Tarifa de ônibus na Capital será de R$ 4,50

A passagem de ônibus em Belo Horizonte sofrerá um aumento de cerca de 11% a partir do próximo domingo (30), passando dos atuais R$ 4,05 para R$ 4,50, segundo informou a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). O reajuste ocorre depois de a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apresentar os resultados de uma auditoria no sistema de transporte coletivo da Capital e de três reuniões com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH).
Após um ano sem aumento da passagem, as empresas de ônibus aceitaram a proposta da prefeitura de contratar 500 agentes de bordo e adquirir 300 novos ônibus com ar-condicionado e suspensão a ar em contrapartida à elevação. O último reajuste aconteceu em 2016, quando o valor passou de R$ 3,70 para os atuais R$ 4,05.
Além disso, o preço da passagem dos ônibus suplementares que atualmente é de R$ 0,90 subirá para R$ 1. As tarifas de R$ 2,85 vão para R$ 3,15 e o táxi-lotação de R$ 4,45 para R$ 5.
Também segundo a PBH, vai ser criado um grupo técnico de trabalho para discutir e propor melhorias para o transporte coletivo da capital mineira. Um estudo será feito para analisar questões como a junção de linhas e a melhoria no quadro de horários.
De acordo com a coordenadora de pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead), Thaize Martins, quanto menor a renda das famílias, maior será o impacto do aumento. Isso porque o peso do custo do ônibus urbano varia de acordo com os ganhos das famílias.
“No caso do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que considera famílias com rendas de 1 a 40 salários mínimos, o impacto na inflação será de 0,3 ponto percentual, porque o ônibus urbano possui influência considerável na composição do índice. Para se ter uma ideia, em uma lista de 242 produtos, o ônibus ocupa a nona posição, e qualquer alteração no custo gera impacto”, explicou.
Já no caso do Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), referente às famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, conforme a coordenadora, o impacto será ainda maior e vai chegar a 0,9 ponto percentual. “Neste caso, a tarifa do ônibus é o item de maior peso, pressionando mais do que aluguel, energia e outros encargos”, comentou.
Assim, embora os novos preços da passagem de ônibus na capital mineira não impactem na inflação deste exercício, prevista para ficar dentro do centro da meta, em 4,5%, pressionarão a inflação no ano que vem. E segundo Thaize Martins, por estarem bem acima dos índices, culminarão com a perda do poder de compra do consumidor. “As pessoas geralmente têm seus salários reajustados pelo IPCA ou pelo salário mínimo e estes não deverão acompanhar o aumento de 11% visto nas passagens”, completou.
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Caixa-preta – Na última sexta-feira (21), o prefeito Alexandre Kalil (PHS) apresentou os resultados de uma auditoria no sistema de transporte coletivo da Capital, promessa de campanha, que chamou de “abertura da caixa-preta da BHTrans”.
O levantamento realizado pela Maciel Consultores concluiu que o preço necessário para que as empresas conseguissem arcar com custos operacionais e de manutenção do transporte público de Belo Horizonte e obterem a taxa de retorno prevista em contrato deveria ser de R$ 6,35.
Uma segunda metodologia da Agência Nacional de Transporte de Passageiros (ANTP) sugeriu que o preço deveria ser entre R$ 5,05 e R$ 5,61. Na ocasião, o prefeito garantiu que o valor não chegaria a esses patamares.
“Foram praticamente 400 caixas e mais de 104 mil documentos analisados em oito meses de trabalho. Estou assustado com o que vi: números que não refletem o atual cenário econômico. Esse preço é inviável”, afirmou o prefeito de Belo Horizonte, em coletiva de imprensa na última semana.
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