Cemig testa fibra óptica em linhas de transmissão

Ela tem a espessura similar à de um fio de cabelo, mas seu potencial está muito além do que se pode ver. Com alta tecnologia embarcada em uma estrutura tão pequena, a fibra óptica se tornou a ferramenta perfeita para a inovação que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) precisava para resolver um problema épico do setor elétrico: o rompimento de cabos de energia e a necessidade de rápida detecção do dano. Estudos realizados pela companhia com a inserção da fibra óptica no cabo de energia se mostram eficazes e prometem trazer mais segurança à rede elétrica.
Os estudos com a fibra óptica na Cemig começaram em 2002, segundo explica o engenheiro Carlos Alexandre Meireles Nascimento, gerente do projeto P&D 520 “Sistema Óptico de Monitoramento da Integridade Física de Condutores de Linhas de Transmissão”. A pesquisa é desenvolvida em parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), a Companhia de Transmissão Centroeste de Minas e a Cemig Telecom.
De lá para cá, já foram criadas 10 patentes diferentes sobre a utilização da fibra óptica no sistema elétrico. Os pesquisadores criaram protótipos de tecnologias que ajudam em desafios como a medição da temperatura e da força do cabo, assim como o videomonitoramento em áreas desassistidas de energia elétrica. Nesse segundo caso, a fibra óptica é utilizada para transmitir a luz, que será convertida em energia.
Leia também:
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Empresa pesquisa solução para infraestrutura da “smart city”
Projeto vai mudar padrão das redes elétricas
Já a pesquisa sobre a utilização da fibra óptica como solução no problema de rompimento de cabos é mais recente, segundo explica Nascimento. Os estudos começaram em 2012 quando se percebeu o potencial dessa tecnologia para o monitoramento da integridade dos cabos.
“O rompimento de cabos é um problema antigo no setor e acontece quando, por exemplo, uma árvore ou um raio cai sobre a rede. Quando esse cabo é rompido e cai em curto no chão, a rede elétrica tem dificuldade de entender que aquilo é um problema. É como se o fio ainda tivesse alimentando um sistema de cliente. A única forma de resolver isso é com a fibra óptica, tecnologia que traz inteligência para o sistema”, explica.
De acordo com ele, a fibra óptica é capaz de detectar a ruptura de um cabo de transmissão e transmitir a informação a uma subestação próxima, indicando o local do rompimento. Além de facilitar as intervenções de reparo e aumentar a rapidez da resolução do problema, a tecnologia ainda traz mais segurança para rede. Isso porque a rápida comunicação impede o religamento automático, que é um procedimento comum na rede quando há interrupção de energia.
“Em casos em que a energia foi interrompida por causa de um dano como a ruptura do cabo é fundamental que não ocorra a tentativa do religamento automático. Com a fibra óptica a detecção do dano é tão rápida que ela consegue, inclusive, prevenir esse religamento”, explica. De acordo com o engenheiro, a tecnologia que insere a fibra óptica dentro do cabo de energia foi desenvolvida no Brasil pela empresa curitibana Furukawa e testada na UniverCemig, que é um bairro em Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Uma linha de um quilômetro em escala real foi desenvolvida para validar a tecnologia. Após testes foi constatada a eficiência do sistema, que, no ano passado, foi apresentado na Bienal do Cigré 2018, em Paris. De acordo com Nascimento, a ideia é que a tecnologia seja implementada nas novas redes da Cemig.
Ele explica que os custos de produção da rede de cabos com fibra óptica é de 10% a 15% mais alto que a rede convencional, mas destaca que esses custos são compensados. “No sistema comum precisamos de redes com rádios de comunicação para monitorar os rompimentos, equipamentos que passam a ser desnecessários com a fibra óptica. Além disso, o custo de manutenção da rede com a nova tecnologia é muito menor”, completa.
Ouça a rádio de Minas