Cenário de incertezas derruba confiança da indústria em MG

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) de Minas Gerais diminuiu expressivamente em novembro. No período, foi registrada queda de 9,1 pontos frente a outubro e a pontuação caiu de 61,5 pontos para atuais 52,4 pontos. A queda brusca é resultado das incertezas em relação ao cenário econômico brasileiro para o próximo ano, em função da mudança do governo executivo federal, e também pelo ambiente econômico bastante desafiador frente a uma tendência de desaceleração do crescimento global.
De acordo com os dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), apesar da queda, o empresário industrial ainda está confiante, uma vez que a pontuação ainda está acima de 50 pontos, limite entre falta de confiança e confiança.
Porém, o resultado do Icei em novembro, 52,4 pontos, ficou 0,5 ponto abaixo da média histórica mensal, que é de 52,9 pontos, e ficou 3,2 pontos inferior ao verificado em novembro de 2021 (55,6 pontos), se tornando o menor para o mês em seis anos.
A economista da área de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg e coordenadora da pesquisa, Daniela Muniz, explica que, em novembro, o Icei foi influenciado, principalmente, pela diminuição do otimismo para os próximos seis meses.
“O Icei também foi influenciado pela avaliação menos favorável com relação ao momento atual, mas, o que mais pesou foi a diminuição do otimismo para os próximos seis meses”.
Ao longo de novembro, o componente de expectativas para os próximos seis meses diminuiu significativos 11,3 pontos. A pontuação caiu de 62,9 pontos em outubro para 51,6 em novembro. Apesar da forte retração, o indicador mostrou que os empresários continuam otimistas para os próximos seis meses – ainda que em menor intensidade. Frente a novembro de 2021 (58,3 pontos), o índice recuou 6,7 pontos, sendo o mais baixo para o mês em sete anos.
O componente de condições atuais também retraiu, porém, a queda foi menor, de 4,7 pontos em novembro (54 pontos), ante outubro (58,7 pontos). A retração aconteceu após três meses de expansão.
O indicador mostrou que a percepção de melhora na situação atual das economias do País e do Estado e dos negócios perdeu força entre os industriais. Na comparação com novembro de 2021 (50,1 pontos), o índice aumentou 3,9 pontos.
Daniela Muniz explica que a manutenção da confiança dos empresários industriais acontece pela retomada econômica vista nos primeiros meses do ano, pela menor pressão inflacionária e pela melhora do mercado de trabalho.
“Estes pontos explicam essa manutenção da confiança pelo 27º mês seguido. Nós tivemos uma atividade econômica melhor do que esperado, principalmente, no primeiro semestre. Contribuiu para isso os preços favoráveis das commodities, à normalização das atividades em setores que dependiam muito do contato presencial e também nós tivemos vários estímulos econômicos dados pelo governo, como a redução de vários impostos”.
Próximos meses
Ainda segundo Daniela, a queda na expectativa para os próximos meses é resultado das incertezas sobre a economia mundial e, principalmente, nacional, com a troca do governo federal.
“A queda na expectativa para os próximos seis meses refletiu as incertezas com relação ao cenário econômico brasileiro, especialmente, a partir de janeiro de 2023, com a mudança do governo federal. Temos um ambiente econômico bastante desafiador e, em 2023, isso deve se acentuar porque a gente vê uma desaceleração do crescimento global. Essa situação resulta do combate à inflação mundial que é herança e dos estímulos monetários e fiscais em relação à pandemia de Covid-19”.
Daniela Muniz explica que os bancos centrais de países desenvolvidos e dos países emergentes, incluindo o Brasil, vêm executando uma política monetária bastante restritiva, mantendo as taxas de juros elevadas com o propósito de derrubar a inflação.
“O efeito combinado dessa desaceleração do crescimento global e da política monetária restritiva interna deverá afetar o crescimento brasileiro em 2023 e os primeiros sinais já aparecem na produção, com queda no comércio e também na confiança dos empresários. Temos ainda o nosso maior desafio que é a questão da política fiscal. Qualquer que seja a solução para enfrentar essa ausência de espaço fiscal para promover o crescimento, a solução vai depender da qualidade da nova equipe econômica e do apoio que ela vai ter do novo presidente. O que tem interferido na confiança é que isso ainda não está definido. Para o empresário, o ambiente é de grande incerteza”.
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