Economia

Cai produção de ferro-gusa em MG por recuo da exportação

No primeiro semestre, baixa foi de 5% frente a 2022; característica sustentável do produto atrai investidores e resultados tendem a melhorar
Cai produção de ferro-gusa em MG por recuo da exportação
Projeção do setor de ferro-gusa é encerrar 2023 no mesmo patamar de 2022 ou com leve retração | Crédito: Ronaldo Guimarães

A produção de ferro-gusa pelas usinas independentes de Minas Gerais registrou uma queda de 5% no primeiro semestre de 2023 frente a igual período de 2022, conforme levantamentos preliminares do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG). A baixa demanda, principalmente das exportações, além da relação valor de venda versus custos, atualmente ruim para o setor, foram os principais impulsionadores da retração.

As informações são do presidente da entidade, Fausto Varela Cançado. De acordo com ele, a produção de ferro-gusa vinha em uma crescente há mais de dez anos, com crescimento médio de 7% até 2021. Entretanto, no exercício passado, esse avanço desacelerou – no período, o setor apurou uma leve alta de 1,2% – e o que era visto como pontual passou a ser uma tendência negativa, como pode ser observado nos números da primeira metade do ano.

Cançado explica que a retração se deve pelo recuo da demanda, especialmente das exportações, principal mercado nos últimos quatro anos e que, em 2022, representou 62,3% das vendas. Segundo ele, outro fator que influenciou foram os custos, ainda elevados em relação aos preços praticados. Conforme o dirigente, alguns fornecedores de matérias-primas chegaram a reduzir os valores, porém, a medida não foi suficiente para tornar viável a produção.

Ainda de acordo com o presidente do Sindifer-MG, há um esforço dos produtores para impulsionar as comercializações e reverter a situação no segundo semestre. E como os fatores negativos devem perdurar por mais tempo, a projeção é encerrar o ano no mesmo patamar de 2022, quando foram produzidos 4,1 milhões de toneladas, ou com uma pequena retração.

Produto mineiro atrai investidores devido a sua característica sustentável

A fabricação mineira de ferro-gusa tem uma característica sustentável que vem atraindo interessados pelo mundo. Isso porque se usa uma tecnologia limpa na produção: o carvão vegetal, 100% oriundo de florestas plantadas. Logo, a matéria-prima, que substitui o coque metalúrgico, faz com que o processo total, incluindo o plantio, performe um balanço positivo para o meio ambiente. A cada tonelada produzida, há um sequestro de 1,8 tonelada de CO2 da atmosfera.

Conforme Cançado, nessa perspectiva, o Sindifer-MG apresentou, nos últimos anos, seminários para mais de dez empresas estrangeiras que demonstram interesse em adquirir o produto do Estado. Algumas, inclusive, já vêm adquirindo o ferro-gusa mineiro, porém em pouca quantidade e sem uma regularidade favorável. Mas a expectativa é que o trabalho ainda renda frutos.

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“Ainda não estamos conseguindo muito resultados positivos para o setor, mas vai acontecer num dado momento, porque ele é interessante para as empresas que não conseguem reduzir a pegada de carbono e atender o que está sendo exigido nos protocolos de meio ambiente, que é reduzir 50% das emissões de carbono até 2030 e zerar em 2050. Então, ou a empresa consegue mudar o seu processo, ou compra de quem tem crédito, que é o nosso caso”, destaca.

Mitsubishi demonstra interesse em adquirir mais ferro-gusa de Minas

Na última quarta-feira (5), Cançado, inclusive, participou de uma reunião de aproximação com representantes da Mitsubishi, em Belo Horizonte. O encontro também contou com a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e do CEO da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Invest Minas), João Paulo Braga.

Conforme Braga, a conversa com o grupo japonês teve como foco as oportunidades de aquisição do ferro-gusa mineiro. Segundo ele, a multinacional tem bastante interesse em aumentar a compra do produto, justamente devido a sua classificação sustentável. Ainda de acordo com o CEO, o diálogo com os executivos da Mitsubishi girou em torno de como fomentar e incrementar essa obtenção, aumentando os números de exportações de Minas Gerais para o Japão.

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