Caem as vendas de materiais de construção

Os níveis mais elevados de inflação, taxas de juros e estoques têm derrubado o faturamento da indústria de materiais de construção Brasil afora. Tanto que a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) projeta queda de 2,2% no faturamento deste ano em relação a 2021. Em Minas Gerais, a situação não é muito diferente. Embora a construção civil esteja aquecida e com resultados promissores, o varejo do setor acumula baixa de 5% no volume de vendas.
De acordo com o vice-presidente da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac-MG), Paulo Machado Zica de Castro, em alguns casos, como no ramo dele (hidráulico), embora haja retração no volume de negócios, o faturamento está um pouco acima do apurado no acumulado dos três primeiros trimestres do ano anterior. “Meu faturamento está muito próximo ao que foi no mesmo período do ano passado. Mas estou vendendo menos. É que o preço médio do produto em 2021 era inferior”, explica Castro, que é proprietário da Casa Ferreira Gonçalves.
Ainda conforme o vice-presidente da Acomac-MG, a tendência para os próximos meses é que as vendas de materiais de construção mantenham o mesmo patamar. “Acho que não deve cair muito do que está operando agora. Não vejo cenário nem de muita melhora, nem de muita piora. Eu diria que vai na mesma toada”, afirma.
Para ele, porém, esse quadro pode ser afetado pela política, a depender do resultado da eleição e “de como vai estar o quadro fiscal do Brasil, que está meio incerto”. Castro também enfatiza que os juros ainda elevados inibem as vendas no varejo e o lançamento de obras, além de dificultar as negociações de apartamentos novos.
Desempenho das construtoras
Apesar do recuo no volume de vendas no varejo de materiais de construção, o desempenho das construtoras segue em alta. Conforme o presidente da Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Geraldo Linhares, no último trimestre, o setor cresceu cerca de 2,5%.
O executivo explica que as empresas construtoras, responsáveis pelas obras formais, não compram os produtos em depósitos de materiais de construção, mas sim, diretamente com os fabricantes, com exceção de tintas. Ele ressalta que os materiais, neste caso, “permaneceram praticamente sem acréscimo, com exceção do concreto, que subiu em função do aumento do cimento a granel”. Segundo Linhares, a queda nas vendas do varejo tem relação direta com a diminuição das obras informais – consumidoras deste tipo de comércio.
Outro ponto comentado por ele foi a regulamentação do uso do FGTS Futuro. A partir de janeiro de 2023, o trabalhador vai poder utilizar os depósitos futuros do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para realizar a compra de imóveis do Programa Casa Verde e Amarela. “Vai ser muito benéfico e vai trazer grandes resultados. Com certeza, as vendas vão aumentar e toda a cadeia produtiva vai se beneficiar”, analisa.
Otimismo
A Abramat divulgou também o levantamento chamado Termômetro da Indústria de Materiais de Construção. A pesquisa de opinião, feita com lideranças do setor, indicou otimismo dos associados para o desempenho do setor em outubro. Ao todo, 46% dos entrevistados estimam bons resultados no mês, e outros 4%, aguardam uma performance muito boa.
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