Economia

Cenário econômico impulsiona a bolsa

Cenário econômico impulsiona a bolsa
Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

Mesmo com o aumento da taxa Selic, hoje em 3,5% e com expectativa de chegar a cerca de 6,5% ao ano no final de 2021, o que pode aumentar o retorno dos aportes em renda fixa, os investimentos na bolsa de valores continuam sendo os mais atrativos e com perspectivas positivas. A tendência de um crescimento econômico – como já sinalizado pelo Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre – vem sendo sustentado também pelo avanço, ainda que lento, da vacinação contra a Covid-19, o que é importante para a reabertura total das atividades econômicas.

Entre as ações mais interessantes para se investir na bolsa estão as de empresas de commodities, como as do agronegócio, do setor de energia e do setor mineral. Com a possibilidade de controle da pandemia de Covid-19 e do movimento de reabertura, empresas dos setores de varejo físico, shoppings, locadoras de veículos, bancos também se tornam opções interessantes para se investir. 

O analista da Terra Investimentos Regis Chinchila explica que os dois primeiros meses de 2021 ficaram marcados por realização de lucros pelos investidores, que aproveitaram as valorizações da bolsa de valores no segundo semestre de 2020 devido a um ambiente político, econômico e social repleto de incertezas. 

“As incertezas ocorreram de uma atividade baixa e encerramento do auxílio emergencial (parte1), da pressão no governo pelo cumprimento da agenda liberal com reformas administrativa, tributária e privatizações, além do impacto crescente da pandemia da Covid-19 e problemas no Ministério da Saúde para contenção da crise e ampliação por vacinação. No período, o Ibovespa saiu da máxima de 125 mil e caiu até 107 mil pontos”, explicou.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Commodities

Já nos últimos três meses (março, abril e maio) os investidores voltaram às compras, principalmente os estrangeiros. Segundo Chinchila, os investidores foram atraídos por oportunidades nos mercados emergentes e por empresas ligadas às commodities como o minério de ferro, petróleo, agronegócio e proteína animal. Entre os destaques ficaram a Vale, CSN, Gerdau, Usiminas, Petrobras, SLC, JBS, Marfrig, entre outras.

“O mês de maio ficou marcado pela renovação da marca histórica do Ibovespa, com investidores projetando um cenário de recuperação da economia para o segundo semestre de 2021 e principalmente 2022. Neste contexto, ativos de administradoras de shoppings, aéreas, varejo de vestuário mostraram excelentes rentabilidades, com rotação setorial entre commodities e setores da economia interna”, disse.

Chinchila, para o final de 2021, projeta o Ibovespa aos 135 mil pontos. “Acreditando no cenário de retomada gradual, um Congresso mais reformista e empresas buscando oportunidades de aquisições e combinações de negócios. Entre os setores com maiores upsides estão varejo, commodities, construção civil e bancos”, destacou.

Para o economista e professor do Ibmec BH Gustavo Andrade, os ativos de risco como um todo têm como principal gatilho o crescimento econômico, que é o principal balizador para a bolsa. No Brasil, o avanço da vacinação contra a Covid-19, ainda que lento, é importante para o controle da pandemia e permitirá a retomada completa das atividades, contribuindo para o crescimento econômico. 

Ainda segundo Andrade, o crescimento do PIB e a melhoria da confiança dos empresários, consumidores e das indústrias também tendem a contribuir para um melhor cenário econômico e para a valorização das empresas, tornando a bolsa uma opção para investimentos, já que, mesmo com a elevação dos juros, os índices ainda são menores que os vistos no passado.  

“Quando vemos dados econômicos do Brasil melhores que o esperado, como o resultado do PIB do primeiro trimestre e que vem sendo revisto para cima, isso é amparador muito relevante. O lucro das empresas vem do crescimento econômico, que virá da vacinação contra a Covid-19. Com leitura de dados melhores e melhoria da confiança, vamos ver a valorização das empresas. Além disso, para o ano, temos uma previsão da Selic em 6,5% ao ano, ainda é um patamar muito baixo para os fundos de renda fixa e que vai continuar trazendo fluxo para a bolsa”, disse Andrade.

Risco é caminho

O analista de investimentos da Mirae Asset Wealth Pedro Galdi também explica que mesmo com a alta dos juros, o retorno da bolsa tende a ser mais expressivo. Ele avalia que os juros devem subir, diante da inflação crescente, e que se espera uma Selic, para o final do ano, próxima a 6% ao ano.

“Mesmo com a alta, é um patamar muito distante dos 14% que vimos no passado. O detalhe é que com uma inflação em patamar similar o ganho real será quase nada. Então o caminho será tomar risco, ou seja, a Bolsa de Valores. O investidor terá que escolher. Se for para fundos, irá pagar a taxa de administração. Se comprar fundo imobiliário vai receber dividendo mensal e não paga Imposto de Renda (PF) e se escolher bem o fundo pode tirar uns 8% ao ano. Ele tem a opção de ir para ações, onde montando uma carteira bem formulada pode ter ganhos bem maiores, desde que não compre papéis sem sentido”.

Galdi ressalta que é necessário que os investidores busquem a assessoria de analistas de investimentos, que possam lhe dar suporte e assistência constante. “Não estou falando de gerente de agência de banco, que irá indicar uma previdência privada para o cidadão”.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas