Economia

Caminhoneiros: Fetac-MG se posiciona contra greve do dia 1º

Caminhoneiros: Fetac-MG se posiciona contra greve do dia 1º
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Embora a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas e Bens do Estado de Minas Gerais (Fetac-MG) tenha se posicionado contra a paralisação da categoria prevista para o próximo dia 1º de fevereiro, a Associação Nacional do Transporte Autônomo do Brasil (ANTB) estima que grande parte dos profissionais mineiros vai aderir ao movimento. Mensagens que circulam pelas redes sociais e aplicativos de mensagens também indicam insatisfação dos motoristas e concordância com o pleito.

De acordo com o presidente da Associação Nacional do Transporte Autônomo do Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci, embora não seja possível precisar, a estimativa é de que 80% da categoria estejam mobilizados. Em Minas Gerais, há adesão em cidades do Sul do Estado, Vale do Aço, Campo das Vertentes, Zona da Mata e da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

“A decisão de greve no dia 1º está mantida. Profissionais do Brasil inteiro vão parar. Serão feitos bloqueios em vários pontos das rodovias, com liberação para carros de passeio e ônibus, além de primeiros socorros. Já os veículos de transporte de cargas serão convidados a conversar e se juntar ao movimento em prol da categoria”, explicou.

Esta semana, o movimento ganhou adesão da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), uma das principais entidades da categoria no País. A instituição, filiada à CUT, informou que apoia a greve nacional convocada há alguns dias pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). A CNTTL informou à Reuters que possui 800 mil motoristas em sua base e que orienta todos a aderirem à paralisação.

No caso de Minas Gerais, a Fetac-MG disse, por meio de nota, que nenhum sindicato de transportador autônomo de cargas filiado à federação se posicionou a favor da greve que, conforme a entidade, foi convocada por associação sem personalidade sindical. “Portanto, o que se verifica é o aparecimento de pessoas que se intitulam representantes nacionais de uma categoria que possui entidades sindicais espalhadas por todos os estados brasileiros”, diz o documento.

Desafios – Além disso, reconheceu as dificuldades do transportador autônomo, citando o valor do frete defasado, o aumento desenfreado do diesel, além de outras reivindicações. Mas ponderou que, apesar de o setor estar esquecido pelas autoridades competentes, a sociedade não pode ser penalizada com desabastecimento de alimentação e remédios em meio à pandemia de Covid-19.

“A Fetac-MG e seus sindicatos filiados continuarão a lutar em prol da categoria dos transportadores autônomos, buscando junto às autoridades competentes  meios para amenizar e, futuramente, erradicar as injustiças que são impostas a uma classe sobejamente merecedora do mais alto reconhecimento da sociedade”, garantiu.

Também por meio de nota, a Confederação Nacional dos Caminhoneiros e Transportadores Autônomos de Bens e Cargas (Conftac) declarou que não reconhece o CNTRC como representante dos caminhoneiros autônomos, pois não existe de fato nem de direito. E que, muito embora a categoria continue sofrendo o descaso de governadores, políticos e empresários, com altos preços de combustíveis, não fiscalização efetiva, e da situação econômica que o País atravessa, acredita que o momento não é oportuno para a realização de um movimento de paralisação, “visto os danos irreparáveis que podem ser gerados para a sociedade brasileira”.

Diante das discordâncias, Stringasci da ANTB afirmou que a categoria não está rachada, mas que a maioria dos profissionais já não aceita mais os representantes das entidades tradicionais. “Aguardamos uma solução desde 2018 e aquelas pessoas não têm mais condições de nos representar. O Conselho foi criado justamente para dar voz aos transportadores, porque a maioria não concorda com a atitude da CNTA e demais representantes da categoria”, argumentou.

Por insatisfação com a entidade, no fim do ano passado, representantes dos caminhoneiros (sindicatos, associações, cooperativas) de 22 diferentes unidades da federação brasileira se mobilizaram para a criação do CNTRC. Inclusive, as últimas tentativas de greve da categoria não vingaram por rachas entre as diversas entidades representativas no País.

Governo estuda redução do PIS/Cofins

Brasília – O presidente Jair Bolsonaro apelou aos caminhoneiros para que não levem adiante a greve do setor, marcada inicialmente para a próxima segunda-feira, e afirmou que o governo estuda alternativas para reduzir o PIS/Cofins para diminuir o preço do diesel, mas que a solução não é fácil.

“Estamos buscando alternativas, reconhecemos o valor do caminheiro para a economia do Brasil, apelamos para eles que não façam greve porque todos nós vamos perder, sem exceção. Agora a solução não é fácil”, disse ao sair de uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Um aumento de 4,4% no preço médio do diesel nas refinarias na terça-feira aumentou ainda mais as movimentações para uma greve de caminhoneiros e, no mesmo dia, uma das principais associações do setor, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), filiada à CUT, anunciou apoio ao movimento.

Bolsonaro confirmou que o governo estuda alternativas para reduzir o impacto do PIS/Cofins no diesel, mas que cada centavo de redução representa R$ 800 milhões que precisam ser encontrados em outro lugar.

“Para cada centavo no preço do diesel, que por ventura nós queremos diminuir, no caso PIS/Cofins, equivale a buscarmos em algum outro local R$ 800 milhões. Então, não é uma conta fácil de ser feita”, disse. Ao ser questionado quando o governo teria uma resposta, acrescentou: “Não dá para dizer porque você olha o impacto, multiplica 33 centavos por 800 milhões, dá 26 bilhões mais ou menos, é um volume bastante grande”.

Além do aumento do diesel, os caminhoneiros reclamam do baixo valor da tabela de pisos do frete, que teve um reajuste de cerca de 2,5%. A tabela foi criada no governo de Michel Temer, em 2018, quando uma greve de caminhoneiros parou o País por dez dias e foi responsável, segundo o governo, por um PIB 1,2 ponto percentual menor do que deveria ter sido.

“Apelo para eles que não façam isso que todos nós vamos perder, você vai causar um transtorno na questão da economia, que estamos vivendo uma época de pandemia, olha o que nós passamos no ano passado, estamos passando ainda”, disse.

“Eu apelo a todo o chefe de governo, de Estado, de município, que não vão para o lockdown que também atrapalha. E o Brasil não tem para onde correr mais, nossa dívida interna está na casa dos R$ 5 trilhões, a nossa capacidade de endividamento tem um limite e temos que botar a economia para funcionar”.

ICMS – Bolsonaro voltou a desafiar os governadores a baixar também o ICMS do diesel, como fez em 2019. Apesar de falar do alto impacto da redução do PIS/Cofins, disse que o governo estaria disposto “a ir para o sacrifício”, mas esperaria também uma redução do ICMS, que é cobrado pelos estados.“O diesel, o preço realmente nas refinarias, o preço está razoável, tem variado muito pouco, mas até ele sair da refinaria e chegar na bomba de combustível, ele tem ICMS, imposto que é o mais caro em termos de combustível no Brasil, e tem também a margem de lucro, tem transportadora, tem muito monopólio no meio disso”, afirmou ainda. (Reuters)

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