Cemig quer 20% do varejo do mercado livre de energia do País até 2026

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) quer conseguir 20% do market share de comercialização varejista no segmento do mercado livre de energia do País até meados de 2026, totalizando de 25 mil a 30 mil clientes, segundo o vice-presidente de comercialização da companhia, Dimas Costa.
A aposta é pautada na abertura desse mercado para clientes do chamado grupo tarifário A, que é atendido em média tensão (13,8 mil volts), a partir deste mês de janeiro de 2024. Dessa forma, pequenos comércios, supermercados, shoppings e empresas de médio e grande porte podem aderir a esse mercado.
“É uma nova fronteira, pois até então a gente tinha os clientes livres, mas eram clientes de maior porte. E, agora, os clientes com demanda abaixo de 500 kW podem aderir ao mercado livre por meio de um comercializador varejista”, explica.
A mudança se deve à Portaria 50/2022, do Ministério de Minas e Energia (MME). Dessa forma, o limite mínimo para ingressar neste mercado deixa de ser 500 kW.
De acordo com o executivo, o mercado potencial em Minas é de 13 mil consumidores e por volta de 200 mil no País.
Conforme Costa, a Cemig já vem se preparando para atender a esses clientes e fez o lançamento de sua plataforma de e-commerce (energialivre.cemig.com.br), em junho de 2023. “Como varejista, já temos 1,2 mil clientes, sendo metade em Minas Gerais”, observa.
Fora de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo são os mercados que se destacam. E para atuar em outros estados, a Cemig conta com parceiros, que são quase 80 espalhados por quase todos os estados brasileiros.
O vice-presidente de comercialização da Cemig explica que o e-commerce permite a negociação totalmente digital, desde a simulação da oferta com descontos personalizados até a contratação da energia, na modalidade varejista. “Os descontos na conta de energia podem chegar até 35%”, observa.
Além da redução no valor da conta de energia, ele ressalta que as empresas que aderem ao mercado livre de energia contribuem para a descarbonização no Estado, já que compram energia oriunda das principais hidrelétricas e dos parques eólicos da empresa.
Recentemente, a companhia fechou contratos no mercado livre de energia com grandes empresas de diversos segmentos, como a mineradora Sigma Lithium, a Tora Transportes e o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Hoje, são cerca de 4,5 mil clientes dessa área de atuação, com 15% do mercado nacional.
Com o objetivo de incentivar mais empresas a aderirem ao mercado livre de energia, a Cemig desenvolveu um programa e firmou parcerias com várias empresas e associações de entidades como a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), para que os associados ou indicados por essas entidades conheçam e contratem o Energia Livre Cemig. ”Também estamos apostando num marketing de resultados”, ressalta o vice-presidente.
Tipos de mercado e como migrar
O mercado livre de energia existe desde 1966. O Ambiente de Contratação Livre (ACL) permite que o cliente tenha liberdade na escolha do fornecedor de energia, possibilitando aquisição do produto a preços inferiores aos do Ambiente de Contratação Regulado (ACR).
O ACR, também conhecido como mercado cativo, possui o preço regulado e o consumidor paga pelo consumo, pelas taxas e o valor de diferentes bandeiras tarifárias. Ele contempla residências e empresas.
O vice-presidente de comercialização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Dimas Costa, explica que para a migração para o mercado livre de energia do grupo tarifário A, que passa a valer em janeiro de 2024, o primeiro passo é o consumidor analisar as propostas apresentadas pela companhia e escolher o melhor plano de acordo com suas características.
“Depois, é necessário realizar a denúncia do contrato com a distribuidora e migrar de fato para o mercado livre, aderindo à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, a CCEE. Ao longo desse processo, pode ser necessária também, a adequação da medição de energia elétrica para atendimento aos requisitos da CCEE”, explica.
Preço
De acordo com ele, com a migração para o mercado livre há impactos para as distribuidoras que passam a ter sobra de energia, o que pode causar um pequeno aumento no preço para o cliente do mercado cativo. Outro impacto é que as distribuidoras passam a reduzir a compra de energia, já que o mercado está menor. “Tem um processo de ajuste de um, dois, três anos, com ligeiro aumento para o mercado cativo”, diz.
A partir de janeiro de 2024, pelo menos 788 empresas de Minas Gerais migrarão do ambiente regulado para o mercado livre de energia. Deste total, 746 unidades consumidoras, ou o equivalente a 94,67%, são de pequeno porte, ou seja, possuem demanda elétrica inferior a 500 kW.
As informações são Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a transferência será possível a partir da autorização do órgão regulador para que pequenas companhias tenham autonomia na contratação de seus fornecedores.
Nos últimos 20 anos, o ambiente de contratação livre foi responsável por uma redução acumulada de gastos de energia da ordem de R$ 339 bilhões, sendo R$ 41 bilhões somente em 2022, conforme dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
A abertura da modalidade do mercado livre para os consumidores do grupo A é o primeiro passo da expansão que, até 2028, será ampliada para o grupo residencial, abrindo margem também para os varejistas que atuam no setor.
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