Economia

Cemig planeja concluir implantação de plataforma de gestão de R$ 100 milhões até 2026

Companhia investe R$ 100 milhões no novo sistema de distribuição, considerado a espinha dorsal do processo de transformação digital
Cemig planeja concluir implantação de plataforma de gestão de R$ 100 milhões até 2026
Em 2025, a Cemig atingiu 53% do investimento de R$ 1,7 bilhão em digitalização dentro do ciclo de dez anos, iniciado em 2019 | Foto: Divulgação Cemig

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) deverá concluir até o fim do próximo ano a implantação do Sistema Avançado de Gestão da Distribuição (ADMS, na sigla em inglês), uma plataforma integrada de software para gestão de redes de distribuição de energia elétrica. Ao todo, o novo sistema terá um investimento total de R$ 100 milhões.

A estatal alcançará neste ano 53% do investimento de R$ 1,7 bilhão previsto para sua transformação digital em um ciclo de dez anos, iniciado em 2019, e prevê investir o restante – R$ 800 milhões – até 2029.

Considerado a espinha dorsal da transformação digital da Cemig, o ADMS permitirá monitoramento, análise e controle em tempo real de toda a rede elétrica, detecção e resposta automática em caso de falhas, modelagem avançada da rede, com realização de simulações para fundamentar decisões mais precisas e proativas de operação.

O vice-presidente de Tecnologia da Informação da Cemig, Luís Cláudio Villani, explica que o ADMS é um conjunto de soluções complementares. Ele possui um Sistema de Supervisão e Aquisição de Dados (Scada, na sigla em inglês) que coleta todos os dados dos ativos elétricos da rede, como transformadores e linhas de transmissão, onde entram módulos de gerenciamento de falhas e planejamento energético.

“Numa rede antiga, era uma usina centralizada distribuindo radialmente energia e agora você tem milhares de telhados injetando energia para todo lado. Então gerenciar a qualidade dessa energia, os fluxos de potência, potência reativa, não é fácil sem um sistema inteligente”, disse.

Villani explica que, hoje, a estatal está na metade da implantação do sistema, já implementado na rede de alta e média tensão, com cerca de um milhão de pontos supervisionados pelo Scada, como equipamentos e dispositivos elétricos na rede. “Na alta tensão já tem medições reais, reduzimos o tempo de manobras, que levavam em média 25 minutos, para dez minutos. É uma redução de mais de 30% na operação de linhas de altíssima tensão”, destaca.

A implantação do ADMS conseguirá também reduzir a média de horas que os consumidores ficam sem energia no ano, chamada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC). A Aneel estabelece um limite de DEC para as distribuidoras e reduz esse limite a cada ano.

“O ADMS, pela sua parte de automatização de redes, temos a expectativa que vai reduzir de 30 a 40 minutos, na largada, depois vão entrar outras automações. Para baixar meia hora no DEC, sem sistemas, é um esforço quase hercúleo. A gente vem baixando 11, 10, 9 minutos nos últimos 5, 6 anos, então, assim, isso é extremamente importante”.

A redução do DEC reduzirá, no futuro, as compensações financeiras da Cemig, já que, quando a distribuidora interrompe a energia do consumidor sem ser por causa de evento climático extremo, ela é obrigada a pagar uma compensação pela falta de energia.

Tecnologia pode viabilizar funções de gestão de energia do ONS para a Cemig

Junto do ADMS há também o Sistema de Gestão de Recursos de Energia Distribuída (Derms, na sigla em inglês), voltado para a gestão da eletricidade proveniente da geração distribuída (GD) e mini e micro geração distribuída (MMGD).

Villani destaca que, com a abertura do mercado livre de energia para consumidores de baixa tensão e o crescimento das fontes renováveis no sistema de energia, futuramente, a Aneel deverá transformar as distribuidoras, como a Cemig, em operadores de sistemas de distribuição, com funções de despachar na rede energia das usinas de GD e MMGD, hoje, a cargo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Ou seja, o desenvolvimento do sistema de gestão poderá viabilizar que a estatal possa se tornar uma espécie de “versão regional” do ONS no futuro. “Hoje a Cemig não pode fazer isso. Será como se fosse um mini-ONS”, explica Villani.

Sendo um operador de distribuição, a tecnologia permitirá, inclusive, que a Cemig agrupe várias usinas de MMGD de uma região em uma Usina Virtual (VPP, na sigla em inglês).

“Num bairro com grande quantidade de telhado injetando energia fotovoltaica na rede, podemos unificar esse bairro como se fosse uma usina e gerenciar ele como uma unidade maior, que me ajuda a equilibrar a rede, em vez de ficar administrando caso a caso. Quem permite criar essas VPPs é o ADMS/Derms”, disse Villani.

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