Economia

Caged: Minas Gerais cria mais de 18 mil empregos em março

Apesar do desempenho positivo, o volume de vagas criadas pelo Estado caiu em relação a fevereiro
Atualizado em 30 de abril de 2025 • 21:15
Caged: Minas Gerais cria mais de 18 mil empregos em março
Crédito: Marcelo Camargo

Minas Gerais teve um saldo positivo de 18.169 empregos com carteira assinada em março deste ano. O resultado decorreu de 245.360 admissões e 227.191 desligamentos, conforme informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Apesar do desempenho positivo, o volume de vagas criadas no Estado caiu em relação a fevereiro, quando 53.666 postos de trabalho foram abertos. O número também foi o segundo pior para o mês desde 2020, ano em que teve início a atual série histórica do sistema de registro do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O professor dos cursos de Gestão e Relações Internacionais do Centro Universitário Una, Fernando Sette Júnior, observa que o resultado de março sugere uma desaceleração do mercado de trabalho mineiro, depois de um começo de ano forte. Ele pondera que o saldo de empregos do mês anterior foi o segundo maior da série histórica, portanto, parte da queda mensal pode ser encarada como uma normalização posterior a um pico sazonal.

Historicamente, o início de ano no Brasil traz volatilidade no emprego, sendo que, após as fortes contratações de janeiro e fevereiro, muitas vezes relacionadas à demanda de verão e preparação para o Carnaval, o mês seguinte tende a ser mais moderado, explica o docente.

Do lado econômico e estrutural, ele pontua que há sinais de que o ritmo de criação de vagas está arrefecendo frente a 2024 devido a condições macroeconômicas menos favoráveis, como aumento da taxa de juros, alta da inflação e instabilidade político-econômica.

Agropecuária se destaca, enquanto o comércio fecha vagas

Os dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo governo federal mostram que, quatro, dos cinco grandes grupos de atividade econômica, apresentaram superávit no período. O principal destaque ficou por conta da agropecuária, que gerou 7.363 empregos. Na sequência vieram o setor de serviços (6.584), construção (3.455) e indústria (1.613). Por outro lado, o comércio fechou 846 postos de trabalho.

Sette Júnior diz que vários segmentos do agronegócio de Minas Gerais estão em plena safra e colheita em março, demandando mão de obra adicional. Adicionalmente, há preparativos para a safra de inverno e, em algumas regiões, o mês marca o início da colheita da cana-de-açúcar e outras commodities. Esse ciclo sazonal explica em parte o saldo positivo do setor.

O docente da Una destaca que outro fator que pode ter favorecido o bom desempenho da agropecuária é o cenário favorável de preços e exportações. Segundo ele, quando os preços das commodities agrícolas estão compensadores e a safra é boa, os produtores tendem a ampliar a equipe para aproveitar o momento.

No caso do setor comercial, o resultado foi influenciado pelo Carnaval tardio. O professor sublinha que março teve menos dias úteis devido a festa, ou seja, menos dias de vendas no comércio varejista, já que várias lojas fecham ou funcionam em horário reduzido.

“Além disso, há o fator dos empregos temporários: diversos segmentos costumam contratar funcionários extras nas semanas que antecedem o Carnaval para dar conta do aumento de demanda. Como em 2025 a festa caiu em março, boa parte dessas contratações temporárias deve ter ocorrido em fevereiro. Passado o Carnaval, esses trabalhadores foram dispensados, gerando desligamentos concentrados ainda dentro do mês”, pontua.

Minas Gerais gerou 76,9 mil empregos no trimestre

De acordo com o Caged, Minas Gerais gerou, no primeiro trimestre deste ano, 76.896 empregos com carteira assinada. No mesmo período de 2024, o superávit acumulado era de 88.881 vagas. Sette Júnior afirma que a combinação de juros elevados, consumo mais contido das famílias e menor confiança dos empresários explica a queda do desempenho.

O professor dos cursos de Gestão e Relações Internacionais da Una ressalta que, apesar do saldo ter caído, ele segue positivo, indicando que o mercado de trabalho mineiro continua em expansão, embora em passo mais lento em relação ao ano passado.

“Esse contexto exige atenção: políticas que estimulem investimentos produtivos e medidas de ganho de produtividade serão cruciais para que a geração de empregos volte a ganhar força sem descuidar da estabilidade econômica”, analisa.

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