acontecendo. Dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) mostram que os embarques cresceram 4,4% no primeiro semestre.
Por outro lado, a nova medida, programada para vigorar a partir de 1º de agosto, tende a causar grandes impactos, segundo o executivo. Isso porque, com o percentual que será aplicado, vários produtos brasileiros deixarão de ser competitivos no mercado norte-americano, prejudicando as exportações e, consequentemente, os despachantes.
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Conforme Belisário, se o Brasil responder o “tarifaço” na mesma moeda, ou seja, taxando os produtos dos Estados Unidos que são comprados pelo País, o segmento seria duplamente afetado, já que também representam os importadores. De acordo com ele, caso ocorra uma guerra comercial entre os dois países, os prejuízos serão enormes.
“Quando a tarifa aumenta, tendem a diminuírem as vendas e as compras. Nós vivemos do comércio exterior. Prestamos serviços para empresas exportadoras e importadoras. Quando elas são prejudicadas, toda a cadeia é afetada. Então, a situação é extremamente grave, e esperamos que esse conflito não escale para níveis tão elevados”, afirma.
Preocupação entre as empresas
Com sede em Varginha, no Sul de Minas Gerais, o Grupo MTN, que oferece soluções em comércio exterior, incluindo os serviços de despachante aduaneiro e de trading company, é uma das empresas preocupadas com a tarifa norte-americana.
O supervisor de Exportação do grupo mineiro, Willian Ferraz Rossifini, pontua que a taxação pode gerar consequências significativas para toda a cadeia da exportação. Os possíveis efeitos abrangem, por exemplo, aumento de custos, perda de mercado, insegurança jurídica e comercial, redução de demanda e reorganização logística.
Conforme ele, antes mesmo de vigorar, a tarifa traz impactos: as empresas estão aflitas e já reagem com ações emergenciais, como antecipação de embarques e revisão de planos comerciais. “A médio e longo prazos, isso pode acelerar a diversificação de destinos e impulsionar uma reconfiguração logística e comercial da exportação brasileira”, diz.
No caso da MTN, Rossifini explica que, atualmente, as operações estão mais concentradas em despacho aduaneiro. De acordo com ele, decisões relacionadas à antecipação de embarques, por exemplo, dependem fortemente da negociação entre exportador e importador, sendo que o Incoterm (Termos Internacionais de Comércio) acordado na operação define as responsabilidades e obrigações de cada um.
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