CBMM apresenta 1º ônibus elétrico do mundo movido a baterias de lítio com nióbio

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) apresentou ao mercado, ontem, o primeiro ônibus elétrico do mundo movido a baterias de íons de lítio com ânodos de óxidos mistos de nióbio e titânio. O protótipo foi desenvolvido por meio de uma parceria entre a empresa mineira, a japonesa Toshiba e a Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Com a promessa de revolucionar o setor automotivo e trazer benefícios à área de mobilidade, a tecnologia inédita permite que as baterias tenham uma recarga ultrarrápida, em que se pode atingir a autonomia máxima do veículo (cerca de 60 quilômetros) em menos de 10 minutos. Para efeitos de comparação, o carregamento das baterias convencionais leva horas para ser concluído.
Outra vantagem do uso do nióbio é que a propriedade do mineral traz maior durabilidade e resistência para as baterias. Na prática, o resultado é um menor risco de superaquecimento e um ciclo de vida útil que pode ser até três vezes superior ao das baterias convencionais.
O protótipo servirá para testar a tecnologia e gerar dados, visando sinalizar ajustes necessários para futura comercialização – estimada para começar no segundo semestre de 2025. O ônibus elétrico será usado na operação da CBMM em Araxá, no Alto Paranaíba, onde o óxido de nióbio é produzido, rodando diariamente numa rota fixa, com a recarga prevista para o início ou fim do trajeto. O período de testes é indeterminado e será definido conforme a evolução da aplicação.
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A ideia é que, no médio prazo, uma pequena frota utilize as baterias com nióbio, circulando pelo município e até mesmo por outras regiões do Estado, para continuar o desenvolvimento e validar a amostra. Nesta fase, todos os componentes serão monitorados e analisados. Após essa etapa, também será possível determinar os próximos passos para o lançamento do ônibus elétrico.
Agenda sustentável da CBMM
Durante a apresentação, o CEO da CBMM, Ricardo Lima, disse que o projeto está alinhado às tendências globais e à agenda sustentável da empresa. Ao Diário do Comércio, ele disse que não existe contrato que obrigue a companhia a vender os materiais apenas para os veículos pesados fabricados pela Volkswagen, sendo que o objetivo é ampliar globalmente a oferta da tecnologia.
CBMM investiu R$ 230 milhões em pesquisa no ano passado
Em 2023, a CBMM investiu R$ 230 milhões em pesquisa e desenvolvimento, dos quais R$ 80 milhões foram destinados para o programa de baterias. Desde que firmou a parceria com a Toshiba, em 2018, a empresa tem investido mais ou menos esta cifra por ano para a nova frente de negócios. Atualmente, 42 projetos relacionados estão sendo desenvolvidos simultaneamente.
Há dois anos, a companhia construiu uma planta-piloto no complexo industrial de Araxá, com capacidade para produzir 50 toneladas de óxido de nióbio. A unidade serviu para enviar os materiais para o mercado testá-los. Com o sucesso dos produtos e as vendas dobrando a cada exercício, a empresa decidiu que era hora de implantar uma unidade capaz de produzir três mil toneladas anuais, fruto de um investimento milionário e que deve ser inaugurada em breve.
O CEO da CBMM, Ricardo Lima, afirmou à reportagem que foram investidos aproximadamente R$ 450 milhões na fábrica, que está em fase de comissionamento. Segundo Lima, a partir de agosto ela estará em condições de produzir o material, que poderá ser utilizado em diversas aplicações. Conforme ele, o volume de produção será suficiente para abastecer o mercado por três anos, mas existe a possibilidade de expansão se a demanda condizer com as expectativas da companhia.
“Se a demanda corresponder aos nossos planos, daqui a um ano, no mais tardar um ano e meio, vamos pensar no próximo módulo de investimento. Nesse caso, estamos pensando em ter pelo menos mais 10 mil toneladas de capacidade para que a gente possa sempre estar andando à frente da demanda, mantendo a garantia de abastecimento do mercado com os nossos produtos”, disse.
Araxá tenta atrair fábrica da Toshiba
O prefeito de Araxá, Robson Magela (Cidadania), afirmou, durante evento na CBMM, que vai pleitear a instalação de uma fábrica de baterias da Toshiba para a cidade. Em entrevista coletiva no evento, o governador Romeu Zema (Novo) ressaltou que o Estado já deixou claro para o grupo japonês a intenção de apoiá-los caso decidam investir no município ou em outro local de Minas Gerais.
“Minas Gerais tem nióbio e lítio, e toda a condição de ter uma fábrica de baterias. Já estive com diversos fabricantes de automóveis e, à medida que o número de veículos comerciais elétricos aumentar no Brasil, a América do Sul vai demandar uma fábrica de baterias. Hoje, toda essa demanda vem do exterior, principalmente da Ásia, e queremos que essa fábrica esteja aqui”, destacou.
Para o Diário do Comércio, o CEO da CBMM, Ricardo Lima, disse que as atividades da empresa sempre estarão concentradas em Araxá e, por isso, seria interessante ter uma fábrica de baterias na região. Na avaliação do executivo, havendo mercado no Estado, algo que, para ele, existe, certamente a fabricante japonesa ou outra empresa do ramo terá a atenção voltada para Minas Gerais.
*O repórter viajou para Araxá a convite da CBMM
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