Economia

Voa Prates apresenta projeto para o Carlos Prates; empresas vivem situação precária

De acordo com entidade, negócios que operavam no terminal ainda não retomaram atividades ou deixaram de existir
Voa Prates apresenta projeto para o Carlos Prates; empresas vivem situação precária
Presidente da Associação Voa Prates considera que todas as propostas já apresentadas são inviáveis para o local | Créditos: Amira Hissa / PBH

A Associação Voa Prates apresentará um projeto sobre a destinação do Aeroporto Carlos Prates em audiência da Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara Municipal de Belo Horizonte. O presidente da entidade, Estevam Velásquez, não quis antecipar o conteúdo da proposta, mas definiu o encontro como muito importante para a sociedade, já que muitas pessoas têm visto o prejuízo causado por essa questão envolvendo a desativação do aeroporto. A reunião está marcada para esta quinta-feira, às 13h30.

Velásquez destaca que as propostas de uso da área apresentadas até o momento são inviáveis. Ele também lembra que adicionar mais três mil moradias em uma área que já é muito densa e próxima ao Anel Rodoviário, marcado por diversos acidentes, poderá gerar muitas consequências negativas. “Nós estamos trocando uma estrutura importante como o aeroporto por algo que nem se sabe exatamente o que será e sem tempo, sem prazo, sem projeto”, conclui.

O presidente da associação conta que o que será apresentado é uma proposta que consegue manter o aeroporto, considerando toda sua importância, sem deixar de lado as demais questões relevantes para à sociedade.

Ele ainda destaca que o aeroporto é o segundo maior formador de mão de obra da aviação na América Latina. Velásquez também reforça sua importância na geração de empregos e o seu papel como ponto de apoio das organizações de segurança pública. Segundo o presidente, o Carlos Prates possui grande importância no auxílio das equipes de combate aos incêndios, já que na Pampulha é inviável.

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“Integração” é a palavra-chave

Para ele, a palavra-chave que define essa proposta que será apresentada amanhã é “integração”. “A gente tem que pensar em todas as necessidades urbanas e sociais, mas sem deixar de enxergar a vocação e a importância de um equipamento público como o aeroporto”, reforça.

O projeto foi realizado em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O requerimento para a realização da audiência é assinado pelo vice-presidente do colegiado, Wesley Moreira (PP). A audiência será aberta ao público, de forma presencial ou ao vivo pelo Portal CMBH. Quem quiser enviar perguntas, comentários e sugestões poderá fazer isso por meio de um formulário que estará disponível até o encerramento da reunião.

Consequências da desativação são graves

O presidente da associação, que é composta por escolas de aviação civil e utilizadores do aeródromo, revela que a atual situação daqueles que tiveram que deixar o aeroporto é muito precária.

“Não foi dada opção de realocação, não foi dado nada. Infelizmente, estamos vivendo um caos aéreo, com várias empresas não operando ou deixaram de existir, muita gente já perdeu seus empregos. Aqueles que estão sobrevivendo é de forma bem precária”, relata.

Velásquez explica que a maioria dos ex-funcionários que trabalhavam no local segue desempregada, por se tratar de uma mão de obra muito difícil de ser realocada. Ele cita o exemplo dos mecânicos, que é uma mão de obra muito especializada e rara de ser encontrada. O presidente da Voa Prates estima que devem existir, no máximo, 200 oficinas espalhadas pelo Brasil, e apenas uma em Belo Horizonte.

Para Velásquez, as escolas foram as mais prejudicadas, apesar do suporte da Anac, que é de caráter temporário. “Não existe uma infraestrutura e não existe uma chance de criá-la em um curto prazo”, ressalta.

Ele também fala sobre os efeitos desse fechamento nas faculdades com cursos voltados à aviação. “A gente tem cinco faculdades com cursos voltados para a aviação em Belo Horizonte. Imagine, o aluno não ter onde estagiar, onde cumprir o currículo para voar ou se tornar mecânico na parte prática. Aí vai quebrando, inclusive, os cursos, porque vai ter menos demanda de alunos”, diz.

Velásquez lembra que antigamente havia cinco escolas no aeroporto de Carlos Prates. Atualmente, três não conseguem operar e uma está operando na Pampulha, de forma precária.

Falta de infraestrutura na Pampulha

O presidente da Voa Prates conta que as pessoas precisam entender que não há infraestrutura no Aeroporto da Pampulha para receber esse tipo de demanda, a qual o Carlos Prates atendia.

“Não tem lugar para levar as oito aeronaves dessa escola para a Pampulha. O pátio de aviação geral da Pampulha, que pertence à operadora do aeroporto, tem regras que proíbe aeronaves vinculadas a escolas”, revela.

Ele conta que a escola que está operando na Pampulha usa um pátio emprestado de um hangar. Porém, o presidente da associação lembra que ela ainda precisa de sala e de um lugar para realizar a manutenção dos aviões. “Onde vai fazer a manutenção? Na pista?”, questiona.

Velásquez também destaca o fato de que, sem o Aeroporto Carlos Prates, tudo que vem para Belo Horizonte tende a convergir para o mesmo local. “Isso não é adequado, lá na Pampulha a operação é diferente, é executiva, que é outra dinâmica. De aviões rápidos, jatos, e esses aviões compartilhando o mesmo espaço com as aeronaves de menor porte pode gerar muitos transtornos”, declara.

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