Economia

Calor e estiagem afetam inflação de setembro na RMBH, que está acima da média nacional

No cumulado de 12 meses, a inflação na Região Metropolitana de Belo Horizonte é a maior do País
Calor e estiagem afetam inflação de setembro na RMBH, que está acima da média nacional
Foto: Luis Graterol / Unsplash

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) apresentou avanço de 0,26% em setembro, 0,13 ponto percentual a mais que a média nacional, que foi de 0,13%. 

Das 11 áreas de abrangência pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgados nesta quarta-feira (25), sete registraram alta no mês. A maior variação ocorreu em Salvador (0,35%), na Bahia, impactada pelas altas da gasolina (2,17%) e do gás de botijão (3,04%). A segunda foi em Porto Alegre (0,32%), no Rio Grande do Sul, influenciada pela alta dos grupos de alimentação e bebidas, e de habitação.

A RMBH ocupa o terceiro lugar com maior variação do País no mês de setembro. Com relação a agosto, houve uma desaceleração que o economista-chefe do Banco Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Silva, considera uma variação relativa.

“Nós desaceleramos de 0,29% de agosto para 0,26%, mas continuamos performando com uma inflação que é maior que a observada no Brasil”, avaliou.

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Na RMBH, todos os grupos apresentaram inflação. No grupo de alimentação e bebidas houve o avanço mais importante com alta de 0,6%, puxado pela alta das frutas (12,86%). “Esse aumento está associado à crise hidrológica que eleva as tarifas de energia e comprometem algumas safras”, comenta Silva.

A estiagem e o calor também afetam o grupo habitação, em que o principal reflexo veio da energia elétrica residencial. Apesar da RMBH registrar alta de 0,3% neste setor, valor menor que a do País, que foi de 0,5%, Silva explica que não só a região, mas todo o Brasil, sofreu reflexos da incidência da bandeira vermelha na primeira semana de setembro. “Isso aumentou o custo da energia elétrica e acabou refletindo no IPCA-15 da primeira quinzena”, pontua.

Izak Silva também chama a atenção para o grupo de artigos de residência. Enquanto na RMBH a alta foi de 1,14% no segmento, no País, foi de 0,17%. Ele atribui isso às intempéries climáticas do Rio Grande do Sul e diz ser uma relação de oferta e demanda.

Minas Gerais possui um polo moveleiro forte, que acabou substituindo a demanda nacional que o Rio Grande do Sul não pode atender, ainda reflexo dos impactos das enchentes.

“A demanda continuou no Brasil, e Minas Gerais passou a substituir um pouco os produtos que eram ofertados pelo estado gaúcho, o que acabou pressionando o preço de mobiliários em geral para cima aqui no Estado”, afirmou.

No grupo de transportes, a alta na RMBH (0,02%) acima da nacional, que registrou queda (-0,08%), foi puxada pelo aumento do transporte público (1,13%), que teve um reajuste que começou a vigorar no dia 1º de setembro. 

RMBH tem a maior inflação acumulada do País

Ao analisar a variação acumulada em 12 meses, a alta observada na RMBH foi de 5,7%, o maior resultado entre as onze áreas de abrangência da pesquisa, e maior que a inflação nacional, que foi de 4,12%.

O economista do BDMG, Izak Silva, observa que a Região Metropolitana de Belo Horizonte está pior em todos os segmentos se comparado com a alta média nacional. Segundo ele, em alimentação e bebidas, o que pesa na RMBH são as frutas, hortaliças e verduras. O especialista atribui o motivo para isso ao mesmo que influenciou o resultado do mês de setembro: “crise hidrológica”.

Em habitação, o peso para a energia elétrica também ocorre em função da estiagem. Em vestuário, pesa a roupa masculina e joias e bijuterias, o que o economista associa à serviços.

“E o setor de serviços está associado a um mercado de trabalho aquecido, a uma atividade econômica forte e um crescimento do rendimento médio real, conjugado com uma taxa de desemprego muito baixa”, completa.

Contudo, Izak Silva não vê uma tendência de desinflação, mas observa uma acomodação do nível de preços.

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