Cefet-MG e St. George firmam parceria de R$ 25 milhões para criar planta-piloto em Araxá

O Cefet-MG/Campus Araxá, no Alto Paranaíba, vai receber, ao longo de cinco anos, um investimento de R$ 25 milhões da australiana St. George Mining Limited para criar uma planta-piloto de processamento mineral e refino hidrometalúrgico em formato de parceria público-privada.
A parceria foi oficializada nessa segunda-feira (6) e terá duração de cinco anos. Após esse período, a escola federal herdará o centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação construído pela empresa.
O aporte faz parte dos R$ 2 bilhões em investimentos que a St. George já havia anunciado para a construção de sua planta industrial, que começa em 2026 e tem previsão de entrar em operação em 2027, também em Araxá. A produção prevista na unidade no Alto Paranaíba é de até 20 mil toneladas por ano (t/a), sendo cinco mil de nióbio e 15 mil de elementos de terras-raras (ETRs).
Segundo o diretor de ESG e Desenvolvimento Técnico da St. George, Thiago Amaral, a planta na escola permitirá que as pesquisas saiam do laboratório e passem a operar em escala contínua, embora ainda em uma escala menor do que uma planta industrial. A ideia é que a planta-piloto e os trabalhos desenvolvidos nela definam o modelo ideal para a construção da planta original da empresa.
“Um dos gargalos no desenvolvimento de projetos minerais críticos no Brasil é conseguir sair da etapa de laboratório, de pequenas escalas, e passar para uma escala contínua de operação. Não temos muitas unidades nem espaço para realizar esse tipo de atividade”, comentou Amaral.
Para ele, há algumas instalações em centros de desenvolvimento ou dentro das próprias empresas de maior porte, mas que ainda estão muito aquém do necessário para o setor. “A ideia da parceria com o Cefet-MG foi justamente suprir parte dessa lacuna”, comentou.
Pelo acordo, a St. George financiará as obras de construção, a aquisição de equipamentos e as adequações de engenharia. Nos três primeiros anos, a empresa implementará as condições laboratoriais e de planta-piloto necessárias para testes em escala ampliada. Um período de transição nos anos quatro e cinco da parceria permitirá a operação conjunta entre St. George e Cefet-MG/Campus Araxá, assegurando transferência de conhecimento e treinamento de pessoal.
Em contrapartida, o Cefet-MG disponibilizará uma área no campus de Araxá e projetos de engenharia para o Centro Tecnológico Araxá, que contará com laboratórios, áreas de apoio e instalações em escala piloto.
“O centro de pesquisa vai agregar ao Cefet-MG melhores condições relacionadas à mão de obra capacitada, ao desenvolvimento de mais pesquisas para nosso mestrado e ao desenvolvimento regional de Araxá e região. Por meio de bolsas de graduação, mestrado ou até doutorado, a comunidade também será beneficiada”, comentou a diretora da unidade, Renata Calciolari.
A instituição também ficará responsável por fornecer o projeto básico e as autorizações institucionais, disponibilizar equipe técnica, apoiar propostas de fomento e garantir as condições adequadas para pesquisa.
Thiago Amaral comenta que faz parte das diretrizes da empresa deixar um legado para as cidades onde atua. O Centro Tecnológico atenderá projetos de outras empresas, trazendo desenvolvimento e tecnologia para a região. “Esse é um legado que a St. George já começa a construir desde seus primeiros passos”, disse.
Segundo ele, após o quinto ano, toda a infraestrutura e os equipamentos serão doados ao Cefet-MG. “A planta-piloto continuará funcionando como um centro de excelência em Araxá para o desenvolvimento de projetos minerários, beneficiando estudantes e pesquisadores”, comentou.
Pesquisa e inovação
Com capacidade de processar entre 200 kg e 300 kg de minério por hora, a planta-piloto possibilitará a produção de amostras de ferronióbio e terras-raras, incluindo concentrados, carbonato misto e óxidos de alto valor agregado. As linhas de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I) abrangerão rotas de beneficiamento para nióbio, titânio e terras-raras, ensaios de lixiviação, separação e refino, técnicas de reaproveitamento de rejeitos e práticas de economia circular.
Também estão previstas ações de capacitação de pesquisadores e técnicos, participação de alunos em atividades práticas e a realização de seminários e publicações científicas.
O investimento no Centro Tecnológico St. George/Cefet-MG soma-se a iniciativas já em andamento, como o estudo de processamento conduzido com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e a participação no Projeto MagBras, voltado à fabricação nacional de ímãs de terras-raras.
Ouça a rádio de Minas