Economia

Cenário econômico impulsionou o comércio de Belo Horizonte em 2023

Em 2023 foi registrado o melhor resultado dos últimos três anos
Cenário econômico impulsionou o comércio de Belo Horizonte em 2023
Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo Diário do Comércio

O cenário macroeconômico positivo ajudou o comércio varejista de Belo Horizonte a vender mais em 2023. O crescimento foi de 1,36%, conforme o Termômetro de Vendas elaborado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Foi o melhor resultado dos últimos três anos. Em 2022, o setor fechou com crescimento de 1,32% e, em 2021, o aumento foi de 1,34%.

De acordo com a economista da entidade, Ana Paula Bastos, entre as variáveis positivas que influenciaram positivamente a atividade no ano passado está o aumento do emprego. O bom resultado da capital mineira é confirmado pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Belo Horizonte apareceu no topo das cidades que registraram superávit de vagas em 2023 no Estado, com saldo de 31.249 postos de trabalho e Minas Gerais foi o terceiro estado com o maior saldo de empregos criados no País no ano passado, com a criação de 140,83 mil vagas de trabalho com carteira assinada.

O desempenho apresentado por Minas só fica abaixo do Rio de Janeiro e de São Paulo, com 160,57 mil e 390,71 mil empregos gerados, respectivamente. O Brasil fechou o ano com saldo acumulado positivo de quase 1,5 milhão de empregos. Além disso, todas as 27 unidades federativas registraram superávit.

Além da influência da geração de postos de trabalho no consumo do comércio de Belo Horizonte, a especialista destaca a interferência positiva da redução da taxa básica de juros, a Selic, que interfere, em especial, no consumo de produtos de maior valor agregado em razão da necessidade de crédito.

Foi em agosto de 2023 que foi iniciado o movimento de corte da Selic. Na última reunião de dezembro do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), cortou em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, finalizando 2023 em 11,75% ao ano.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas. Atualmente a taxa básica de juro está em 11,25% ao ano.

Ana Paula Bastos também destaca o controle inflacionário como outro fator que ajudou no desempenho do varejo no ano passado. “Com a inflação em queda, o consumidor conta com mais recursos financeiros para consumir”, diz.

E o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do País, de fato ajudou, já ficou abaixo da meta em 2023, o que não acontecia há dois anos. O intervalo da meta da inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) era de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,75% e 4,75%.

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o IPCA acumulou alta de 5,05% no ano passado, acima da média nacional, que foi de 4,62%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desenrola Brasil também impactou o comércio de Belo Horizonte

Fora as variáveis macroeconômicas positivas, a economista da CDL-BH destaca o programa do governo federal Desenrola Brasil, que permite a renegociação de débitos por meio do parcelamento de dívidas, como outro fator importante que ajudou no desempenho do varejo em 2023. “O programa permitiu que pessoas as pudessem voltar a consumir”, diz.

Diante desse cenário, no acumulado do ano de 2023 todos os segmentos analisados pela CDL-BH registraram crescimento nas vendas, com destaque para drogarias e cosméticos (5,63%) e supermercados (5,44%).

Perspectiva do comércio de Belo Horizonte para 2024 é positiva

O “ambiente econômico mais estruturado” do País, segundo a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Ana Paula Bastos, deve colaborar de forma positiva para os negócios do varejo de Belo Horizonte em 2024.

Para ela, mantido o bom desempenho do mercado de trabalho, além dos juros e inflação em baixa, o setor deve continuar em expansão. A economista ressalta que a entidade ainda não definiu uma projeção de crescimento para o setor e, diante do atual cenário, ela diz acreditar que é possível superar o desempenho verificado no ano passado. “O cenário econômico está mais seguro, com o País atraindo investimentos estrangeiros. O que pode influenciar negativamente é a geopolítica”, avalia.

E as projeções do mercado financeiro para este ano confirmam a análise da especialista. Segundo o último boletim Focus, do Banco Central (BC), com a projeção para os principais indicadores econômicos. O levantamento mostra perspectiva de crescimento da economia brasileira, passando de 1,6% para 1,68%.

Com o resultado, o Produto Interno Bruto (PIB) está novamente no maior patamar da série histórica, ficando 7,2% acima do nível de antes da pandemia, registrado nos três últimos meses de 2019. Os dados do quarto trimestre de 2023, com o consolidado do ano, serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1º de março.

Na edição mais recente do Focus, a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do País, para 2024 passou de 3,82% para 3,81%.

A estimativa para 2024 está dentro do intervalo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.

Em janeiro, pressionada pela alta dos alimentos, a inflação do Brasil foi 0,42%, abaixo do apurado em dezembro, de 0,56%, de acordo com o IBGE. Em 12 meses, o IPCA soma 4,51%.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas