Cesta básica em BH fica 1,04% mais barata em agosto

A cesta básica em Belo Horizonte fechou o mês de agosto custando R$ 664,02, uma queda de 1,04% na comparação com o mês anterior. Porém, em relação a agosto do ano passado, a cesta teve alta de 1,23%. Se comparado o acumulado dos oito meses do ano, com relação ao mesmo período em 2022, a cesta registrou queda de 7,22%.
Os dados são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do mês de agosto, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O levantamento mensal do órgão mostrou que o conjunto dos alimentos básicos diminuiu em 16 das 17 capitais pesquisadas. A única capital em que não houve queda foi Brasília, que registrou leve alta de 0,35%.
O economista e supervisor técnico do Escritório Regional do Dieese em Minas Gerais, Fernando Duarte, analisa que a queda no preço da cesta básica frente ao mês de julho foi puxado, principalmente, pela queda da batata (17,30%), da farinha de trigo (5,47%), do feijão carioquinha (5,24%) e do leite integral (4,02%). “É uma tendência nacional, feijão e leite caíram em todas as capitais”, avaliou.
Dentre os produtos que apresentaram retração em Belo Horizonte entre julho e agosto de 2023, nove bens dos 13 apresentaram queda no preço médio. Além dos já citados, a manteiga (3,03%), o café em pó (2,99%), o tomate (2,96%), a carne bovina de primeira (0,95%) e o açúcar cristal (0,57%). Aqui, Fernando Duarte chama atenção para a carne. “A queda foi pequena, mas a carne tem um peso importante na cesta por considerarmos seis quilos por mês na pesquisa. Assim, ela caindo, acaba contribuindo para o não aumento da cesta básica”, avalia.
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Na avaliação da pesquisa, outros quatro tiveram os preços elevados: banana (14,91%), arroz agulhinha (2,38%), óleo de soja (2,17%) e pão francês (0,74%).
Acumulado de 12 meses
Em relação aos últimos 12 meses, o supervisor do Dieese destaca que foram registradas elevações em sete dos 13 produtos avaliados: tomate (94,52%), banana (17,89%), batata (12,50%), arroz agulhinha (9,74%), pão francês (7,39%), manteiga (3,42%) e açúcar cristal (3,25%), em Belo Horizonte. “Produtos como o tomate, a banana e a batata são itens de maior peso e contribuem para o aumento do custo mensal da cesta quando registram alta”, pontua.
Outros seis produtos, no acumulado de 12 meses, tiveram redução no preço médio: óleo de soja (30,81%), feijão carioquinha (24,83%), leite integral (23,59%), carne bovina de primeira (9,57%), café em pó (6,44%) e farinha de trigo (5,57%). “Como a cesta possui apenas um litro de óleo, a alta dele não interfere tanto no preço final como outros produtos”, explica.
Queda é tendência
Em Belo Horizonte, o economista ressalta que a cesta apresentou retração pelo quarto mês consecutivo e que é uma tendência este ano. “Na verdade, Belo Horizonte só registrou alta em dois meses em 2023: janeiro em relação a dezembro e abril em relação a março”, pontuou. Ele informa que no acumulado dos oito meses do ano, a queda foi de 10,66% e nos últimos 12 meses, de 7,22%.
E os motivos são variados. Ele explica que, como a demanda interna não está aquecida, o consumo e consequentemente os preços caem. A queda do dólar é outro fator apresentado. “Com o dólar a menos de R$ 5 já é possível perceber uma queda no custo de produção, como os fertilizantes comprados em moeda estrageira”, exemplifica.
Outro fator que ele atribui o registro de queda consecutivo é a ausência de instabilidade climática que, normalmente, faz um produto encarecer. Entretanto, pondera: “por estar em queda, não quer dizer que ela está barata. A cesta básica no Brasil ainda demanda muito tempo de trabalho para ser adquirida”, avalia.
Cesta básica x salário mínimo
Os dados comprovam a observação do analista do Dieese. No mês de agosto de 2023, o trabalhador de Belo Horizonte remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.320,00, e que cumpriu jornada de trabalho de 44 horas semanais, precisou trabalhar durante 107 horas e 40 minutos para adquirir uma cesta básica.
Em julho de 2023, o tempo de trabalho necessário foi de 108 horas e 48 minutos e, em agosto de 2022, 115 horas e 50 minutos. Considerando o salário mínimo líquido, em agosto de 2023, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o trabalhador precisou comprometer 52,91% da remuneração para adquirir os produtos de uma cesta básica.
“É importante lembrar que os dados são suficientes para alimentar um adulto durante um mês. Se considerarmos uma família, os custos são ainda maiores”, avalia Fernando Duarte.
Em julho de 2023, o percentual havia sido de 53,46%. Já em agosto de 2022, o trabalhador comprometia 56,93% da renda líquida. “É a primeira vez no ano que o trabalhador consegue com o salário mínimo, sem desconto, comprar duas cestas no mês”, finaliza Duarte.
Com relação ao futuro, ele acredita que é difícil determinar uma tendência, já que existe uma série de fatores combinados que podem interferir no preço da cesta básica. “Não temos um cenário de estabilidade no setor de alimentos, ele é muito instável. Mas, ao observar os oito meses, o que podemos é avaliar são os números. Para a cesta ficar maior do que a do ano de 2022, ela precisaria ter uma alta muito grande, o que eu acredito ser difícil acontecer, apesar do histórico do fim do ano em que os preços podem aumentar em função das festas”, ponderou.

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