Economia

Centro de excelência só teve investimentos de R$ 50 mi e está parado

Centro de excelência só teve investimentos de R$ 50 mi e está parado
Crédito: REUTERS/Ueslei Marcelino

Orçadas em cerca de 500 milhões, as obras do Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor Elétrico – antigo Instituto Senai de Inovação em Sistemas Elétricos (ISI-SE) – em Itajubá, no Sul do Estado, só tiveram cerca de R$ 50 milhões investidos em projeto e infraestrutura. A construção foi paralisada no início de 2019 e, de lá para cá, nada mudou.

De acordo com o coordenador da Comissão de Energia da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) e integrante da equipe do Projeto do ISI-SE, Alexandre Francisco Maia Bueno, a gestão ficou a cargo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e, posteriormente, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “A decisão pela interrupção do projeto partiu dos mesmos órgãos gestores, ou seja, Fiemg e CNI,” afirmou o coordenador 

Por meio de nota encaminhada ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, a assessoria da Fiemg informa que “o projeto do Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor Elétrico está sob revisão técnica pelo Senai com o objetivo de adequação de seu escopo e dimensão. 

O coordenador esclarece que sempre houve interesse da Prefeitura de Itajubá e da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) na retomada do projeto e que o instituto foi concebido e planejado para ser uma referência em pesquisa e desenvolvimento de equipamentos do setor elétrico em todo o País e na América Latina. Além disso, o centro seria capaz de realizar ensaios de certificação que permitissem à indústria nacional fornecer equipamentos de qualidade no mercado mundial. 

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“No entanto, nenhuma nova obra foi iniciada, além daquelas que estavam disponibilizadas em terraplanagem e subestação em 2019. São três anos de abandono, com terraplanagem e subestação construídas pela Cemig”, denunciou o ex-reitor da Unifei Dagoberto Alves de Almeida.  

Para ele, o Brasil corre o risco de comprometer seu desenvolvimento industrial na respectiva área com a paralisação das obras do ISI-SE, sem contar os prejuízos econômicos. “A engenharia brasileira do setor elétrico, outrora uma das mais pujantes, enfraquece-se e royalties são pagos por ciência desenvolvida no exterior, o que é uma verdadeira lástima,” lamenta o professor.

Contrato de doação

De acordo com o ex-reitor, desde então, o contrato de doação da área, disponibilizada pela Prefeitura,  vem sendo renovado com a expectativa de que o complexo – que seria o  único desse tipo no Brasil e na América Latina – não se perca. “Mas, ao longo dos anos,esse investimento vem se perdendo pela deterioração causada pela ação do tempo”, avaliou. 

A posição é corroborada pelo coordenador da SME. Para Alexandre Bueno, o projeto fará falta ao Brasil tendo em vista a privatização da Eletrobras, o que compromete a continuidade do único centro de pesquisas do Brasil na área elétrica, o Cepel, no Rio de Janeiro. “E assim, passo a passo, continua a desindustrialização do País, por meio da desconstrução de seus centros de pesquisa e desenvolvimento”, lamenta

Mega complexo laboratorial

Em setembro de 2018, a CNI lançou oficialmente, em Brasília, o ISI-SE como o maior complexo de inovação em sistemas elétricos da América Latina, Idealizado para ser um mega complexo, o projeto é composto por quatro laboratórios (Alta Potência, Alta Tensão, Ensaios Mecânicos e Elevação de Temperatura), com áreas de preparação de equipamentos (destinada a clientes), oficina mecânica, prédio administrativo, subestação de energia própria e área de apoio aos funcionários, em terreno de 210.000 m² doado pela Prefeitura de Itajubá-MG. 

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