Cemig bateu recorde de lucro líquido em 2021
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) apurou resultados recordes no exercício de 2021. Somente o lucro líquido da elétrica cresceu 31,04% no comparativo ao ano anterior. Em valores nominais, essa variação expressiva significa que a empresa registrou R$ 3,753 bilhões de lucro líquido. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda na sigla em inglês) registrou um salto de 40,50%, fazendo com que o indicador chegasse à marca dos R$ 8 bilhões.
Avanço significativo foi apurado também na receita líquida da companhia, que entre 2020 e 2021 teve um acréscimo de 33,4% e bateu a marca dos R$ 33,6 bilhões. Entre os fatores que impulsionaram os resultados, a companhia destaca a venda de sua participação na Light, empresa de energia elétrica que opera no Rio de Janeiro, a gestão sobre dívidas e perdas, além da repactuação de benefícios recebidos por funcionários aposentados (pós-emprego) e a extensão de outorgas de hidrelétricas devido ao acordo de risco hidrológico. Em relação à venda da Light, destaca-se que somente a operação levou ao caixa da Cemig R$ 1,37 bilhão.
De acordo com a superintendente de Relações com Investidores da companhia, Carolina Senna, a performance da Cemig Distribuição (Cemig D) foi determinante para o crescimento da receita. A executiva destacou que, mesmo em meio a pandemia da Covid-19, o setor conseguiu se recuperar das perdas sofridas nos meses imediatamente posteriores ao reconhecimento da crise sanitária global.
A exemplo de performance, a superintendente cita o desempenho da empresa para fazer cortes de energia que dobrou no exercício do ano passado. A estratégia dos cortes é uma via de mão dupla para a companhia: enquanto reduz as perdas e consegue se manter dentro da meta regulatória das perdas permitidas pelo órgão regulador, a estatal recupera parte do mercado.
“A Cemig avançou no combate às perdas, tanto aquela que ocorre no fio, no processo de distribuição, como as perdas não técnicas, os gatos. E, quando a gente se enquadra dentro dos níveis regulatórios, significa que a companhia deixa de perder recursos”, afirma Senna em relação aos trabalhos da companhia para cercar os prejuízos com perdas.
Outra estratégia da companhia foi a recompra de R$ 500 milhões de eurobonds, utilizados no mercado financeiro para a captação de recursos para financiar projetos prioritários em empresas. Nesse caso, Carolina lembra que, no passado, a empresa comprou R$ 1,5 bilhão de eurobonds em moeda americana (dólares) que vencem em 2024. Com a nova transação, a empresa reduz o valor que irá vencer no ano de referência para endereçar ao valor em outros planos que objetivam resultados melhores para a companhia.
Desempenho da Gasmig
Carolina Senna destacou, ainda, os resultados da subsidiária da Cemig: a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig). Segundo os dados do balanço, a empresa cresceu 46,7% no fornecimento de gás natural canalizado, principalmente para o mercado térmico e industrial no comparativo entre 2020 e 2021.
Vale ressaltar, no entanto, que para renovar a concessão da Gasmig para atendimento da demanda em Minas Gerais, a empresa tem como exigência o incremento de clientes. Nos últimos dois anos, a empresa de gás congelou reajustes em tarifas de clientes residenciais e comerciais de pequeno porte, mesmo em meio às altas de contratos com a Petrobras para fornecimento do insumo.
Risco hidrológico
Especificamente sobre a ampliação do tempo de gestão de usinas, vale ressaltar que a prorrogação da outorga ocorre no âmbito da repactuação aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que compensa as concessionárias de energia elétrica que foram prejudicadas durante períodos de escassez hídrica.
A partir desse acordo, a Cemig teve o ressarcimento daquilo que é chamado como risco hidrológico, sendo que, ao invés de a companhia receber um valor bilionário pelas perdas, ela recebeu a ampliação da concessão de algumas das usinas sobre as quais faz a operação.
Como resultado, a superintendente de relações com investidores da companhia, Carolina Senna, lembra que as usinas de Nova Ponte e Emborcação ficarão mais dois anos sob a gestão da companhia após 2025, quando a outorga vence.
Futuro da companhia
Ainda de acordo com a superintendente da Cemig, o ano de 2022 deve ser pautado por investimentos na expansão de capacidade de Pequenas Centrais Hidrelétricas, em energia solar e, em menor parte, na matriz de geração eólica. Ela ressaltou que, apesar dos impactos negativos do marco da geração distribuída (GD), que causam uma corrida no mercado rumo à implantação de usinas solares para geração própria de energia, a Cemig SIM, atual braço da companhia em GD, atua no sentido de capturar o excedente do mercado, abatendo assim os efeitos sobre a concessionária.
Além disso, Carolina Senna destaca que neste ano a Cemig deve investir mais de R$ 3 bilhões em melhorias na distribuição da energia elétrica em Minas Gerais.Como destaque, estão os programas Mais Energia e Minas Trifásico, que, juntos, ampliam a capacidade das redes no Estado e o número de subestações, o Minas Led, que tem como objetivo proporcionar aos municípios a oportunidade de tornar a iluminação pública mais eficiente e econômica com lâmpadas de LED.
Neste ano, a empresa pretende, ainda, assumir uma postura mais competitiva em leilões da transmissão.
Empresa quer vender fatia na Taesa
São Paulo – A Cemig está seguindo com seu plano de desinvestimentos e espera concluir a venda de suas participações na transmissora Taesa e outros ativos ainda neste ano, disseram executivos da companhia ontem.
Em teleconferência de resultados, o CEO da Cemig, Reynaldo Passanezi, ressaltou que a estatal mineira deu importantes passos no ano passado com os desinvestimentos na Light e Renova Energia – esse último ainda está em fases finais de conclusão.
Segundo ele, a Cemig prosseguirá com as vendas da Taesa, bem como da Aliança Energia (joint venture com a Vale), além de participações na Santo Antônio Energia (concessionária da hidrelétrica Santo Antônio) e Norte Energia (concessionária de Belo Monte).
À Reuters, o diretor financeiro da elétrica, Leonardo Magalhães, disse que a intenção é divulgar ao mercado um plano para a alienação das ações na Taesa, assim como foi feito no ano passado, quando a companhia chegou a lançar um processo competitivo.
“Em 2021, lidamos com a CPI da Cemig, nosso foco acabou sendo distribuído em outros assuntos. Mas isso não mudou nosso interesse e compromisso… Queremos ser bastante transparentes nesse processo, dar oportunidade para todos os potenciais interessados”.
Segundo Magalhães, a companhia tem bancos e assessores contratados para auxiliar nesse e em outros desinvestimentos.
Ele avaliou ainda que a geradora renovável Aliança Energia é um ativo que se mostra atrativo ao mercado, uma vez que tem baixo nível de endividamento e geração de caixa elevada.
Já as hidrelétricas de Santo Antônio e Belo Monte envolvem conversas mais complexas – a Cemig busca compradores para sua fatia há anos, mas não conseguiu ainda fechar um acordo em condições atrativas. (Reuters)
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