Economia

CBMM inaugura planta industrial de nióbio e prevê expansão

Esta é a maior fábrica de ânodo à base de nióbio do mundo
CBMM inaugura planta industrial de nióbio e prevê expansão
Foto: Diário do Comércio Marco Aurélio Neves

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) inaugurou nesta terça-feira (12), em Araxá, no Alto Paranaíba, a primeira fábrica em larga escala de ânodo ativo XNO, tecnologia de propriedade da Echion Technologies. É a maior fábrica de ânodo à base de nióbio do mundo. Até 2027, a capacidade de produção será 2 mil toneladas por ano (t/a) de XNO, equivalente a 1 gigawatts-hora (GWh) de células de íons de lítio.

A produção pode aumentar dez vezes caso os negócios aconteçam dentro do esperado, adiantou o CEO da CBMM, Ricardo Lima, durante coletiva de imprensa na cerimônia de inauguração, no complexo industrial da empresa.

“À medida que a gente tiver realmente uma comprovação de que a demanda vai ser da forma como nós planejamos, nós já precisamos começar um novo projeto de expansão, porque três anos passam rápido”, declarou.

Ele explicou que a expansão da unidade fabril aumentaria a produção para 10 mil t/a de óxido de nióbio em dois momentos, o que resultaria em uma capacidade total de 22 mil t/a ao final do processo. “O que a gente pretende é daqui a um ano já ter um retorno no mercado para que possamos tomar essa decisão com maior segurança”, completou Lima.

Foto: Diário do Comércio Marco Aurélio Neves

A CBMM é líder global na produção e comercialização de produtos de nióbio, elemento que tem 80% da produção mundial concentrada em Minas Gerais. A inauguração da planta da Echion contou com a presença do vice-governador do Estado, Mateus Simões (Novo).

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Ele apontou que a parceria permite a entrada da CBMM na produção de óxido de nióbio para baterias em escala industrial. Além disso, pontuou que o Estado não precisa necessariamente de um fábrica de baterias para desenvolver alta tecnologia para descarbonização, já que o objetivo também é alcançado pelos biocombustíveis, cenário próximo da realidade brasileira.

“A nossa descarbonização da frota se dá através de etanol. Somos fornecedores de material para produção de baterias”, disse. “O que a gente precisa é agregar o máximo de valor possível no material industrial que a gente vai fornecer, não necessariamente produzindo o material final, se a gente não é o consumidor do material final”, completou Simões.

A CBMM destinou R$ 1,7 bilhão à Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) em 2023, conforme previsto em contrato vigente entre as partes.

Mineração em Minas é potencial mercado da CBMM para baterias XNO

A tecnologia XNO® permite que baterias de íons de lítio sejam carregadas de forma ultrarrápida e com segurança, mantendo altas densidades mesmo em temperaturas extremas, além de fornecer alta potência, com vida útil de mais de 10 mil ciclos.

O material foi projetado especificamente para permitir que veículos pesados industriais, comerciais e de transporte operem com alta produtividade e apresentem o menor custo total.

“A indústria automotiva tem sempre uma preocupação muito forte – com razão – com segurança. Essas novas baterias estão sendo homologadas para que a gente possa partir para uma atividade comercial ao final do ano que vem ou a partir de 2026”, disse Ricardo Lima.

Foto: Diário do Comércio Marco Aurélio Neves

Durante a coletiva de imprensa, o CEO da Echion Technologies, Jean de La Verpilliere, explicou que as baterias tradicionais são boas para consumo de energia em notebooks, celulares, carros de passageiros, mas não para aplicações industriais, como caminhões, trens e navios.

“Essas aplicações exigem segurança e carregamento rápido e vida útil maior. XNO é uma nova tecnologia que resolve isso […], são aplicações em novos segmentos em eletricidade que destravam a transição energética global graças à XNO”, disse.

Ele apontou Minas Gerais como um local importante para a empresa já que, além da produção de óxido de nióbio, tem um grande mercado potencial para o produto. “Vocês têm muita operação em mineração, equipamentos de mineração que podem ser eletrificados para economia financeira, às vezes, com eletrificação de caminhões e operações com veículos de mineração, e isso é possível com as baterias XNO”, ressaltou Verpilliere.

Ele afirmou que a planta industrial no complexo da CBMM é um bom começo para ajudar a Echion a desenvolver esse mercado e ser capaz de fazer os clientes ganharem confiança na tecnologia. A startup inglesa foi criada em 2017 na Universidade de Cambrigde, no Reino Unido, e contou com aporte inicial de US$ 50 milhões, sendo 20% de participação da CBMM.

(O repórter viajou a convite da CBMM)

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